Resenha: Foundryside: Às Margens da Fundição - Robert Jackson Bennett

Foundryside: Às Margens da Fundição foi tudo o que eu esperava que fosse. O primeiro capítulo da trilogia de Robert Jackson Bennett é muito divertido, revolucionário e criativo ao extremo.

Se gostou desse livro, pode curtir:

• Mistborn, de Brandon Sanderson
• Um tom mais escuro de magia, de V.E. Schwab
• A Quinta Estação, de N.K. Jemisin
• A Roda do Tempo, de Robert Jordan

A história se passa em Tevanne, um mundo que funciona através da magia industrializada. Casas comerciais produzem conhecimento e objetos encantados por sigils, que dão personalidade e "vida" a essas coisas, tornando-as úteis em situações que não seriam. Portas que só abrem com uma senha falada, cintos gravitacionais que fazem as pessoas flutuarem, armas cujos projéteis acompanham os alvos.

Sancia não gosta muito do mundo em que vive. Ela teve um passado terrível, e vive nas ruas das Áreas Comuns tentando sobreviver todos os dias. Para sua sorte, tem uma habilidade que a ajuda a sobreviver: ela pode entender inscrições. Com um toque, pode encontrar sigils e saber o que está em seu caminho.

Quando é contratada para roubar um artefato, não imaginava que estaria se embrenhando em uma trama que poderia resultar no fim do mundo como o conhece.

Foundryside é um livro tão divertido! Se você gostou de Mistborn e Um tom mais escuro de magia, vai favoritar esse.

Robert Jackson Bennett conta uma história de trambiqueiros mágicos vindos de todos os cantos do mundo e se unindo com um objetivo em comum: salvar esse mundo. Uma pessoa está mexendo com poder além da compreensão humana, e basta um acontecimento para mudar o destino de todos.

Este lugar é antigo e cheio de fantasmas aprisionados.

Sancia e os outros personagens têm seus caminhos cruzados pelo grande acaso. E é uma grande aventura acompanhar esse grupo improvável unindo forças porque, mesmo em suas diferenças gritantes, eles percebem que "ei, não queremos que o mundo acabe e talvez possamos impedir isso".

A protagonista é extremamente cativante. Carregada de um humor azedo e de um instinto de sobrevivência que a coloca em posições de egoísmo e cuidado extremo, Sancia me conquistou por toda a sua postura. Ela é divertida, debochada e muito corajosa. Mas também não é tonta, e nem um pouco heroica. Ela só faz o que interessa a ela.

Ao seu redor, o leque de personagens que compõe esse grupo doido é bem diversificado. Tem um soldado sofrido com traumas de guerra, um "lorde" das casas comerciais que, ao se tornar alvo de outros poderosos, percebe que sua melhor aliança está com outros coitados, uma inscritora carismática e brilhante, e até mesmo uma chave falante.

Foundryside depende muito dos seus personagens, e por isso a trama é tão boa.

Gregor é o soldado traumatizado. Ele tem uma carga dramática bem grande, e um senso de honra maior ainda. Eu me apaixonei por ele porque é bem aquele herói ansioso pela revolução, disposto a todo tipo de sacrifício - inclusive o seu - para mudar o mundo para melhor.

Sancia gostava de roubar. Era boa nisso.

Orso é o nobre que acaba nessa confusão porque se meteu em outra confusão. Ele é divertido porque é extremo em tudo. Inteligente, dramático, cheio de privilégios. Sua relação com a Sancia é de picuinhas e bate-rebate que deixam os diálogos e interações com muita fluidez. E, com ele, vem a Berenice, sua ajudante. Ela é uma inscritora (consegue inscrever sigils e os estuda desde sempre) e é outra mente brilhante na história.

Ela é uma personagem bem comedida e um contraponto interessante ao extremo do seu chefe. E também tem o fato de ser o romancinho que está nascendo com a Sancia. Sáficas trambiqueiras!

Foundryside é um livro grande (mais de 600 páginas), mas você não vê a história passar. Tem uma fluidez na narrativa e no jeito com que as reviravoltas movem a história para novos rumos. O ato final é de te deixar roendo as unhas, porque tudo nele é muito bom. Quando termina, com um gancho pra lá de emocionante para a sequência, é naquela nota alta que aventuras muito boas têm a apresentar.

Todas as coisas fechadas querem se abrir.

Toda a questão social e política da história se relacionam com a trama revolucionária crescendo nos fundos da trama principal. Através da Sancia e do Gregor, principalmente, conhecemos mais das injustiças e dos horrores desse mundo de privilégios descarados e esquecimentos mortíferos.

A tradução de Aline Storto Pereira tá boa demais. Adaptações interessantes aos termos que os personagens usam nesse mundo de magia industrializada, e uma revisão e diagramação confortáveis para a leitura.

Acho que ele está alquebrado assim como eu. Só está tentando consertar o mundo porque é o único jeito que conhece de consertar a si mesmo.

Quando Foundryside: Às Margens da Fundição termina, te deixa na ansiedade por mais. É um excelente primeiro livro para o que promete ser uma série de fantasia extremamente criativa e cativante.

Sinopse: Sancia Grado é uma ladra, e é excelente no que faz. Assim, seu alvo mais recente, um armazém superprotegido no cais de Tevanne, não é nada que suas habilidades únicas não possam resolver. Porém, sem saber, Sancia foi enviada para roubar um artefato que tem um poder inimaginável, um objeto que poderia revolucionar a tecnologia mágica conhecida como “inscrição”. As casas comerciais que controlam tal magia – a arte de usar comandos codificados para dar vida a objetos cotidianos – já a utilizaram para transformar a cidade de Tevanne em uma enorme e impiedosa máquina capitalista, mas agora buscam liberar os segredos do artefato para atingir objetivos ainda maiores. Com a sua cabeça à prêmio e uma revolução em curso, Sancia terá de dominar o poder do artefato e se unir aos mais improváveis aliados, se quiser sobreviver. Será ela capaz de arcar com a própria transformação para impedir uma guerra secreta que poderá reescrever a própria realidade?

Título original: Foundryside

Editora: Morro Branco

Autor: Robert Jackson Bennett

Tradução: Aline Storto Pereira

Gênero: Fantasia

Nota: 5+

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