Controle remoto: Pearl - Queria Estar Lendo

Controle remoto: Pearl

Publicado em 6 de mar. de 2023

Controle remoto: Pearl

Lançado recentemente nos cinemas brasileiros, a segunda parte dessa trilogia trash iniciada em X - A Marca da Morte é impecável em tudo. Pearl consegue ser um sucessor excelente e ainda elevar muito o nível estabelecido pelo primeiro filme, que foi criativo e divertido, mas não tão inovador. Pearl é. E muito.

Apesar de sequencial, Pearl é, na verdade, um prequel. Se passa em 1918, na mesma fazenda do primeiro filme, para nos mostrar a história daquela misteriosa e sinistra velhinha que conhecemos em X. Jovem e ingênua, Pearl vive isolada do mundo, controlada pela vontade de ferro de uma mãe severa que a obriga a cuidar do pai, em estado vegetativo depois de alguma doença, e da fazenda.

Pearl, no entanto, quer mais para si mesma. Ela quer ser uma estrela. Sabe que tem talento para dança, e espera a oportunidade perfeita para isso. Mas ela ama a família (à sua maneira deturpada e perturbadora) e não quer deixá-los na mão.

Quando a oportunidade para mostrar seu talento artístico surge, Pearl não pensa duas vezes em agarrá-lo. E vai fazer de tudo em seu caminho para que não haja mais nada atrapalhando a sua jornada rumo ao estrelato.

A parte mais inusitada desse filme é o quanto ele te surpreende mesmo já sabendo o destino da protagonista. Ainda que conheçamos a Pearl lá no futuro, aqui ela é uma estranha. E o filme se utiliza muito bem dessa "apresentação" para construir o clima.

Pearl é um filme tenso, do começo ao fim. Ele sustenta o terror psicológico através da incerteza. Sua protagonista é instável, mas a que ponto? Conhecemos o lado ingênuo dela, ao mesmo tempo em que as perversões começam a dar as caras.

Sabe aquele tipo de personagem simpática e perturbadora? É a Pearl. Mia Goth dá um tom tão enérgico e cheio de vida para sua personagem que é impossível não adorá-la, ao mesmo tempo em que seus olhares sinistros, sorrisos carregados em perversidade, e atos horrendos nos coloquem contra a parede pensando "eita, porra!".

Controle remoto: Pearl

Ela tá um espetáculo. É injusto (assim como foi injusto com a Lupita em Us) que a Mia Goth não tenha recebido indicações aos maiores prêmios da indústria. Porque a menina entrega, viu? Entrega horrores. Aquele sorriso macabro na última cena do filme, por si só, já valia uma indicação ao Oscar.

Eu gostei muito do contraste entre esses dois lados da personagem. A ingenuidade da garota presa à fazenda em busca de uma grande aventura, e a vilã de situações que crescem em absurdo e maldade.

Pearl é um filme muito colorido, muito cheio de luz construído em cima de uma fotografia impecável. Muito semelhante ao que O Mágico de Oz nos remete, quando pensamos em "interior dos Estados Unidos, fazenda isolada, mundo cheio de oportunidades mágicas"; só que daí o terror começa e nos arranca dessa beleza.

O gore aparece com muito sangue, tripas, membros decepados e o que mais você estiver esperando de uma história assim. Quando começa, o diretor Ty West não economiza nos litros de sangue e mutilações.

Pearl é um excelente terror trash. Ainda melhor do que o seu antecessor, digo com tranquilidade. Onde X - A Marca da Morte se escorou no conhecido, aqui vemos uma história inovadora usando os melhores clichês do gênero. Definitivamente um novo favorito.


Um comentário:

  1. Um absurdo a neta da atriz maria gladys não ter sido indicada nesse oscar. Ela foi uma das melhores interpretações que assisti no ano passado.
    https://www.balaiodebabados.com.br/

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