Resenha: Gearbreakers: Matadores de Robôs - Zoe Hana Mikuta - Queria Estar Lendo

Resenha: Gearbreakers: Matadores de Robôs - Zoe Hana Mikuta

Publicado em 8 de mai. de 2023

Resenha: Gearbreakers - Matadores de Robôs - Zoe Hana Mikuta

Gearbreakers - Matadores de Robôs é um lançamento da Editora Melhoramentos que chegou por aqui em cortesia. A história acompanha os dois lados de uma guerra entre rebeldes e robôs gigantes que convergem num mesmo interesse: destruir a capital que os governa.

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Godolia controla o mundo como se conhece. Depois de incontáveis guerras, ela se ergueu vitoriosa com a ajuda dos seus Deuses: robôs gigantes indestrutíveis. Eles servem a Godolia, controlados por pilotos treinados de maneira rígida e controlada. Sona é uma dessas pilotos; mas ela não serve a Godolia. Ela quer ver essa cidade cair.

Do outro lado da história, temos Eris. Ela é a líder de uma equipe de Gearbreakers, que vive nas Terras Baldias e tem uma função principal: destruir todos os mechas em seu caminho. O problema começa quando Eris é capturada numa dessas batalhas, e levada até a cidade para ser interrogada. Lá, o caminho dela cruza com o de Sona, e o interesse em comum delas as levam a fazer um acordo.

Piloto e rebelde com uma única missão: ver Godolia queimar.

A premissa de Gearbreakers - Matadores de Robôs é muito interessante. Mas a execução deixou a desejar.

Assim como aconteceu com Viúva de Ferro, eu fui com muita sede ao pote e acabei me desidratando. Porque, aqui, o livro acaba escorregando em questões que me fizeram questionar tudo a respeito da trama e da narrativa. E, infelizmente, não foi uma boa leitura para mim por causa disso.

Geabreakers - Matadores de Robôs tem alguns pontos positivos, e vou começar falando deles. Ele tem um ritmo bom e bem desenvolvido, que não combina muito com o quanto o universo e a história são uma bagunça; e tem protagonistas ótimas.

Sona e Eris são legais. Uma é racional e cuidadosa, tendo crescido a inimiga dentro dos muros da cidade, escondida em sua própria identidade. A outra é o puro caos - como já diz seu nome, em homenagem à deus da discórdia - e extroversão. O que faz com que elas funcionem em conjunto. Uma equilibra a outra, os diálogos são fluídos, elas são genuinamente divertidas.

O romance, no entanto, não me ganhou. E você tem que errar muito a mão pra eu não ficar apaixonada por um romance sáfico, viu? Apesar de elas funcionarem muito bem como conjunto, não senti química romântica entre as duas. Talvez por ter apressado demais as interações, não sei. Mas não desenvolveu de um jeito que causasse aquele sentimento de paixão se desenrolando em amor, sabe?

Cicatrizes têm memórias e não muito mais do que isso. Salve o soldado, elimine seus defeitos e faça dele um Deus.

Gearbreakers também infelizmente escorrega demais em todo o resto. Além das protagonistas, nenhum outro personagem funcionou comigo. Eles pareciam mais arquétipos do que personagens de fato; um era o nerd, o outro era o comediante, o outro era o ranzinza. Sabe? E aí, na equipe, eles só funcionavam pra isso. Não tinha um diálogo legal que não soasse forçado. Não tinha uma interação que parecesse natural. 

Meu maior problema, no entanto, nem foi esse. Foi o universo, que não faz o menor sentido.

Tem muita coisa na história que fica sem resposta, e a autora só diz que aconteceu e foi isso, sem aprofundar ou desenvolver para funcionar. Por exemplo, por que Godolia se tornou essa potência. O que é esse universo? É o futuro do nosso planeta, depois de incontáveis guerras? É uma realidade parecida com a nossa? Se é o nosso mundo, como foi que todas as religiões que existem convergiram em uma só, que é a que comanda Godolia e cultua os deuses de metal? COMO o CRISTIANISMO e a fé grega se tornaram uma coisa só?

Porque o livro faz referências a muitos nomes e palavras da nossa cultura (deuses gregos, entidades nórdicas, criaturas da Bíblia, a expressão "como diabos?") mas não especifica se isso veio do passado ou se existe nessa realidade porque ela é um mundo parecido com o nosso, mas desenvolvido de outra maneira.

Resenha: Gearbreakers: Matadores de Robôs - Zoe Hana Mikuta

O que eu acho que não faria sentido porque não tem como uma única nação ser vitoriosa e transformar todas as religiões do mundo num amálgama de uma crença só. Mas enfim, se ela explicasse, eu acreditaria. E ela não faz isso em momento algum.

Não apenas isso, mas toda a questão com os robôs gigantes é muito estranha. Godolia os criou, são os Deuses que comandam sua cidade e a protegem das ameaças externas (que a gente nunca vê, apesar de o livro dizer que Godolia está em guerra com outras nações).

Tá. A ideia é de que estamos lidando com DEUSES; mechas tão gigantescos que destroem cidades, divididos em categorias para cada tipo de situação bélica (os tanques, os flancos, a artilharia, os espectros, etc). E você vem me dizer que meia dúzia de adolescentes tem poder suficiente pra derrubar vários deles? Que com uma caminhonete e um plano eles são capazes de derrotar os mechas?

Insatisfeitos apenas com a terra, agora também desejam roubar o céu.

Não sei como Godolia ainda controla o mundo com os Gearbreakers por ali! (sarcasmo).

Eu também não entendi por que Godolia trata as Terras Baldias como sucata para destroçar a torto e a direito quando as cidades têm utilidade. Pega, por exemplo, uma cidade de mineradores. Eles fornecem coisas para a capital, certo? É tipo o Distrito 12, de Jogos Vorazes. Por que Godolia mandaria EXTERMINAR toda a população do lugar por um atraso de entrega de material? Qual a utilidade de causar um massacre para uma cidade que está produzindo recursos para a capital?

Parece que a autora criou as personagens principais e uma ideia de romance e depois percebeu que "opa, eu preciso de um universo pra acontecer". Só que o universo não fez o menor sentido. É para ser uma espécie de distopia, mas não raspa o tacho do que uma distopia com plots políticos deveria raspar. Porque a autora não está fazendo uma coisa Estilhaça-me, focando na protagonista. Não, ela quer discutir política e injustiça. Mas aí o universo não faz sentido, então todas as discussões são a troco de nada.

Tem um motivo para o gênero de robôs gigantes co-existir com o de monstros gigantes. Quando você vai escrever uma história dessas, precisa de ameaças que funcionem. "Para derrotar monstros, criamos os nossos próprios monstros" já diria o maior de todos, Pacific Rim.

Aqui, os robôs são tão frágeis que eu passei o livro todo me perguntando por que infernos os Gearbreakers não bolam logo um plano de se infiltrar na cidade. É mais fácil destruir Deuses de dentro pra fora, não? Então entra logo lá e congela eles. Vocês fazem isso muito bem do lado de fora.

O livro diz que Godolia é uma grande ameaça, mas nunca mostra isso realmente.

Tem também a questão de que até o fim, não parece que o livro tem um plot. Sim, a Sona e a Eris querem destruir Godolia. Mas sabe quando a história não está caminhando para isso acontecer? Elas não têm um plano, uma ideia, um caminho a seguir. Até uma parte do fim, o livro só está acontecendo, e é um tédio.

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E pelo amor de deus e de tudo que há de mais sagrado no universo, não seja o livro que PULA A CENA DE AÇÃO PRA UMA RESOLUÇÃO. Tem uma grande batalha no fim, e ela se resolve com uma quebra de cena. Eu juro. A frustração que bateu em mim não tem tamanho.

As cenas de ação são outra bagunça que eu preciso criticar, porque meu deus não dá para entender nada. Parece que a autora tentou romantizar e florear o que estava acontecendo, e aí você lê dois mechas batalhando e não entende o que está acontecendo. Elas não fazem sentido. E deixam de fazer ainda mais sentido quando os humanos entram na parada, porque metricamente, essas batalhas são bizarras.

Você tem mechas gigantes, robôs do tamanho de prédios, que pisam em pessoas, podem destruir cidades, etc. E uma adolescente com luvas congelantes consegue derrubá-los? Que tipo de tecnologia é essa que a capital criou, de titãs que podem ser tombados por uns fios? Por QUE Godolia é tão poderosa se é tão frágil?

Eu estava esperando uma coisa "vamos usar os Deuses deles contra eles", que faria muito sentido, porque você tem uma piloto rebelde ali. Mas não. O livro acha que colocar uma caminhonete perseguindo um robô e adolescentes derrubando ele com tiros de rifle faz mais sentido.

A edição da Melhoramentos tá muito bonita, com exceção da diagramação e do tamanho da fonte que achei um pouco apertada/pequena demais. Ficou desconfortável para ler; de resto, gostei muito do livro, da revisão e tradução.

Enfim, Gearbreakers acabou me frustrando. Eu esperava um favorito, porque você não pode errar quando tem sáficas e robôs gigantes, e acabei batendo a cara na parede da expectativa. A ideia do livro é muito legal, sim, mas a execução deixou tanto a desejar que foi muito pouco o que eu consegui salvar dessa leitura.

Sinopse: Fazendo uso de gigantes armas mecânicas conhecidas como Windups, o governo tirânico de Godolia lança seus tentáculos por todo o território que o cerca, levando guerra e opressão ao cotidiano das Terras Baldias, lar de pessoas como Eris Shindanai. A garota é uma Gearbreaker, uma jovem rebelde impetuosa especializada em derrubar Windups e conhecida pela alcunha de Geada. Quando uma de suas missões dá errado e ela acaba em uma prisão em Godolia, Eris conhece Sona Steelcrest, uma piloto de Windup aprimorada tecnologicamente para ser uma arma de destruição. A princípio, Eris vê Sona como sua inimiga mortal e um alvo a ser eliminado, mas, com o passar do tempo, descobre que Sona guarda um segredo: ela se infiltrou intencionalmente no Programa de Windups com o objetivo de destruir Godolia a partir de dentro. E Eris terá a oportunidade de entender os motivos por trás dos planos de vingança de Sona. À medida que sua missão mais mortal se aproxima – um ataque direto que pode acabar com o reinado de Godolia de uma vez por todas –, o relacionamento entre Eris e Sona também se estreita, como parceiras, amigas, e talvez algo mais…

Título original: Gearbreakers
Editora: Melhoramentos
Autora: Ana Beatriz Omuro
Gênero: Ficção científica
Nota: 2,5


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