O maior plot twist de 2022 aconteceu. Eu li Reino das Bruxas: Irmandade Sombria e amei. Hoje, a resenha é pra falar um pouco sobre essa fantasia sombria com vibes de romance paranormal que a Kerri Maniscalco lançou, e que foi publicada aqui pela Editora Darkside.
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A história se passa na Sicília, e acompanha a rotina de uma bruxa chamada Emilia. Ela vem de uma família de bruxas, e mantém suas identidades em segredo pelo perigo de revelá-las. Há caçadores por aí, e a magia é mal vista pela sociedade. Para Emilia e sua irmã gêmea, Vittoria, sempre foi assim.
Quando um terrível acontecimento tira sua irmã de sua vida, Emilia decide investigar e, acima de tudo, buscar vingança de quem quer que tenha roubado a vida de Vittoria. Sua irmã não foi a primeira a morrer; outras bruxas jovens sofreram o mesmo destino terrível. Mas, sem conhecer do mundo e da magia, ela acaba por cometer um grande erro; num feitiço para entender mais sobre o que a irmã andava fazendo, Emilia invoca um demônio.
E não é qualquer demônio, mas um dos Perversos. Um dos príncipes do Inferno. Ira está preso à sua figura nesse plano, e acaba por se tornar uma pedra em seu sapato, e também a sua única chance de entender o que está caçando as bruxas.
Reino das Bruxas: Irmandade Sombria é o primeiro volume dessa nova trilogia. A Kerri Maniscalco também escreveu Rastros de Sangue, a quadrilogia protagonizada por Audrey Rose que é uma queridinha da Bibs - e da qual eu não gostei tanto. Por isso, qual foi a minha surpresa ao abrir esse livro e simplesmente DEVORAR todas as páginas dele.
Reino das Bruxas é um grande lixo radioativo. E é maravilhoso por isso! Ele abraça todos os clichês mais toscos de romances paranormais que existem, dá umas reviravoltas em como vai apresentá-los, e entrega essa obra que não te faz gastar um neurônio durante toda a leitura.
Eu estou completamente rendida pela história da Emilia e do Ira. Como comentei com as meninas em surtos de áudios, a sensação desse livro é a mesma que Os Senhores do Submundo me passou; tem aquele apelo sensual do paranormal, e também tem um mistério gostosinho de acompanhar. É um mistério tosco de tão fácil de decifrar? Sim. Mas é legal mesmo assim.
O desenvolvimento da história é todo movido pela Emilia, que tropeça em decisões e situações de moral questionável, mas é movida pelo amor à irmã e a vingança que cresce em seu coração. Eu gostei bastante de como a autora abraçou aos poucos a escuridão da personagem; como quebrou suas emoções devagarzinho, transformando a garota ingênua e cuidadosa em um furacão de brusquidão e raiva.
Humanos tinham essa mania engraçada de culpar o diabo por coisas das quais não gostavam.
É uma mocinha genérica que ganha um caminho inusitado em sua jornada. Uma bruxa buscando retribuição, uma irmã sem sua metade, uma filha com medo das consequências de suas escolhas. E uma garota sozinha nessa trilha sombria.
Reino das Bruxas também faz o melhor possível com o clichê do moreno sarcástico & poderoso. O príncipe Ira é um desgraçado que sabe o quanto é charmoso. A partir do momento em que ele aparece, e toda a sua participação na história, é puro suco de deboche e de "eu sei que sou fodão". Eu estava com saudade de ler um otário desses, porque a Kerri Maniscalco constrói ele de um jeito muito cativante!
Eu gostei de como o Ira é um vilão e não se desfaz dessa pose pelo bem da narrativa. A autora nunca apaga o fato de estarmos lidando com um príncipe infernal. Isso não significa que ele é um lixo radioativo, longe disso. Ira deixa bem claro que é cruel e terrível, mas só com aqueles que entram em seu caminho. Com Emilia, o que ele constrói é uma aliança improvável recheada de atração.
Reino das Bruxas: Irmandade Sombria tem uma história motivada por vingança e poder. Emilia quer retribuição, Ira quer conquista. Uma vez unidos por essa invocação inesperada, eles acabam percebendo que trabalhar juntos pode ser mutuamente benéfico.
O aborrecimento dele se uniu ao meu em profano matrimônio.
E nasce um ship! O enemies to lovers é forte, o hate to love também. Emilia e Ira não se suportam, e agem como um casal de velhos a maior parte do tempo. Minha dinâmica favorita! Também tem aquela atração crescente entre eles, porque o Ira é um grande gostoso e a Emilia sente aquele chamado da escuridão que ele oferece; mas de maneira relutante, porque ela cresceu ouvindo histórias sobre o perigo de mexer com os Perversos.
Kerri Maniscalco criou um desgraçado apaixonante e ela sabe disso. Toda cena com o Ira me causava aquela sensaçãozinha de "ai que vontade de arrastar a cara num muro de chapisco e depois beijar!". Honestamente, gente, que saudade.
Fazia tempo que eu não lia uma história simples, lixosa e perfeita. Reino das Bruxas: Irmandade Sombria veio com dois pés na porta e me surpreendeu durante toda a leitura. Não porque é genial ou revolucionário, mas porque é nostálgico. Me lembrou Irmandade da Adaga Sombria, Os Senhores do Submundo; essa coisa do romance paranormal de entregar muito calor entre o casal, a promessa de um pouco de ação e aventura, e uma trama cativante.
"Uma adaga no coração dói, bruxa, mas vai ser preciso muito mais que isso para destruir um príncipe do inferno."
O romance é o ponto principal, mas ele também é slow burn. Esse primeiro volume de Reino das Bruxas mostra o potencial dos dois juntos, mas deixa claro que estão em lados opostos do tabuleiro. É muito sobre olhares, sobre o desejo, a proximidade, a vontade de beijar e socar em seguida. Emilia e Ira são o puro suco do caos, e eu os amo mais que tudo por causa disso.
A investigação toma boa parte da história, e ela tem seus escorregões por decisões tapadas da Emilia. Movida por essa ânsia de vingança, Emilia acaba cometendo muitos erros burros; mas que combinam com ela, no fim das contas. Acabei gostando de como ela era uma toupeira. Não acho que uma personagem muito inteligente funcionária aqui, até porque esse é um mundo de sombras e terror, mas com uma construção de universo bem fraquinha.
De novo, gente, eu estou elogiando. Eu não queria uma história complexa. Eu não queria ter que pensar em tramas e reviravoltas e políticas. Reino das Bruxas é simples, mas tem carisma. É um mundo fácil de entender, com espaço para debater sobre o preconceito contra o diferente; o jeito como as bruxas são tratadas pela sociedade é bem explorado, e constrói um clima de tensão para mover a protagonista.
Tudo que ela faz, e pensa em fazer, pode reverberar em quem ama. E Emilia é passional. Ela quer fazer as coisas darem certo, mas raramente pensa em alguma estratégia antes disso. Por esse motivo, se enfia nas situações absurdas. E aprende com elas! Até o fim, era uma personagem bem diferente da que conhecemos no início.
Ao seu redor, coadjuvantes aparecem para oferecer um pouco mais à trama. Sua nonna, principalmente, foi uma personagem que eu gostei muito. Ela é misteriosa, uma bruxa mais velha que conhece mais dos terrores do mundo. Claudia, amiga de Emilia, me pegou de surpresa por uma reviravolta lá pro fim da história; tô curiosa pra saber para onde o seu plot vai depois daquilo.
O final, aliás, me instigou muito a ler o resto. É um gancho interessante, e uma decisão surpreendente por parte da protagonista. Eu achei que a autora ia caminhar por outro lado, mas fiquei curiosa pra ver Reino das Bruxas explorando o potencial sombrio da sua personagem principal. Mais do que tudo, eu espero ver o casal movendo a trama. Já abracei que essa série é uma romantasia sombria, e é tudo que me importa.
A classificação indicativa desse fica nos +15, mas a série passou a ser considerada "adulta" a partir do segundo livro.
A edição da Darkside segue o padrão de sempre. O livro tá lindo por dentro, por fora, todos os lados. Gostei da adaptação da capa, da diagramação confortável e da qualidade dos detalhes dentro dela. A tradução tá boa, mas algumas frases pareciam meio fora de lugar. Pode ter sido problema de revisão, talvez. Nada que atrapalhe, só me fazia parar e pensar e ficar ?tá?
Reino das Bruxas: Irmandade Mística foi uma grata surpresa. É uma promessa de romantasia sombria que só precisa se prender a isso, e abraçar todo o potencial disso. Não quero política, não quero guerra, não quero pensar; eu quero esse lixo maravilhoso seguindo o lixo maravilhoso que é.
Titulo original: Kindgom of the Wicked
Autora: Kerri Maniscalco
Editora: Darkside
Autora: Kerri Maniscalco
Editora: Darkside
eu adorei o livro, sabe quando os outros dois livros irão ser traduzidos para portugues (Brasil)?
ResponderExcluirOi! Não faço ideia, infelizmente. A Darkside geralmente publica sequências de ano em ano. Como a série tá completa lá fora, talvez o segundo saia por aqui na época das bruxas em 2023. Vamos ficar de olho!
ExcluirOie eu achei muito interessante o livro fiz uma pesquisa sobre ele e vi em alguns lugares que entre o decorrer do livro havia imagens nele gostaria de saber sei isso é verdade?
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