A Casa é o terceiro livro da série Blackwater, de Michael McDowell, da editora Arqueiro - que nos cedeu um exemplar para resenha. Um história de terror sobre família e legado, A Casa encerra um ciclo narrativo importante e prepara o terreno para os três últimos volumes da série com a maestria já esperada do autor.
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Nesse terceiro volume nove anos se passaram e Frances e Miriam são tão rivais quanto sua mãe e avó. Inocente e desesperada pelo amor da irmã e da avó, Frances não percebe que Miriam está sendo criada para replicar tudo que Mary-Love odeia. Assim, ganha da irmã apenas desprezo e palavras ríspidas.
Ao mesmo tempo, a recessão chega a Perdido, colocando os negócios das madeireiras em risco. A conselho de Elinor, Oscar segue se impondo a mãe, o que, unido a forma como a mulher trata Frances, acaba por descarrilhar a relação deles. Por fim, os Caskey finalmente decidem sair de férias, todos juntos. Mas na véspera da viagem, algo que vai mudar a trajetória das relações familiares acontece.
Em A Casa, o foco da história recai bastante sobre a casa de Oscar e Elinor. Mais especificamente, nos sentimentos de Frances em relação ao lugar e nas coisas estranhas que ela tem visto.
Sinto que esse volume trouxe um pouco mais do horror. Se O Dique foi 80% fofoca e 20% horror, A Casa equilibrou as duas coisas muito bem.
O repúdio de Oscar era especialmente doloroso por não ser público; portanto, ela não podia se fazer de mártir por conta da crueldade do filho.
Aqui, acompanhamos o crescimento de Frances e Miriam, que se tornam os "soldados" de Elinor e Mary-Love. As irmãs crescem em desunião e o desdém de Miriam por Frances fica muito claro, alimentado pelo ódio de Mary-Love por Elinor.
Também acompanhamos o início da vida adulta de Grace - que, como mencionei nos stories, tem aquele olhar amadeirado. A mudança de Grace para a faculdade e, mais tarde, para dar aula na Carolina do Norte marca o início do fim de um ciclo dentro da história. Trazendo ainda mais protagonismo para a próxima geração dos Caskey.
Além disso, A Casa traz um desfecho para a situação de Queenie - que, em minha opinião, até demorou. Achei que ia se resolver direto em O Dique, mas foi muito melhor do que eu esperava.
Um dia, vamos olhar pela janela da sala de jantar e o vento que ela plantou terá virado tempestade.
Da segunda metade para o fim também vemos o retorno de alguns personagens, como Sister, e alguns "fantasmas". Inclusive, preciso dizer que gosto muito da forma como o autor vai criando, desenvolvendo e expandindo a mitologia e as lendas dentro da história.
Coisas que os leitores veem acontecer em A Enchente e O Dique começam a se consolidar como lendas, uma vez que a nova geração vai crescendo. O que dá ainda mais corpo a todo o lance de saga familiar.
Também é em A Casa que o embate de anos de Mary-Love e Elinor encontra seu climax. Confesso que eu estava me divertindo demais com a Elinor frustrando os planos da sogra, mas acho que essa parte da história fechou muito bem.
Em dado momento, Grace ergueu o remo bem alto e o fez cair depressa sobre a cabeça de uma mocassim-d'água - não porque estivessem em perigo, mas porque ela acreditava que coisas perigosas, como homens que a pedissem em casamento, mereciam um golpe na cabeça.
De forma geral, eu gostei ainda mais de A Casa do que dos volumes anteriores. Gosto muito de como Michael McDowell só vai melhorando a história e mal posso esperar para ler A Guerra. Não sei o que vou fazer com a vida quando essa série acabar.
Por fim, A Casa é, em partes, uma conclusão. Mas como diz o ditado: todo fim é um começo. E estou ansiosa para ver o que vem pela frente, tanto para a geração mais velha dos Caskey como para o relacionamento frágil das crianças (que no fim já não são mais tão crianças assim).
Título original: The House
Autor: Michael McDowell
Tradução: Fabiano Morais
Editora: Arqueiro
Gênero: Horror | Ficção histórica | Gótico
Nota: 5
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