Resenha: Christine - Stephen King - Queria Estar Lendo

Resenha: Christine - Stephen King

Publicado em 5 de nov. de 2022

Resenha: Christine - Stephen King

Escolhido para o mês do Halloween, Christine é um clássico do Stephen King. A história de um garoto obcecado por um carro, e desse mesmo carro que parece obcecado em caçar quem quer que entre em seu caminho.

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A história é dividida em três partes, acompanhando dois personagens principais. Um deles é Dennis e o outro é Arnie. Dennis é o melhor amigo de Arnie desde que eram crianças; enquanto Dennis está no time da escola, e tem relativa tranquilidade no ambiente escolar, Arnie é o nerd que serve de saco de pancadas para os bullies do lugar.

Em uma tarde tranquila, os dois acabam se deparando com um carro velho na frente de uma casa. Mais uma carcaça do que um carro, realmente, mas Arnie se apaixona perdidamente. Aquela é Christine, um Plymouth Fury 1958 vermelho e branco que, mesmo detonado, rouba o coração do garoto. Seu dono, um homem estranho chamado LeBay, aceita vendê-lo para Arnie. E morre alguns dias depois.

A partir desse momento, quando Christine entra na vida de Arnie, de Dennis e de todos ao seu redor, alguma coisa terrível parece estar começando. E essa coisa terrível tem a ver com o carro.

Resenha: Christine - Stephen King

Eu conhecia Christine porque muito se fala do clássico sobre um carro furioso e assassino de Stephen King. Mas essa é a primeira vez que realmente li a história, e gostei de quase tudo que encontrei ali. O livro tem aquele peso narrativo dos títulos mais antigos do King, e isso inclui palavras grosseiras com minorias e muita gordofobia.

Sim, eu sei, livros não precisam ser morais, nem seus personagens. Mas é fato que o Stephen King costumava abusar na gordofobia quando escrevia suas histórias. Não é do personagem, é da narrativa mesmo. E é escroto. Os livros mais atuais escapam disso, o que significa que ele melhorou.

Com exceção desse fato, outra coisa que não me agradou tanto foi a quantidade de descrições. E aqui não tem muito o que fazer, porque é intrínseco do autor. Ou seus livros são enxutos, ou são calhamaços que descrevem com precisão uma gota de água escorrendo do retrovisor do carro. Em alguns momentos, eram muito bem-vindas para a atmosfera, especialmente em cenas de terror. Em outros, era só enfadonho. Mas isso é problema meu com o King, então não é algo prejudicial da história.

Christine tem uma trama bem fluída, apesar disso. Do começo ao fim, Stephen King trabalha muito bem a incerteza, construindo a tensão de que tem alguma coisa muito errada com aquele carro. De pouco em pouco, ele nos revela o que realmente está acontecendo. É só quando uma coisa horrível acontece com Christine que a caçada começa. E, rapaz, como é vingativa essa lata-velha.

Os limpadores de para-brisa começam a funcionar de repente, e isso é estranho, porque não há ninguém atrás do volante, o carro está vazio.

O modo como a história desenvolve os pontos de vista funciona muito bem. Conhecemos Dennis, esse amigo fiel e divertido, e Arnie, o garoto retraído buscando alguma coisa que possa alavancá-lo desse fosso em que vive enfiado. Christine surge num momento frágil, e abraça a fragilidade do Arnie para se tornar a droga dele. Ele passa a depender de Christine, e isso se entrelaça ao que é, realmente, esse carro; por que ele está vivo? O que existe dentro dele que busca tanta violência? Como parar um automóvel maligno que quer matar quem entra em seu caminho?

Resenha: Christine - Stephen King

Além dos dois, outros personagens se destacam na história. Os pais de Arnie, rígidos e ultra sufocantes (a mãe mais do que o pai, mas, ainda assim, os dois) acabam confrontando o pior do filho, uma vez influenciado por essa entidade automobilística assassina. Os pais de Dennis, por outro lado, são queridos e estão ali para os melhores e piores momentos da família.

Tem também a Leigh, garota esperta e carismática por quem Arnie se apaixona. A participação dela na história acaba sendo uma coisa de interesse amoroso preocupado; queria ter visto um pouquinho mais dela ativamente lutando contra esse mal. Porque Leigh, mais do que ninguém, se torna um alvo de Christine.

- Não acredito em maldições, sabe? Muito menos em fantasmas ou qualquer coisa precisamente sobrenatural. Mas acredito que as emoções e eventos tenham uma certa ressonância prolongada. Talvez as emoções possam até ser transmitidas sob dadas circunstâncias, caso essas circunstâncias sejam suficientemente peculiares.

Do começo ao fim, Christine é uma leitura aterrorizante, por lidar com um mal tão inesperado, e surpreendente, com um final excelente (que o King não costuma entregar, convenhamos). Tem até um gancho para um possível "será?" no fim que eu particularmente amei. Para quem busca uma história macabra e sanguinolenta, essa com certeza é a leitura perfeita.

Sinopse: Arnie Cunnigham era só mais um adolescente cheio de espinhas, magrelo e desajeitado. Isso até Christine entrar em sua vida. Foi amor à primeira vista. Desde então, o mundo ganhou cores e passou a fazer sentido. Tudo o que ele queria era ficar perto de Christine. Mas não espere um novo Romeu e Julieta, afinal, estamos falando de Stephen King. Christine é um carro. Um Plymouth Fury de 1958. Uma força sobrenatural que se apodera de Arnie e o transforma, deixando um rastro de sangue por onde passa.

Titulo original: Christine
Autor: Stephen King
Tradução: Louisa Ibañez
Editora: Suma
Gênero: Terror
Nota: 4
SKOOB


3 comentários:

  1. Oi Denise! Eu ainda não conferi esta obra do autor, mas está na lista. Ele de fato gosta de longas descrições e também divagações, mas já me acostumei com isso na escrita dele. Faz tempo que não leio um King mais sangrento.

    Bjos!! Cida
    Moonlight Books

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  2. Anônimo15.1.24

    Acabei de assisti o filme. No livro tem alguma explicação do por que o carro é assim?

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