Resenha: Elantris - Brandon Sanderson - Queria Estar Lendo

Resenha: Elantris - Brandon Sanderson

Publicado em 22 de abr. de 2022

Resenha: Elantris - Brandon Sanderson

Elantris é o primeiro livro lançado pelo Brandon Sanderson - mas não minha primeira vez me apaixonando por uma história dele. Assim como Skyward e Mistborn, esse livro é uma aula de construção de universo, entrega de personagens carismáticos e reviravoltas de perder o fôlego.

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Antes, Elantris era o lar dos deuses. O lugar onde as pessoas iam em busca de cura, de paz e de magia. Agora, Elantris se tornou um cemitério; uma praga estranha assolou toda a cidade, e seus arredores fecharam seus portões e tornaram aquele o lugar da mácula. Cidadãos daquelas regiões passaram a ser assolados por essa mesma praga, que toma seus corpos, silencia seus órgãos e os mantém vivos, mas em uma tormenta sem fim. Uma vez doentes, são jogados em Elantris para viver nessa existência miserável.

Não há cura. Não há conhecimento sobre a praga; por que nasceu, por que existe, por que escolhe quem vai infectar.

Raoden é um príncipe, mas perde todo seu status e vida quando acorda e se vê tomado pela mácula. Enviado a Elantris, lá ele usa sua sobrevida para entender mais sobre a cidade e, quem sabe, entender sobre a magia que se foi. O que aconteceu com os deuses?

Sarene veio a Kae para se casar Raoden em um acordo político, mas chega para descobrir que já é viúva. Ali ela fica por causa dos acordos, mas também porque vê naquela cidade, e naquele povo, uma chance de estender sua influência; quem sabe até garantir a segurança de seu reino, ameaçado por uma guerra religiosa que vem conquistando regiões.

Por fim, Hrathen é um enviado de Fjorden, a voz da religião do deus Jaddeth que vem unificando reinos sob a doutrina tirana. Ele em muito acredita na sua missão santa, e isso torna um perigo para as regiões ainda libertas - para Elantris e Kae, principalmente.

Resenha: Elantris - Brandon Sanderson

Elantris é uma única história dividida em três partes; um livro criativo e extremamente cativante do começo ao fim.

"Era como se Elantris estivesse empenhada em morrer, uma cidade cometendo suicídio."

A história acontece na cidade, por causa da cidade e pela cidade, e acho que esse é o ponto mais importante da trama. Seus três protagonistas são a voz da narrativa, mas é Elantris que é sede e motivação para cada um deles mover suas peças nesse jogo de poder.

Cada arco é grandioso dentro do que promete cumprir, e cumpre em cada ponto, cada virada, cara reviravolta chocante (e o Brandon Sanderson gosta de fazer isso). Elantris é uma história que depende das tramas políticas, religiosas e da maneira com que elas se entrelaçam às jornadas individuais dos seus protagonistas.

Raoden é um personagem intrigante desde sua aparição. Um nobre honrado, diferente dos muitos que dividiam a corte de seu pai, esse príncipe se vê desprovido de toda a influência e privilégio uma vez que é jogado nas ruas de Elantris. Lá, ele decide fazer valer do seu conhecimento e lábia; aquelas criaturas esquecidas pelo mundo pouco se lembram da civilização, da vida em sociedade, do básico para sobreviver e viver. E Raoden decide ajudá-las a superar isso.

Afinal de contas, aqueles que vivem em Elantris ainda vivem. Estão mortos aos olhos do mundo, tomados pela mácula misteriosa, mas vivos.

"Acho que mesmo no paraíso há aqueles que não se encaixam."

A questão com a praga e a magia é devastadora, mas a visão de Raoden é esperançosa. E, pouco a pouco, ele consegue convencer os outros a entender isso; Galladon foi um dos coadjuvantes mais interessantes da história toda, e muito acrescentou no arco do protagonista. Esse misterioso e sarcástico morador de Elantris logo se torna um companheiro na jornada de Raoden, a voz do deboche para a razão do amigo.

Do outro lado do muro, Sarene e Hrathen travam uma guerra silenciosa. Ela, racional e política; ele, fervoroso e dedicado.

Hrathen tudo faz por seu deus e pela sua missão. Ele é um antagonista absurdamente bem construído, porque consegue nos fazer acreditar que é o herói da sua história, que está ali pelo bem daquele povo. É civilizado, contido e maquinador. Hrathen sabe como jogar e sabe que peças mover; ele já derrubou um dos maiores reinos e o dobrou à sua doutrina religiosa. Esse é o próximo.

Há humanidade nele. Enquanto outros da sua religião fazem isso por poder, nós conseguimos entender a fidelidade dele à sua fé. E é simplesmente impossível não simpatizar com o personagem no decorrer da história, por mais revoltante que sejam algumas atitudes. Hrathen é tão carismático que faz nossa moral dar uma voltinha enquanto a gente se apaixona por ele.

Sarene, por outro lado, entende muito da corte, de nobreza e de jogos políticos, tal qual seu adversário. O embate entre eles nunca é frente a frente, mas nas influências sobre os nobres, na maneira com que escolhem dialogar.

Resenha: Elantris - Brandon Sanderson

Que personagem feminina maravilhosa foi a Sarene. Intensa, cheia de atitude, ela cresceu solitária numa sociedade que pouco dá voz às mulheres e se encontra numa corte com um rei ainda pior. Mas faz uso desse olhar misógino; ela bate de frente se fingindo de ingênua, e tece suas jogadas através dessa ingenuidade fingida.

Eu gostei demais da força e da fragilidade dela, tudo em equilíbrio. Tornou a personagem humana, real, e faz com que a gente se apaixone por ela e por sua história; que torça por ela. Assim como a Vin, de Mistborn, Sarene roubou meu coração com seu destemor, seu espírito e sua determinação.

"A verdade numa pode ser derrotada, Sarene. Mesmo que as pessoas esqueçam disso às vezes."

O desenrolar da história acontece com esses três, e é tudo de bom em todos os momentos. Eu gostei bastante do final, só achei o começo um pouquinho arrastado demais até pro meu gosto; sei que faz parte da história, sei que é necessário, só queria um pouquinho mais de fluidez.

Mesmo com esse pequeno travamento, Elantris ainda se desenvolve bem demais. Assim como Mistborn, a construção de universo é magnífica; toda a questão com a magia perdida de Elantris, os AonDor, como funcionam, o que eram, o que aconteceu com eles, é fascinante. Aí você junta a boas cenas de ação, reviravoltas instigantes, uma treta política crescente e uma ameaça de guerra no horizonte e pronto: eis uma fantasia única, com começo, meio e fim excelentes, pra você ler!

Pra quem se interessar e estiver com medo do inglês, não tenha! É de um nível intermediário leve, então se tiver algum conhecimento já consegue seguir com a leitura bem de boas. Os termos novos são parte do universo fantástico e não são traduzíveis, e o Google Tradutor tá aí pra ajudar com palavras desconhecidas.

Do começo ao fim, Elantris foi uma aventura. Tem muita política, boas cenas de ação, até mesmo um toquezinho de romance impossível. Pra um primeiro livro, o Brandon Sanderson já chegou mostrando a que veio no mundo da fantasia.

Sinopse: O príncipe Raoden, de Arelon, foi um dos tocados pela maldição que o levou a viver, ou a tentar sobreviver, em meio à loucura e maldições da cidade caída que, desde a maldição, tornara-se um cemitério para os que foram amaldiçoados. Prestes a se casar com Sarene, filha do rei de um país vizinho de Arelon – uma mulher que nem chegou a conhecer pessoalmente, mas que, mesmo com um casamento politicamente forçado, passou a conviver por meio de cartas – o príncipe é dado como morto, uma situação que parece ser irremediável, mas que precisa de explicações. E são esses mesmos esclarecimentos que Sarene procura ao chegar em Arelon e descobrir que tornara-se viúva antes mesmo de conhecer seu marido. E a partir daí começa a entender que terá que tomar conta de tudo sozinha, principalmente de um homem chamado Hrathen, um dos mais poderosos nobres, que está disposto a substituir o rei Iadon, pai de Raoden, para poder converter o país à religião Shu Dereth.

Título original: Elantris
Autor: Brandon Sanderson
Editora: Dragonsteel
Gênero: Fantasia
Nota: 5


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