A Enchente é o primeiro de 6 livros da série Blackwater, de Michael McDowell. Publicado no Brasil pela editora Arqueiro (que nos cedeu o exemplar para resenha), nessa saga familiar de horror gótico, conhecemos os Caskey, que tentam assegurar sua fortuna após uma enchente e a chegada de uma misteriosa mulher que, aos poucos, se infiltra na família.
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Na primavera de 1919, a pequena cidade de Perdido, no Alabama, é tomada por uma enchente devastadora. Quatro dias após evacuarem o lugar, que agora está quase completamente submerso, Bray e Oscar Caskey estão remando pela inundação. Tentando avaliar os estragos. Até que encontram uma mulher sozinha, ilhada no único hotel da cidade.
Como bom cavalheiro, Oscar resgata a mulher. Mas Bray tem um mal pressentimento sobre tudo aquilo. Afinal de contas, como essa estranha sobreviveu quatro dias em uma cidade completamente inundada, sem comida ou água limpa?
Mas essas preocupações logo são deixadas de lado, porque Elinor, a misteriosa mulher, logo conquista a todos na cidade. Especialmente os Caskey, com exceção de Mary-Love, a matriarca da família.
Conforme o tempo passa e Elinor vai se infiltrando na família, mais Mary-Love desgosta da mulher.
E, para crédito de Mary-Love, Elinor tem mesmo muitos segredos. Alguns mais obscuros do que outros.
Enquanto a cidade se recupera da enchente e os Caskey tentam salvar sua madeireira e, por consequência, sua fortuna, coisas estranhas começam a acontecer. Seriam as superstições da cidade mais reais do que imaginaram?
A Enchente é um horror gótico e já demonstra isso nas primeiras páginas, com a tensão crescente que o autor cria ao colocar Oscar e Bray para remarem pela enchente.
A história também é uma saga familiar, acompanhando personagens de diferentes gerações da família Caskey, que é um dos tipos de histórias que eu mais gosto. Então fiquei bem empolgada quando peguei o livro.
Sobre as personagens de A Enchente
Não tenho muito para falar dos personagens. Particularmente, não me apeguei a nenhum deles. Mas gostei muito de como foram construídos, especialmente Mary-Love e Elinor.
Mary-Love é a típica matriarca, acostumada a ter tudo que quer e como quer. Controla não só seus filhos, Oscar e Sister, mas como seu cunhado, James. E tem uma presença muito respeitada em toda a cidade, considerando que os Caskey são uma das primeiras famílias de Perdido.
É por isso, inclusive, que ela não gosta de Elinor. Porque Elinor não se deixa dominar por ela e, além disso, ainda consegue fazer com que Oscar drible o controle que a mãe tem sobre ele.
Além disso, apesar de ninguém saber ao certo de onde veio e quem Elinor realmente é, ela não demora a conquistar as pessoas da cidade. Sejam crianças ou adultos, todos admiram e respeitam a professora que consegue remar pela confluência dos rios e fez nascer árvores em um jardim dado como morto pela enchente.
Ela também parece sentir prazer em medir forças com Mary-Love, embora seja muito mais paciente e bem planejada do que a mais velha.
O horror de A Enchente
Já na parte do horror, muito disso fica a parte dos segredos de Elinor. Assim como os moradores de Perdido, o leitor também fica sem saber ao certo quem - ou o que - ela é. Mas uma coisa é certa, muitas das estranhezas que acontecem desde a enchente, são causadas por ela.
Sou meio suspeita para falar, porque não sinto medo com livros de terror ou horror, mas A Enchente tem algumas cenas que podem ser perturbadoras, como a do capítulo A Estrada para Atmore. Embora, na minha opinião, nada vá superar a construção de tensão do primeiro capítulo, com Bray entrando no hotel.
É o tipo de cena que faz com que a gente se transporte para dentro das páginas e fique pensando "não, não pode acontecer isso agora, é só o começo!"
Minha única ressalva é que a história termina sem fim. E não é do tipo "final aberto", é sem fim mesmo. Uma vez que a série é, na verdade, um único livro. Então o livro acaba, mas sem dar um fim para a história. O que foi meio frustrante, porque eu estava esperando algo mais resoluto.
Mas tudo bem, porque a continuação está logo aí.
Mais sobre a série Blackwater
Originalmente, a série Blackwater foi publicada de forma serial. Ou seja, quando pegam uma história grande e a divivem em partes menores para caberem em revistas ou jornais. Sendo assim, ela conta com 6 volumes:
- A Enchente
- O Dique
- A Casa
- A Guerra
- A Fortuna
- A Chuva
Inclusive, por isso a sensação de que não tem fim. Inclusive, fiquei com uma sensação diferente da que tenho ao ler uma trilogia, por exemplo. Onde cada livro resolve suas questões, mas o pano de fundo se estende por 3 livros.
Porque quando A Enchente acabou, não fiquei com a sensação de "ok, resolvemos isso, agora vamos para o próximo livro". Até mesmo a sensação de indiferença que tenho com os personagens, acho que vem disso. Passei pouco tempo com eles.
Enfim, é uma sensação bem particular. Talvez vocês não se sintam assim lendo ele. O que eu recomendo muito. Além de uma edição muito bonita - a Arqueiro não economizou no foil - é o tipo de história que, se eu tivesse um (ou cinco) capítulos para ler pelo resto da vida, não ia reclamar.
Quero saber absolutamente tudo que acontece em Perdido.
Sinopse: Quando as águas do rio Blackwater inundam a cidadezinha de Perdido, no Alabama, a poderosa família Caskey luta para salvar sua fortuna em meio ao caos, liderada pela matriarca Mary-Love e seu filho Oscar. Eles só não contavam com a aparição de Elinor Dammert, uma mulher misteriosa que aos poucos se infiltra no seio dos Caskeys. Por trás de sua fachada encantadora, esconde-se algo perturbador, que mudará o destino deles para sempre...
Título original: The Flood - Blackwater 1
Autor: Michael McDowell
Tradução: Fabiano Morais
Editora: Arqueiro
Gênero: Horror gótico
Nota: 4
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