Resenha: Carrie Soto está de volta - Taylor Jenkins Reid - Queria Estar Lendo

Resenha: Carrie Soto está de volta - Taylor Jenkins Reid

Publicado em 24 de nov. de 2022

Resenha: Carrie Soto está de volta - Taylor Jenkins Reid

Fazia um tempo que eu não lia nada da Taylor Jenkins Reid. Aí apareceu Carrie Soto está de volta, e eu solicitei em cortesia da Editora Paralela. Mais um do universo de famosos que a TJR criou, dessa vez explorando a vida da polêmica tenista.

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A história começa nos apresentando Carrie Soto, enquanto assiste uma partida de tênis da estrela do momento: Nicki Chan. Carrie e o pai estão conversando sobre a carreira dela, e sobre a ameaça de Nicki em conquistar o recorde que pertencia à Carrie.

Aposentada depois de uma cirurgia no joelho, Carrie está com 37 anos e uma ânsia por garantir o seu recorde. E é por isso que ela decide voltar para quatro competições; para provar que ainda é a maior tenista que já existiu.

Carrie Soto está de volta não me atraiu muito, a princípio, porque eu nem me lembrava dessa personagem no universo da TJR, e não gosto de esportes. Mas a saudade de ler alguma coisa da autora bateu, e eu pensei: ah, não custa nada tentar, né? E acabei me surpreendendo bastante com a história.

A trama gira em torno, primeiramente, em nos apresentar quem é Carrie Soto. De onde ela veio, por que essa paixão e obsessão pelo tênis surgiu em sua vida. Sua relação com o pai, Javier - um grande nome do esporte lá na Argentina - é um dos pontos centrais e, ouso dizer, o mais importante do livro todo.

Foi Javier quem criou Carrie para o esporte. Depois de perceber que a filha tinha inclinação ao tênis, Javier passou de incentivador a treinador. A obsessão veio, primeiramente, do pai; mas passou tão fácil para a filha que é certo dizer que Carrie Soto estava sim destinada a ser uma grande estrela do esporte.

Resenha: Carrie Soto está de volta - Taylor Jenkins Reid

TJR tem uma mão para escrever personagens imperfeitos, e eu admiro muito ela por isso. Muita gente detesta a Daisy Jones porque ela é uma pessoa difícil (ignorando que, dentro da sua história, é uma personalidade totalmente verossímil e real), e Carrie Soto não é diferente.

É aqui que eu preciso fazer uma crítica, porque, como eu disse, a TJR tem essa mão para personagens complicados. Mas pesou demais a mão quando foi escrever essa protagonista. Eu digo isso porque, até a metade do livro, estava animada com tudo que a Carrie oferecia pra história.

No passado que conhecemos, ela se estabeleceu como essa figura ranzinza, sem sorrisos para dar ao público, sem simpatia para suas adversárias; ela queria os recordes, as vitórias, os troféus, e era isso. Carrie nunca se curvou ao que a mídia esperava dela, e é maravilhoso como a Taylor Jenkins Reid tece essa personalidade e o julgamento que vem de fora por causa disso.

"Porque nós somos vencedores. Não vire uma pessoa rancorosa, Carrie. Não deixe que ninguém determine como você se sente."

Para a mídia, Carrie deveria ser gentil, deveria ser simpática, deveria ser arrumadinha e adorável. E ela não é. É um modo bastante escrachado e bem-vindo de mostrar como as mulheres são tratadas como objeto, independente de onde estejam; no cinema, nas ruas, numa quadra de tênis. Em nenhum momento os comentaristas comentam sobre a falta de tato de um colega homem da Carrie, mas, para ela, é sempre a palavra "vaca".

Carrie Soto está de volta segue num ritmo bom quando nos leva aos anos 90, quando ela decide voltar a jogar. Já com 37 anos, o que é um ponto de vista interessante e muito bem trabalhado pela autora, mais uma vez. Agora, temos uma veterena. Com problemas no joelho, no corpo; a idade cobra seu preço, e Carrie sabe que não está em forma para enfrentar as adversárias jovens.

Mas não desiste. Se fortifica. E por isso é tão impressionante acompanhar sua jornada.

O que nos leva de volta ao problema que eu ia comentar: a personalidade dela. Eu sou do time "deixe seu personagem ser o quanto babaca quiser, contanto que funcione na história" e, para Carrie, parou de funcionar. A pirraça dela mais parecia de uma adolescente do que de uma mulher com quase 40 anos, e muita experiência de vida.

Resenha: Carrie Soto está de volta - Taylor Jenkins Reid

Ela passou a tratar esse retorno como uma obsessão, e até certo ponto os surtos e indignações dela eram compreensíveis. Mas o modo como ela via suas adversárias como grandes inimigas patéticas, que não chegavam à sua sombra, me irritou com o passar do tempo. Ela prometia a si mesma uma coisa, e agia como uma adolescente birrenta em seguida. Ela cometia um erro, e a culpa era dela e do mundo todo. O pai tentava colocar um pouco de juízo na sua cabeça, e era o apocalipse.

Carrie Soto está de volta, mas precisava mesmo era estar na terapia.

E, como eu disse, é um vai-e-volta. Eu não senti evolução alguma na protagonista, em todo o livro - talvez só nas páginas finais. Acontece uma coisa que vira seu mundo de cabeça para baixo, e daí a Carrie decide virar gente. Olha... Uma cavalona de 37 anos fazendo pirraça igual adolescente eu não sou obrigada a aguentar não, viu?

Ignorando isso, o livro ainda assim conseguiu ser muito bom. Não é nenhum Os Sete Maridos de Evelyn Hugo da vida, mas traz seu drama, desenvolve seus coadjuvantes, apresenta competições interessantes que me fisgaram. Em resumo, é um bom título da TJR.

Vivemos em um mundo onde mulheres excepcionais precisam perder tempo esperando homens medíocres.

Sobre os coadjuvantes, eu gostei demais do Javier, e queria ter visto mais da Nicki Chan. Como treinador, Javier é excelente; e dá para ver que, no passado, ele era muito mais isso do que um pai, e talvez tenha contribuído para a personalidade pirracenta da filha. Mas, atualmente, ele está muito mais "aproveite a vida e o que ela tem a oferecer" e "aproveite o jogo porque você o ama" e sinceramente? 

Que baita personagem. Que evolução notável em seus diálogos e postura durante a trama.

Nicki Chan poderia ter oferecido mais pra história, mas ainda é legal como ela permanece nesse enigma de adversária. Outro coadjuvante que ganha destaque no decorrer do livro é o Bowe. Que oferece mais crescimento, mais uma vez, do que a protagonista dessa história. Ele é o jogador mais velho que também voltou para competir; um antigo amante da Carrie com quem as coisas terminaram abruptamente.

Eu não esperava nada da Bowe, e acabei gostando muito do que foi o seu plot. Consistente, com uma nítida evolução de postura e personagem. A TJR gastou tanto tempo com ele e com o Javier que acabou esquecendo que era a Carrie quem precisava parar de ser uma criança chorona.

A edição da Paralela ficou bem bonita, com uma ótima tradução de Alexandre Boide. Essa capa acabou não caindo na maldição de capas feias da Taylor Jenkins Reid, apesar da tipografia nela não me agradar muito.

Em resumo, Carrie Soto está de volta é um bom livro da autora. Oferece drama, tensão e críticas sobre o mundo do esporte. É marcado por diálogos rápidos e passagens marcantes e, apesar da sua protagonista complicada, é um que emociona para jornada.

Sinopse: A tenista Carrie Soto se aposentou no auge, com a tranquilidade de ter atingido um recorde imbatível: foram vinte títulos Grand Slam conquistados ao longo de sua carreira. Mas apenas cinco anos depois de seu retiro das quadras, ela assiste Nicki Chan igualar sua marca, trazendo a sensação de que seu legado está comprometido. Disposta a chegar aos seus limites, Carrie tem o apoio de seu pai, Javier, ex-tenista que a treina desde os dois anos de idade. Ele parece ter seus próprios motivos para incentivar a filha nesta última temporada que promete desafiar ambos num jogo que exige tanto física quanto mentalmente. Em uma inesquecível história sobre segundas chances e determinação, Taylor Jenkins Reid nos cativa com uma protagonista forte como sempre e um romance emocionante como poucos.

Titulo original: Carrie Soto is back
Autora: Taylor Jenkins Reid
Editora: Paralela
Tradução: Alexandre Boide
Gênero: Ficção | Drama
Nota: 3,5
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