Resenha: O último sorriso na cidade partida - Luke Arnold - Queria Estar Lendo

Resenha: O último sorriso na cidade partida - Luke Arnold

Publicado em 23 de dez. de 2022

Resenha: O último sorriso na cidade partida - Luke Arnold

O último sorriso na cidade partida é o primeiro volume da série de Luke Arnold. Lançado aqui pela Editora Trama - que cedeu este exemplar em cortesia - é uma fantasia urbana carismática, com um clima noir e uma investigação sombria numa cidade mágica cuja magia está morta.

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Fetch Phillips é um investigador particular. Ele também é um humano em Sunder City - cidade mágica que costumava ser o centro de desenvolvimento, mas que foi apagada com o fim da magia. Nesse mundo, criaturas fantásticas existem em todos os cantos, e principalmente nessa cidade. Porém, com o Coda - como foi chamado o evento que drenou toda a magia do mundo - elas passaram a ser comuns, com características mágicas.

Lobisomens permaneceram com metade da mutação; vampiros ainda precisam de sangue, mas não se recuperam mais com ele, e estão se transformando em pó lentamente; elfos envelheceram todos os anos que viveram. É uma catástrofe da qual não há volta, porque a magia se foi e a vida segue.

Quando Fetch recebe um novo caso, deveria ser só mais uma investigação. Um professor vampiro desapareceu e alguém quer encontrá-lo. Mas, quanto mais investiga, mais o humano descobre que tem mais nessa história do que contaram; reviravoltas, revelações e um esquema de conspiração que pode se mostrar mais catastrófico do que ele esperava.

Resenha: O último sorriso na cidade partida - Luke Arnold

O último sorriso na cidade partida é um livro excelente. Do começo ao fim, tem um ritmo lento, mas fácil de acompanhar. Segue seu protagonista e seus relatos depressivos e bem humorados (de maneira depreciativa) enquanto ele vaga pelas ruas de Sunder City em busca do vampiro.

Fetch é um personagem principal interessante justamente por ser um anti-herói. Ele nunca clama ser um bom homem; a bem verdade, passa a maior parte do tempo relembrando a gente de como é um babaca. Mas não a ponto de se tornar um vilão. Ele tem uma bússola moral, mas ela se inclina para o egoísmo. E por isso eu gostei tanto dele!

O que um necromante poderia fazer quando os mortos pararam de responder seu chamado?

É um protagonista complexo, marcado por escolhas horrendas que fez no passado. Marcado pela mesquinhez e pela necessidade de atenção (antes) e pela solidão e pela amargura (agora). Fetch é uma excelente voz para narrar O último sorriso na cidade partida, porque ele é um eco do que é essa história: sombra, solidão, raiva, ressentimento.

O clima noir delineia as páginas, assim como o peso forte da fantasia urbana. É um equilíbrio ótimo, porque tem a familiaridade da magia se misturando à realidade, e também tem a sensação de que estamos acompanhando um thriller investigativo em um período passado, com chaminés, cigarrilhas e casacos longos.

Ao redor de Fetch, personagens que aparecem tem muito a oferecer para o desenvolvimento do mundo e da investigação - para entendermos mais sobre o que Sunder City se tornou. Os relatos de Fetch nos relembram da glória que era essa cidade, de quando a magia reinava soberana, e as raças mágicas podiam existir em sua totalidade.

A magia foi roubada das criaturas do mundo. De todos nós. E assim permanece até hoje.

O presente é macabro e ressentido. Algumas criaturas escolheram o crime, outras, as sombras; outras estão tentando recomeçar, como é o caso do dono do restaurante que Fetch costuma visitar. É uma ótica interessante sobre uma catástrofe. Tem aqueles que seguem em frente, tem os que sentem raiva, os que sentem luto, e por aí vai.

O último sorriso na cidade partida explora muito essa questão da culpa do seu protagonista, e do tormento que o mundo se tornou.

Resenha: O último sorriso na cidade partida - Luke Arnold

A fantasia é crua porque a parte mágica dela não existe mais. O urbano é nítido porque é ele que comanda a trama. Enquanto Fetch investiga, a cidade se move ao seu redor.

Eu gostei bastante da questão com o desaparecimento, e os rumos que esse mistério tomou. Pensei em muitas possibilidades, mas a resposta acabou me pegando de surpresa - positivamente. É agridoce, e funciona com o que tinha sido apresentado até então. A própria jornada do Fetch reflete isso. Não é uma história sobre mocinhos, afinal. Mas sobre os monstros que restaram quando tudo acabou.

A edição da Trama ficou muito bonita. Gostei do acabamento na parte de trás da capa, os detalhes da diagramação e a tradução de Giu Alonso.

O último sorriso na cidade partida é uma fantasia urbana criativa e única. O final é amargo, mas realista com o que foi apresentado até então; e deixa um gancho interessante para o que deve vir na sequência. Se você gosta desse tipo de livro, vale muito a pena conferir.

Sinopse: Fetch Phillips carrega nas costas uma imensa culpa, maior do que muita gente pode acreditar. Estando no fundo do poço, como último recurso ele aceita investigar o desaparecimento de um professor vampiro em uma escola das redondezas. É isso ou a morte. A tentação de se atirar pela janela de seu escritório está ficando cada vez mais difícil de resistir. Enquanto isso, Sunder City está devastada. Nesta cidade distópica, enfrentando a aridez do pós-guerra e a falta de magia, as criaturas imortais vão desaparecendo e dando lugar a grotescas formas inacabadas, retorcidas: a sociedade, a indústria, a política e a cultura se corrompem, as raças mágicas caem... e os humanos têm uma nítida ascensão. O que fazer para que a magia volte? As esquinas sombrias de Sunder escondem todo tipo de segredos, e Fetch, um sujeito inescrupuloso, irônico e nada confiável, está prestes a encontrar um problema que talvez seja grande demais.

Titulo original: The last smile in Sunder City
Autor: Luke Arnold
Tradução: Giu Alonso
Editora: Trama
Gênero: Fantasia urbana
Nota: 5
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