Ás de Espadas é um suspense e dark academia para o público jovem-adulto que a Plataforma21 publicou por aqui. A história de Faridah Ìbíké-Íyímídé usa tensão e investigações para trazer afiadas críticas sociais à sua trama.
Se você curte histórias assim, vem conhecer:
Chiamaka é uma das alunas prodígio de Niveus, uma escola particular de elite que costuma colocar seus alunos nas melhores universidades, além de garantir que eles sejam bem sucedidos em tudo que façam. Para Chiamaka, esse é o lugar perfeito para se provar e conquistar tudo que almeja.
Devon, que também é aluno da Niveus, se mantém à sombra dos colegas por escolha e também por não fazer parte dessa elite grandiosa. Ele estuda ali pelo esforço financeiro da mãe, que quer que ele tenha uma vida melhor, oportunidades melhores, o que o privilégio de uma escola como aquela pode garantir.
O último ano é carregado em tensão e expectativas, com preparativos para as sonhadas universidades, o Baile de Inverno e as provações adolescentes. O problema para eles? Alguém, intitulado Ases, parece querer fazer da vida dos dois um inferno. O único ponto que Chiamaka e Devon têm em comum é serem os únicos alunos negros de Niveus e, com o tempo e com o horror da perseguição dessa figura anônima, eles percebem que os ataques talvez sejam mais terríveis do que parecem.
Ás de Espadas é a mistura perfeita de Gossip Girl, Corra! e Eu sei que o vocês fizeram no verão passado. Tem aquele clima de história adolescente, mas traz críticas sociais importantes e tapas na cara muito bem-vindos; fala sobre racismo, homofobia, privilégio de classes e os problemas de degraus econômicos com maestria.
Com Chiamaka, a autora aborda muito do racismo velado e de como afeta o psicológico de garotas negras; além da misoginia descarada, Chiamaka também tem que lidar com o preconceito racial que, discreto no começo, e então descarado, é todo um plot de horror e perseguição.
Devon, por outro lado, está um degrau acima no quesito perseguição, porque ele é um aluno pobre e negro em uma escola cheia de privilégios brancos de elite. Enquanto Chiamaka lida com seus próprios demônios, com Devon, a autora fala bastante sobre diferenças sociais e o olhar de alguém com problemas econômicos. Como a vida dele é moldada pela falta de uma coisa que, para seus colegas, é trivial.
Ás de Espadas é certeiro em tudo que aborda, e incomoda porque foi feito para incomodar. Mostra as diferentes faces do racismo e da homofobia, e é importante ressaltar que pode ser gatilho pesado para quem considera esses dois temas sensíveis.
Eu gostei de como a autora equilibra a tensão, a falta de respostas e o crescente da narrativa com as perseguições e o terror que se instaura nos corredores da escola. Um lugar que antes era seguro se torna o palco de uma torrente de absurdos; e Chiamaka e Devon percebem que há muito poucos em quem podem confiar.
Isso nos deixa na tensão, também, porque mesmo personagens que parecem amigáveis e confiáveis não são aliados com certeza. O jeito como a narrativa mostra pequenas brechas de caráter acrescenta ainda mais desconfiança às personalidades dos coadjuvantes.
Ambos os protagonistas vivem pequenos romances no decorrer da trama, mas não são plots que roubem a atenção da narrativa; eles muito acrescentam porque nos ajudam a entender mais das partes vulneráveis dos nossos protagonistas. Chiamaka, que é forte e imbatível porque precisa ser; Devon, que é contido e quieto pelo medo do que o mundo pode oferecer se vier a conhecê-lo.
Com os romances, nós vemos mais da fragilidade dos dois. E, nossa, que maravilha acompanhar dois protagonistas tão bons! Meio ingênuos demais às vezes, mas dou o benefício da dúvida a eles porque estamos falando de dois adolescentes.
Os coadjuvantes são essenciais para a narrativa, cada um à sua maneira. Mas não vou falar neles porque a graça está justamente em descobrir cada um deles com o decorrer da história; e entender seus papéis nesse tabuleiro de terror.
A tradução do livro, de Jim Anotsu, está ótima, só não gostei muito da revisão. Deixou a desejar no quesito adaptação para o português, porque muitas frases soavam estranhas, com palavras em lugares esquisitos. Fora isso, a edição é linda, com diagramação confortável para leitura.
Se você gosta de suspense e de histórias que te deixam com vontade de arrancar os cabelos e mastigar as páginas para ter logo as respostas, Ás de Espadas é a leitura perfeita. Um thriller pesado, tristemente atual e que vai servir de soco no estômago para muita gente.
Sinopse: Quando Chiamaka e Devon, alunos da Academia Particular Niveus, são selecionados como parte da alta hierarquia escolar e passam a ser chefes de turma, parece um excelente começo de ano para os dois. Afinal, isso representa muito em seus currículos para entrar em boas universidades. Pouco tempo depois da importante nomeação, no entanto, alguém chamado “Ases” começa a enviar mensagens para todos os alunos da escola, revelando segredos dos dois jovens. São detalhes íntimos de suas vidas, ameaçando seus futuros planejados com tanto esforço. E o que parecia apenas uma brincadeira de mau gosto rapidamente transforma-se em um jogo perigoso e assustador. Com todas as cartas contra eles, Chiamaka e Devon serão capazes de parar Ases? Suspense intenso, Ás de espadas é uma contundente crítica social que escancara o racismo, a homofobia e o preconceito de classe ainda presentes na nossa sociedade, colocando Faridah Àbíké-Íyímídé entre as mais importantes vozes da atualidade.
Título original: Ace of Spades
Autora: Faridah Ìbíké-Íyímídé
Editora: Plataforma21
Tradução: Jim Anotsu
Gênero: Thriller | Dark academia
Nota: 5
Olá, Denise.
ResponderExcluirEu tinha me interessado por esse livro por conta do título e da capa que se destacam. Mas nem tinha lido a sinopse ainda e não sabia do que se tratava. Agora já quero ler. Porque além de abordar temas super relevantes, ainda tem a pegada do meu gênero favorito.
Prefácio
Eu comprei esse no bug da amazon e logo logo vai ser lido. Ele tem tudo pra ser um favorito.
ResponderExcluirBeijos
Balaio de Babados