Lançamento da Editora Seguinte - que cedeu este exemplar em cortesia -, Fumaça Branca é o novo livro da Tiffany D. Jackson. Autora de Monday's not coming, aqui ela entrega um terror psicológico com crítica social e uma narrativa que torna impossível parar de ler.
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A trama acompanha Mari. Ela, a mãe, o irmão, o padrasto e a irmã postiça se mudam para uma cidadezinha no interior dos Estados Unidos. A cidade, Cedarville, é carregada por uma história misteriosa; especialmente o bairro e a rua em que eles vão morar. Uma empresa está querendo reformar e arrumar aquele lugar, e a família de Mari é a primeira desse programa que visa trazer novas famílias para o bairro.
O problema é que a casa em que eles se mudam é estranha. Não apenas pela solidão da rua, mas também por carregar uma energia esquisita. Com o passar dos dias, coisas bizarras e macabras começam a acontecer; durante a madrugada, Mari escuta passos, coisas são tiradas do lugar, outras somem, seu quarto parece muito mais frio do que deveria.
Alguma coisa vive naquela casa, e não os quer ali. Alguma coisa que parece se aproximar da sua irmãzinha postiça, com quem Mari não tem uma relação tão boa; alguma coisa que está determinada a atormentá-los e tornar da sua vida um grande inferno.
Fumaça Branca é um terror psicológico que mistura muito bem as críticas sociais e a vivência racial da sua protagonista - e de personagens ao seu redor - no elemento terror. A casa assombrada é tão terrível quanto a sensação de que tem alguma coisa bem errada com as pessoas brancas que estão querendo reformar aquele bairro.
Com um ritmo ora lento e tenso, ora frenético e desesperador, Tiffany D. Jackson conta uma ótima história assustadora.
Sua protagonista, Mari, está vivendo muito em pouco tempo. A mudança para essa nova cidade tem a ver com um incidente terrível em que ela se envolveu, quando estava usando drogas. Agora, limpa, ela promete a si mesma que a mudança vai fazer bem. Mas os horrores da casa parecem dizer o contrário.
Eu gostei de como ela não hesitava em agir quando se tratava da sua família. Mas me irritei com a quantidade de tempo que levou pra extrair um pensamento racional dessa garota; muita coisa estava bem na cara, e ela demorava páginas e mais páginas de nada para finalmente chegar a algum lugar.
As casas de Maple Street parecem mais bizarras do que nunca. Talvez porque não sei quem mais pode estar à espreita nas sombras.
Seu irmão, Sam, merecia o protagonismo. Muito pró-ativo e inteligente. Eu adorei a relação dos dois, que tem as picuinhas e provocações, mas é muito de companheirismo e um protegendo o outro. Sam é um garoto esperto e divertido e um coadjuvante com quem a gente se importa logo nas primeiras cenas.
Diferente da peste que foi a Piper. E sim, era a intenção do livro, te deixar com os nervos à flor da pele porque aquela pirralha tinha tudo na palma da mão e usava a manipulação e a pirraça para conseguir o que faltava. Sua conexão com a casa é muito misteriosa, e é um dos pontos centrais do motivo pelo qual Fumaça Branca foi tão bom.
O livro desperta todo tipo de emoção durante a leitura. Não apenas o medo, mas raiva, desespero, frustração, alegria, confusão. É uma história bem contada, porque seguimos essa montanha-russa de incerteza sobre o que está acontecendo.
Só dá para saber que tem alguma coisa muito errada com aquela casa. Mas o quê?
Fumaça Branca também faz muito bem em apresentar a família como um ponto-chave da história. Mari, os irmãos, sua mãe e padrasto são muito unidos. Mas tem aqueles momentos de diferença e de falta de conexão. Afinal de contas, é um relacionamento recente. E a mudança de cidade foi abrupta não apenas pelo projeto, mas pelo incidente com a Mari.
Você já acordou na cama e sentiu que tinha alguém... ali?
Em relação à trama, a graça de Fumaça Branca está justamente em chegar sem saber o que esperar. Tem uma espécie de conspiração correndo pela cidade. Tem a questão com a casa assombrada. Tem o mistério do por que esse lugar parece cada vez mais bizarro. E também tem as discussões sociais e raciais que permeiam toda essa trama principal, e que aparecem como críticas afiadas. É interessante que você só saiba disso, porque todo o resto aparece como uma surpresa.
A cidade é pitoresca, com aquele clima de interiorzão que guarda seus segredos a sete chaves. Mari começa a entender isso quando se aproxima de dois colegas de escola - Yusef e Erika. Yusef, aliás, foi muito querido e maravilhoso e contribuiu com um clima mais leve e amigável para os momentos tensos da trama.
Como a boa medrosa que sou, o nível de terror desse livro foi médio pra cima. Teve algumas cenas em que eu não conseguia nem respirar, tamanho medo. Quanto mais a autora explorava a questão do enigma macabro na casa, mais a casa parecia determinada em aterrorizar sua moradora mais curiosa. E a gente, em consequência.
Por que eu deveria acreditar em alguém se não acreditaram em mim quando, lá atrás, eu disse que havia algo errado?
Se tem um defeito no livro (além da Mari ser uma toupeira) é que em certo momento, a trama parece se arrastar demais. Ali pro meio da história, parece que se estende mais do que deveria, se apoiando na teimosia e burrice da sua protagonista para não avançar mais rápido.
A edição da Seguinte tá muito bonita. Eu nunca vou cansar de elogiar a arte dessa capa - feita por Amanda Miranda -, que ficou linda e sombria e passa o clima do que é a história. A tradução de Solaine Chioro também, impecável.
Fumaça Branca é uma história única sobre o terror do desconhecido em um lugar que deveria ser seu porto seguro. A história de uma casa e dos segredos que ela guarda assombrando uma família.
Sinopse: Mari não vê a hora de recomeçar. Prestes a se mudar com a família para uma cidadezinha no interior dos Estados Unidos, tudo o que a garota quer é esquecer dos traumas e acreditar que o futuro lhe reserva algo melhor. Porém, assim que chega a Cedarville, Mari nota que o lugar é um pouco estranho. Os vizinhos aparentam esconder algum segredo, e a casa onde a família vai morar ― uma construção antiga, enorme e suntuosa ― parece não receber bem os novos habitantes. Quando coisas incomuns começam a acontecer, como luzes que se apagam do nada e objetos que desaparecem, Mari se vê envolvida em uma perigosa teia de mistérios. Mas talvez seja tudo fruto da sua imaginação. Afinal, se o pior já ficou para trás, nada mais pode dar errado… Ou pode?
Titulo original: White Smoke
Autora: Tiffany D. Jackson
Tradução: Solaine Chioro
Editora: Seguinte
Gênero: Terror psicológico | YA
Nota: 4
SKOOB
Autora: Tiffany D. Jackson
Tradução: Solaine Chioro
Editora: Seguinte
Gênero: Terror psicológico | YA
Nota: 4
SKOOB
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