Resenha: Pachinko - Min Jin Lee - Queria Estar Lendo

Resenha: Pachinko - Min Jin Lee

Publicado em 17 de mar. de 2022

Resenha: Pachinko - Min Jin Lee

Pachinko foi minha terceira leitura para o projeto 12 países em 12, e se mostrou tão impactante quanto esperava que fosse. O livro de Min Jin Lee é uma montanha-russa de emoções, e fica com você mesmo depois que acaba.

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A história acompanha gerações de uma família coreana, começando em uma pequena província e se expandindo, com o passar dos anos e dos acontecimentos históricos, até grandes cidades japonesas e até mesmo ao cenário estadunidense.

Sunja nasceu de uma família amorosa e dedicada; filha de Yangjin e Hoonie, perdeu o pai muito cedo, mas sempre o guardou no coração como uma figura dedicada e querida. Passou a trabalhar na hospedaria da mãe e, no início dos anos 1900, conhece um homem elegante e charmoso por quem se apaixona. Sua relação leva à uma gravidez inesperada para descobrir que esse homem por quem tinha se apaixonado é casado, na verdade.

Recusando-se a se tornar sua amante e ser comprada pelo dinheiro e pelos mimos dele, Sunja começa, a partir daí, uma jornada de sobrevivência, força e família, mostrando-se forte nos momentos mais terríveis, e colocando seus filhos acima de tudo.

Pachinko foi, como eu disse, uma montanha-russa emocional. Do começo ao fim, Min Jin Lee conta uma história sobre família. Sobre tradição, ancestralidade, sobre pertencimento e lar; fala sobre os infinitos significados de pátria, de amor e de força. Fala sobre sofrimento, sacrifício e dor.

- Quer ver um homem muito mau? Faça com que ele seja mais bem-sucedido do que poderia imaginar.

Sunja, sua personagem principal durante boa parte da trama, é uma mulher forte. Todas as provações pelo que ela passa mostram essa força; desde a mentira em sua juventude que a levou à uma gravidez não planejada, à solidão porque se viu enganada, a uma oportunidade de construir uma família com um jovem pastor que queria estar ao seu lado, e a tantas outras jornadas sem fim pelas quais ela vive.

Resenha: Pachinko - Min Jin Lee

Ela é, também, uma personagem frágil, com uma personalidade delicada, com uma criação para um mundo que não é o mesmo que a recebe quando passa a fazer parte dele. Sunja passa por separações, guerra, por expatriação; ela e sua família vivem os piores e os poucos melhores momentos que aparecem em seu caminho, sempre juntos. Quando separados, sempre pensando uns nos outros.

Sunja é tudo por seus filhos, por seu marido, por seus parentes e, principalmente, ainda que não pense assim, para si mesma. Que espetáculo de personagem feminina; quanta sensibilidade, quanto cuidado na sua construção e desenvolvimento.

Não apenas ela, mas todo o leque de personagens que aparecem no decorrer de Pachinko. Sunja é a peça principal porque, mesmo quando ainda estava para nascer, era a esperança dos pais. Depois, se tornou a própria voz da narrativa. Mesmo mais tarde, quando outros assumem o protagonismo, a presença da mãe, da avó, da mulher que ela é, permeia as páginas.

Resenha: Pachinko - Min Jin Lee

As gerações futuras e passadas falam muito de acordo com o período em que vivem, dos mais sofridos aos mais estáveis. Pachinko passa por todos os percalços que a Coreia viveu, desde a invasão japonesa aos reflexos disso durante a Segunda Guerra Mundial, e então muito além.

A história falhou conosco, mas não importa.

Acho que a beleza desse livro está justamente em saber que a história começa com Sunja, mas desconhecer quais caminhos ela vai seguir a partir daí. Tudo o que aconteceu no decorrer das tramas paralelas de Pachinko me surpreendeu, me emocionou e me deixou em choque. Tem momentos para te fazer sorrir, para te fazer chorar, para apertar seu coração e te deixar sem esperanças para, logo em seguida, mostrar que sim, ainda tem esperança sim.

O próprio nome do livro demora a aparecer e ter significado, mas, quando aparece, e quando começa a fazer parte da história, revela sua importância.

Min Jin Lee usa sua história de gerações para mostrar a realidade histórica da Coreia, e dos coreanos que viveram aquele período terrível, ao leitor. Muito do que está aqui não é estudado e nem mesmo mencionado quando estudamos a história do mundo, e é tão importante conhecer tudo pelo que outros países passaram quanto é importante conhecer do nosso (ainda que a gente não estude completamente nem sobre o nosso, convenhamos).

Resenha: Pachinko - Min Jin Lee

Tem muita cultura para conhecer, muitos costumes diferentes dos nossos que são importantes de aprender e de respeitar. Essa minha jornada por histórias que vieram de outros países que não EUA e Inglaterra importa principalmente por isso; pelo acervo cultural, histórico e pessoal que elas trazem sobre diferentes povos.

Para cada patriota lutando por uma Coreia livre, ou para cada coreano desgraçado lutando em nome do Japão, havia dez mil compatriotas no país e em outros lugares que estavam apenas tentando colocar um prato de comida na mesa.

Pachinko é um livro sofrido, cru e emocional. É uma história impactante porque usa fatos históricos para falar sobre uma ficção que poderia facilmente ser real; a história de Sunja e sua família aconteceu com incontáveis outras famílias. Houve (e há) mulheres como Sunja, como Yangjin, como Kyunghee, Hana. Houve (e há) homens desprezíveis como Koh Hansu, homens gentis e atenciosos como Isak, homens ambiciosos como Solomon, homens perdidos na própria história como Noa.

Se pararmos para pensar que ainda há guerras terríveis acontecendo por aí, que ainda há pátrias sendo invadidas, territórios sendo expatriados, famílias sendo separadas e forçadas a sobreviver em condições desumanas, Pachinko não é tão ficção assim.

Sinopse: No início dos anos 1900, a adolescente Sunja, filha adorada de um pescador aleijado, apaixona-se perdidamente por um rico forasteiro na costa perto de sua casa, na Coreia. Esse homem promete o mundo a ela, mas, quando descobre que está grávida ― e que seu amado é casado ―, Sunja se recusa a ser comprada. Em vez disso, aceita o pedido de casamento de um homem gentil e doente, um pastor que está de passagem pelo vilarejo, rumo ao Japão. A decisão de abandonar o lar e rejeitar o poderoso pai de seu filho dá início a uma saga dramática que se desdobrará ao longo de gerações por quase cem anos. Neste romance movido pelas batalhas enfrentadas por imigrantes, os salões de pachinko ― o jogo de caça-níqueis onipresente em todo o Japão ― são o ponto de convergência das preocupações centrais da história: identidade, pátria e pertencimento. Para a população coreana no Japão, discriminada e excluída — como Sunja e seus descendentes —, os salões são o principal meio de conseguir trabalho e tentar acumular algum dinheiro.

Título original: Pachinko
Autora: Min Jin Lee
Editora: Intrínseca
Tradução: Marina Vargas
Gênero: Ficção histórica
Nota: 5


Um comentário:

  1. Oie, gostei da proposta dele e também pretendo conhecer. Os trechos me cativaram demais.

    Bjs

    Imersão Literária

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