Resenha: Persépolis - Marjane Satrapi - Queria Estar Lendo

Resenha: Persépolis - Marjane Satrapi

Publicado em 29 de mar. de 2023

Resenha: Persépolis - Marjane Satrapi

Lá do meu projeto 12 países em 12, tivemos Persépolis, da autora Marjane Satrapi. Uma coletânea que reúne os quatro volumes desse quadrinho retratando sua vida no Irã durante a revolução e a guerra, sobre sua infância e adolescência e vida adulta.

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Persépolis é um espetáculo de autobiografia, e a maneira com que Marjane conta sua história, apesar dos períodos sombrios e pesados que viveu, é leve e descontraída. Afiadíssima, porque seu humor é do tipo debochado, extremamente petulante e irreverente. E por isso uma leitura tão querida.

Conhecer mais da cultura além do mainstream era uma das minhas metas nesse projeto, e Persépolis muito fez sobre isso; não apenas retratando períodos históricos ou discutindo, através da vida de Marjane, as situações que o Irã e o povo iraniano vivia, mas também pelos intrincados detalhes no crescimento dela.

Sua rebeldia crescente, sua voz, suas pequenas revoluções. Marjane é uma figura imponente pela realidade com que fala sobre seus melhores traços, e também seus piores traços.

Persépolis é uma história real, então impacta por isso. A revolução que o Irã viveu, e então as inúmeras guerras que se seguiram; a intervenção estrangeira e a maneira com que o ocidente tratou sua cultura, seu povo e sua vivência; o que Marjane encontra quando sai do Irã, fugindo da guerra, para viver na Áustria por alguns anos. É tudo muito cru e visceral, mas igualmente equilibrado com a leveza da personagem.

Não que Marjane seja leve. Como eu disse, ela tem uma personalidade forte e tem ciência disso. Ela não tem medo - pelo menos na maioria das situações - de erguer a voz contra a opressão, a injustiça e os absurdos aos quais é relegada. Marjane vive o movimento punk e as rebeldias da adolescência à flor da pele, ainda mais motivada pela crescente de conservadorismo que varre seu país.

Resenha: Persépolis - Marjane Satrapi

Esse quadrinho fala muito sobre política, com as inúmeras leituras que Marjane faz em seu crescimento, motivada pelos pais que, ansiosos para ver a filha crescer e se libertar, apoiavam e davam liberdade onde ela precisava.

Liberdade é outro dos pontos muito discutidos, e se entrelaça com a vida de uma mulher no regime opressor que cobriu o Irã depois da revolução. As ideologias misóginas que caçavam e puniam mulheres com coisas simples como mostrar o cabelo em público, usar roupas consideradas "inadequadas" pois atraíam o olhar masculino, usar maquiagem, fazer as unhas em muito são criticadas e avacalhadas pela protagonista; ver essas pequenas liberdades que eram tão simples antes da revolução ideológica e religiosa se perderem marca em muito a garotinha, e então a adolescente, e então a mulher.

É um ponto importante para analisar, inclusive. O quanto coisas simples na liberdade do cotidiano podem ser arrancadas da vida das pessoas com um ato de poder opressor.

Ao mesmo tempo em que revolta e perturba, Persépolis também emociona. A fé de Marjane é uma coisa única e diferente, questionadora, e é interessante porque a acompanha a vida toda, mesmo nos momentos mais sombrios. Sua ligação com a família, o quanto o pai, a mãe e a avó são importantes para ela, mesmo quando brigam e discutem, é outro ponto muito gentil e querido.

Resenha: Persépolis - Marjane Satrapi

Eu nunca vou conseguir falar o suficiente sobre como esse quadrinho é uma leitura obrigatória para todo mundo, então só fica aqui o meu incentivo para você procurar por ele.

Persépolis se dá através das vivências de Marjane, que vão acompanhando seu amadurecimento, os perrengues que enfrenta, as conquistas que alcança. É uma história sensível, que fala sobre o amor familiar, sobre amizade e companheirismo; uma história forte que fala sobre rebeldia e resistência; uma história real sobre uma mulher real, uma artista, e suas pequenas e grandes revoluções.

Sinopse: Marjane Satrapi tinha apenas dez anos quando se viu obrigada a usar o véu islâmico, numa sala de aula só de meninas. Nascida numa família moderna e politizada, em 1979 ela assistiu ao início da revolução que lançou o Irã nas trevas do regime xiita - apenas mais um capítulo nos muitos séculos de opressão do povo persa. Vinte e cinco anos depois, com os olhos da menina que foi e a consciência política à flor da pele da adulta em que se transformou, Marjane emocionou leitores de todo o mundo com essa autobiografia em quadrinhos, que só na França vendeu mais de 400 mil exemplares. Em Persépolis, o pop encontra o épico, o oriente toca o ocidente, o humor se infiltra no drama - e o Irã parece muito mais próximo do que poderíamos suspeitar.

Título original: Persepolis
Autora: Marjane Satrapi
Editora: Quadrinhos na Cia
Tradução: Paulo Werneck
Gênero: HQ
Nota: 5+


2 comentários:

  1. Meu deus meu sonho de consumo é essa hq mas o valor numa baixa. Que triste ser pobre
    https://www.balaiodebabados.com.br/

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    1. Amiga mas ela tá sempre barata! Eu comprei por 30, na amazon hoje tá 35. Tu não confundiu com outra não? KKKKKKK

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