Resenha: Jogos Vorazes - Suzanne Collins - Queria Estar Lendo

Resenha: Jogos Vorazes - Suzanne Collins

Publicado em 4 de dez. de 2023

Resenha: Jogos Vorazes - Suzanne Collins

Essa é uma resenha que tá atrasada faz mais de dez anos. Eu li Jogos Vorazes na época em que o trailer do primeiro filme foi anunciado, devorei a trilogia, e acabei nunca lendo de novo. Depois de uma maratona dos filmes, fiquei com saudade e resolvi reler - e foi uma experiência tão maravilhosa quanto eu já esperava.

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Katniss Everdeen vive no Distrito 12, o mais miserável e solitário entre os doze distritos que restaram em Panem. Comandados pela Capital com punhos de aço, os distritos devem entregar um tributo feminino e um masculino para os Jogos Vorazes todos os anos. Essa competição foi criada como um circo para a Capital, e uma grande punição aos distritos por um levante que aconteceu 74 anos atrás.

Quando sua irmã caçula, contra todas as probabilidades, é sorteada para os jogos, Katniss se voluntaria em seu lugar. O que significa que, agora, vai ter que competir contra outros 23 tributos para sobreviver e voltar para casa.

Jogos Vorazes é um fenômeno. Com as adaptações, se tornou uma das séries juvenis mais adoradas e comentadas da minha geração. Eu fui uma adolescente apaixonada pela história, assisti todos os filmes no cinema, chorei e vibrei e sofri por cada personagem. E, agora, resolvi voltar para esse universo.

Eu não me lembrava de como a narrativa da Suzanne Collins é tão fluída. Peguei para reler em um momento em que nenhuma outra leitura estava fluindo, não importando o quanto eu estivesse gostando dela. E a leitura de Jogos Vorazes foi tão rápida que terminei em menos de um dia; simplesmente devorei o livro.

Resenha: Jogos Vorazes - Suzanne Collins

É impressionante como as adaptações dessa trilogia foram fieis até o talo, mesmo com as mudanças que aparecem no filme. A essência da história dessa garota corajosa e teimosa que substitui a irmãzinha em um jogo assassino e acaba começando um levante ainda está lá.

Eu não gostava da Katniss nos livros. Sempre achei ela muito quadradona no sentido de personalidade e desenvolvimento, e não sentia poder na voz dela como senti nos filmes. Mesmo na releitura, eu continuei não gostando tanto dela. Mas simpatizei um pouco mais.

Ela é sim uma porta em relação ao carisma e bom senso, não tem tanta empatia e coração quanto colocaram nas adaptações, e é muito mais brutal. Mas é um reflexo bem forte do que foi a sua vida, e acho que entendo melhor isso agora. Entendo a brusquidão, a frieza, a falta de emoção.

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Ao contrário do Peeta, que é um personagem muito mais divertido do que eu me lembrava. Ele tem uma aura de deboche afiado que funciona tão bem contra o carisma de pedra da Katniss, então todas as discussões e diálogos entre eles fluem que é uma beleza.

Jogos Vorazes é um livro brutal em todos os sentidos. Até mesmo em momentos chatos, como é o caso do romance.

Passei tanto tempo me obrigando a não subestimar meus oponentes que acabei esquecendo que é igualmente perigoso superestimá-los.

Eu não gostava do romance na primeira vez que li, e gostei ainda menos agora. Outra coisa que acho que os filmes fizeram melhor, talvez por contar com olhares e expressões e o fato de não estarem presos dentro da cabeça da Katniss. O romance, na adaptação, funciona. Eu não acho que tira o foco dos jogos e das críticas políticas e sociais, acho que funciona melhor do que no original.

O espetáculo que é acompanhar os amantes desafortunados que são Katniss e Peeta, aqui no livro, é um saco. E quando entra o triângulo amoroso, então, eu tinha vontade de arrancar os olhos. Nenhum pensamento da Katniss em relação a amor é coerente. Nem mesmo a sua confusão quanto a estar realmente sentindo alguma coisa.

A Suzanne Collins foi obrigada a colocar romance nos livros e nunca vão tirar isso da minha cabeça, porque mesmo em questão de crítica, mesmo sendo o "pão e circo" dentro do pão e circo que já é o espetáculo dos Jogos, é fraco e não convence.

"É vantajoso para a Capital nos deixar divididos."

Acho que um grande problema que eu tinha, e ainda tenho, com Jogos Vorazes, é o ponto de vista em primeira pessoa. Sim, eu entendo o artifício, a gente está preso à cabeça de uma pessoa alheia e vivendo uma revolução através e com ela, mas não acho que serve tão bem. Eu queria muito não ter ficado presa à Katniss, e ter visto tudo que essa gama de personagens tinha a oferecer.

Gosto muito de como os coadjuvantes enriquecem a trama principal, com tensão e carisma e presença forte onde é necessário. Meus favoritos, disparados, são Haymitch e Rue.

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Haymitch oferece uma presença igualmente hilária e macabra, sendo mentor e único vitorioso vivo do Distrito 12. Ele carrega aquela aura de bêbado indignado que você sabe que tem muito mais por trás da bebedeira. Quando está fazendo seu papel de mentor, é um mestre na arte da manipulação - ajudando muito a Katniss, principalmente, e salvando o pescoço dela em inúmeras situações.

Você não esquece o rosto da pessoa que representou sua última esperança.

Rue, por outro lado, é a pureza em um ambiente violento. Ela é a Prim se tivesse vivido os jogos vorazes. Uma garotinha doce e esperta de 12 anos que, assim como todos os outros tributos, é uma criança jogada em uma arena para divertir e alienar quem assiste. Vivendo uma punição que só serve para oprimir.

E é a Rue, no meu coração, que começa a rebelião. Não a Katniss se voluntariando, não o romance impossível fingido para as telas. Mas a garotinha gentil que se une à protagonista em um momento inesperado, e que representa o que deveria ser protegido e é enviado para sacrifício.

Eu não sei se gosto muito da tradução do livro. Muita coisa pareceu esquisita (tipo o "garota quente" pra Katniss, que deveria ser a "garota em chamas" que aparece já no segundo livro) e umas adaptações truncadas que não funcionaram tão bem.

Jogos Vorazes é sim um clássico moderno. Uma história arrebatadora e desesperadora sobre crianças sendo usadas como peças de um governo opressor, e de como pequenos atos de rebelião podem inspirar uma grande revolução.

Sinopse: Ambientado num futuro sombrio, Jogos Vorazes é pioneiro de uma tendência que vem ganhando força no mercado de best-sellers juvenis: a dos romances distópicos e pós-apocalípticos. Primeiro volume de uma trilogia, o livro narra uma luta mortal encenada por crianças e transmitida ao vivo para todos os habitantes de uma nação construída sobre as ruínas de um lugar anteriormente conhecido como América do Norte. Com sua narrativa ágil e ousada, Jogos Vorazes foi traduzido para mais de 30 idiomas e vem atraindo leitores de diversas faixas etárias. Constituída por uma suntuosa Capital cercada de 12 distritos periféricos, a nação de Panem se ergueu após a destruição dos Estados Unidos. Como represália por um levante contra a Capital, a cada ano os distritos são forçados a enviar um menino e uma menina entre 12 e 18 anos para participar dos Jogos Vorazes. As regras são simples: os 24 tributos, como são chamados os jovens, são levados a uma gigantesca arena e devem lutar entre si até só restar um sobrevivente. O vitorioso, além da glória, leva grandes vantagens para o seu distrito. Quando Katniss Everdeen, de 16 anos, decide participar dos Jogos Vorazes para poupar a irmã mais nova, causando grande comoção no país, ela sabe que essa pode ser a sua sentença de morte. Mas a jovem usa toda a sua habilidade de caça e sobrevivência ao ar livre para se manter viva. As reviravoltas do jogo e as dificuldades enfrentadas pela protagonista levam os leitores a sofrer junto com ela, enquanto descobrem um pouco sobre seu passado e seu relacionamento com Peeta Mellark, o outro tributo enviado pelo Distrito 12 para lutar nos Jogos Vorazes.

Título original: The Hunger Games
Editora: Rocco
Autora: Suzanne Collins
Tradução: Alexandre D'Elia
Gênero: Distopia
Nota: 4


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