A fantasia épica e dark academia de Tracy Deonn, Lendários, é um espetáculo do começo ao fim. Com uma trama que faz releitura da lenda de Rei Arthur e seus cavaleiros da Távola Redonda, essa fantasia é recheada de magia, de crítica social e de personagens inesquecíveis.
Para quem gosta de épicos de fantasia:
Bree foi aceita no programa de pré-universitários em uma importante instituição sulista. Ela e a melhor amiga, Alice, se esforçaram muito por essa vaga, ainda que a de Bree venha carregada de rancor; a última conversa que teve com sua mãe foi uma briga a respeito dessa escolha universitária. Algumas horas depois, sua mãe sofreu um acidente.
Uma vez na instituição, Bree vivencia um acontecimento estranho envolvendo luzes mágicas e monstros. A partir daí, ela sabe que precisa se infiltrar nessa sociedade secreta para descobrir se o passado da mãe tem alguma coisa a ver com o lugar.
Bree é apresentada à Ordem da Távola Redonda, um grupo lendário que protege o mundo desde o período em que o Rei Arthur e os cavaleiros da Távola Redonda estavam vivos. Uma vez inserida nesse contexto, Bree precisa sobreviver às provações mágicas, ao seu passado misterioso e à crescente sensação de que não é bem-vinda ali.
Lendários é um livro absurdamente bom. Do começo ao fim. Tracy Deonn faz uma releitura interessantíssima da lenda do Rei Arthur e da Távola Redonda; envolve essa releitura em um ambiente de dark academia muito bem construído, e nos apresenta a ele através de uma protagonista incrível e poderosa.
A Linhagem é a lei.
A jornada da Bree é épica, dolorosa e cheia de imprevistos. Da sua apresentação ao mundo mágico à certeza de que tem alguma coisa envolvendo ele em seu passado misterioso, à participação na Ordem e nas provações, ela é com certeza uma das melhores personagens que eu já li.
A ambientação de Lendários e a forma com que a autora traça a releitura na modernidade, trazendo as histórias de Arthur e seus cavaleiros para os tempos atuais, construindo toda uma sociedade secreta trabalhando através da magia deles, meu cérebro explodiu!
A Ordem, os Herdeiros, os Escudeiros, é tudo muito bom, crível e bem orquestrado. Entendemos como as coisas funcionam conforme a Bree entende; recebemos as bordoadas das reviravoltas conforme Bree as sente; vislumbramos os aliados e os inimigos e sentimos tudo que a Bree está sentindo.
Porque, apesar da fantasia e do fascínio, Lendários vai além. Usa esse espaço acadêmico e restrito para falar sobre racismo; enquanto há monstros lá fora, também há monstros do lado de dentro. Espreitando a jornada da Bree, suas escolhas, seus medos e sua vivência.
Ela é uma garota negra em um ambiente hostil a tudo que é diferente, especialmente o diferente que esse ambiente está acostumado a oprimir.
- Há um preço a se pagar por ser uma lenda.
E ela nunca abaixa a cabeça. Ela nunca se curva. Ela é forte porque precisa ser, e é desesperador que precise, ao mesmo tempo em que é gratificante ver o poder em sua voz e postura. Bree é uma sobrevivente, carregando dores do passado e do presente, e ela sabe disso.
O modo com que a magia se entrelaça ao luto e ao amor é o ponto central da trama. A magia é uma coisa viva e instável e crescente, e Bree a sente em confusão porque não a conhecia e não entende de onde vem. Para aqueles que fazem parte da Ordem, é comum; para ela, é mais um ponto a entender sobre os segredos que a permeiam.
E o luto, nossa, como foi bem trabalhado. É devastador, terrível, avassalador, tenro. A dor que a Bree sente fala com ela e sobre ela. Sua jornada em Lendários envolve entender quem é, e aceitar quem perdeu.
Além dela, os coadjuvantes também roubam a cena - em especial Nick, seu companheiro e maior aliado, que aceita levá-la para a Ordem para ajudá-la a entender o acidente da mãe; Sel, o Merlin da geração atual, todo poderoso, um pouco babaca e frio, e misterioso. William, o curandeiro; e outros nomes que enchem as páginas e as cenas.
- Você é tão nova para conhecer a morte tão bem.
Nick, aliás, que amor! Que golden retriever foi esse menino! Ele e Bree dividem uma amizade forte, e o começo de uma faísca que pode se tornar algo mais - vem da atração, da confiança e do quanto eles se entendem. Eles são tão, tão, tão fofos e queridos juntos, eu queria morder os dois.
Sel, por outro lado, é a sombra e o suspense, mas também carrega aquela força sedutora que um belo garoto de cabelo preto e passado triste carrega. Eu gostei bastante do desenvolvimento que o Sel teve, saindo de alguns estereótipos de mocinhos do tipo para me surpreender com revelações e alianças.
- Não defina a sua vida pela perda. Defina a sua vida pelo amor.
Deixo aqui o meu apelo, porque tem espaço para isso: deixa o triângulo amoroso longe, viva o poliamor!
A tradução do Jim Anotsu está excelente, bem adaptada para o português, e todo o livro é um encanto de edição. Um surto especial e um pouco bizarro meu, mas que papel CHEIROSO que a Intrínseca usou!
Lendários é, como eu comentei, um espetáculo. De narrativa, desenvolvimento, personagens e fantasia. Se você ama as lendas do Rei Arthur, ama dark academia, ama personagens femininas fortes e histórias cativantes, essa é a sua nova série para se tornar favorita!
Sinopse: Partir parecia a fuga perfeita para Bree Matthews. Na verdade, a única fuga possível. Após perder a mãe, tudo que a menina de dezesseis anos quer é se manter longe das lembranças e das palavras carregadas de ressentimento na última discussão que tiveram. Por isso, Bree decide entrar em um programa da Universidade da Carolina do Norte para estudantes de excelência acadêmica. Um novo começo, distante da pessoa que ela era antes de tudo desmoronar. Mas então, em seu primeiro dia no novo lar, Bree vê um demônio, e essa descoberta aterrorizante a conduzirá até os Lendários, membros de uma ordem secreta formada por descendentes dos cavaleiros da Távola Redonda do rei Arthur, jovens responsáveis por caçar e destruir essas criaturas demoníacas e proteger a humanidade. Aos poucos, entre memórias enevoadas, ela percebe que não é a primeira vez que se depara com os Lendários, e que esse reencontro pode não ser mera coincidência. Com a ajuda de Nick, um ex-membro que quer distância da Ordem, Bree se infiltra nesse mundo de magia, privilégios e segredos para descobrir o que realmente aconteceu em seu passado. Ela só não contava que precisaria lidar com a desconfiança de um feiticeiro misterioso e com uma verdade avassaladora: os Lendários não são os únicos com o dom da magia. Dentro de Bree há uma força ancestral que ela ainda não consegue entender, mas que pode ser decisiva quando Camlann, a guerra final entre magos e demônios, chegar. Resta a Bree decidir se usará essa força para se unir à luta da Ordem ou para destruí-la de vez.
Título original: Legendborn
Autora: Tracy Deonn
Tradução: Jim Anotsu
Editora: Intrínseca
Gênero: Fantasia | Dark academia
Nota: 5+
Oi!
ResponderExcluirUltimamente ando tendo umas leituras muito boas do gênero dark academia, mas só não adquiri Lendários ainda pois li uma amostra dele e não me empolguei tanto com a história de cara. Mas que bom que é uma boa adaptação do mundo do Rei Arthur e também lida com racismo.
Beijão
https://deiumjeito.blogspot.com/
Oie, acho que nunca fiquei tão animada pela história do Rei Artur como quando li esse livro. E me encantei pela protagonista. Outro personagem que me intrigou foi Sel, comecei desconfiando e terminei amando haha.
ResponderExcluirBjs
Imersão Literária
Oi Denise! A sua não é a primeira resenha que leio que fala tão bem da obra. Já vou adicionar na listinha da Bienal, afinal a Intrínseca sempre tem ótimas promoções no evento.
ResponderExcluirBjos!! Cida
Moonlight Books