Resenha: A Longa Marcha - Stephen King (Richard Bachman) - Queria Estar Lendo

Resenha: A Longa Marcha - Stephen King (Richard Bachman)

Publicado em 29 de set. de 2025

Resenha: A Longa Marcha - Stephen King (Richard Bachman)

Recebido em cortesia da Editora Suma, A Longa Marcha é considerado um clássico de Stephen King - que assina esse livro como Richard Bachman. Na história com ares distópicos, cem garotos se inscrevem para uma marcha pelo estado de Maine (aquele que ficar de pé por último, vence).

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Todo ano, 100 garotos são escolhidos para participar da Longa Marcha. Esse desafio nada mais é do que uma longa caminhada por estradas e rodovias norte-americanas; quando o último deles restar, é o campeão. A única regra principal é que eles não podem parar. Se parar, dois minutos os separam dos tiros que os soldados que os acompanham têm permissão de disparar.

Ray decide contrariar a vontade da mãe e participar da competição. Ele é o número 47 desse desafio. O prêmio é a melhor coisa do universo: qualquer coisa que ele desejar, pelo resto da vida. Ray só precisa resistir.

Eu resolvi dar uma segunda chance para A Longa Marcha depois de não ter conseguido ler tudo da primeira vez e, rapaz, que bom que fiz isso.

Resenha: A Longa Marcha - Stephen King (Richard Bachman)

A história já começa com os cem garotos se reunindo para o começo do desafio, e se desenvolve no decorrer de toda a marcha. Por cinco dias, acompanhamos Garraty (Ray) contando seus passos, se aproximando dos outros competidores (comedidamente) e vivendo um vaivém de arrependimentos e certezas quanto à sua decisão de participar.

- Nós queremos morrer, é por isso que estamos aqui. Por que outro motivo seria?

Eu gostei demais dos ares distópicos suaves que o autor colocou na história, focando bastante na questão "reality show absurdo" que é A Longa Marcha. Ainda que não seja televisionado por completo, multidões tomam as ruas, saem das casas das cidades por onde a maratona passa, tudo por um vislumbre dos competidores.

É um livro brutal, que retrata brutalmente a loucura de entrar num desafio como esse em busca de um prêmio impossível. A crueldade sádica que cerca não apenas os agentes da lei responsáveis por fazer os competidores seguirem a linha, mas também daqueles que assistem e mesmo de alguns que participam, é de uma ironia muito grande e bem usada na narrativa.

As pessoas gostam de ver o sofrimento acontecer, elas se regozijam com a malevolência do desafio. E aos competidores só resta andar e resistir.

Resenha: A Longa Marcha - Stephen King (Richard Bachman)


Gostei dos personagens, com destaque para o protagonista, Garraty, e para McVries, que acaba se tornando amigo e confidente do protagonista. Gostei de como o autor não deixou óbvio quem venceria a competição, procurando deixar bem claro que, independentemente do sobrevivente na última página, nenhum deles realmente venceria. Escrito na década de 80, ele com certeza serviu de inspiração para muitas distopias que vieram décadas depois.

- Eu andei, eu andava, eu andarei, eu terei andado... Devo traduzir para o latim?

Trata-se da crueldade pelo entretenimento, uma crítica bem clara ao que a sociedade também consome. Reality show absurdo é o que mais tem por aí. Com o passar do tempo na história, a loucura do que aceitaram fazer cai sobre os personagens de maneiras diferentes; alguns se agarram à esperança, outros ao medo, outros simplesmente se deixam levar pelo preço da exaustão completa.

A degradação de quem os personagens eram, para o que se tornam com o passar dos percalços, é desesperador de acompanhar. O King tira essa tortura psicológica de letra, como sempre. Tem muitos momentos em que Garraty confronta seus colegas de competição justamente sobre essas questões; o quanto a morte se tornou inevitável a partir do momento em que começaram a marchar.

A Longa Marcha causa uma angústia muito forte com o passar das páginas, unindo esse sentimento à incerteza. Personagens se tornam próximos da gente, fazendo crescer aquela perdição sempre que um deles cai. A brutalidade vai além do simples fato de esse desafio existir; passa a ser um peso com que os garotos têm que conviver. Aceitaram se tornar meros instrumentos de uma competição e agora precisam lidar com as consequências disso. É injusto. É mortífero. É brutal.

A edição da Suma é confortável de ler, com uma tradução (sempre) impecável da Regiane Winarski.

Que bom que eu dei uma segunda chance para A Longa Marcha. Pensando na adaptação, eu me aventurei mais uma vez nessa leitura e devorei o livro todo em um domingo. Angustiada, fascinada, curiosa e aterrorizada com o que essa longa caminhada tinha pela frente, com um final que me deixou olhando para a parede em completo choque. Com certeza um dos melhores que o King já escreveu.

Sinopse: Contrariando a vontade da mãe, o jovem Ray Garraty está prestes a participar da famosa prova de resistência conhecida como A Longa Marcha, que presenteia o vencedor com “O Prêmio” ― qualquer coisa que ele desejar, pelo resto da vida. No percurso anual que reúne milhares de espectadores, cem garotos devem caminhar por rodovias e estradas dos Estados Unidos acima de uma velocidade mínima estabelecida. Para se manter na disputa, eles não podem diminuir o ritmo nem parar. Cada infração às regras do jogo lhes confere uma advertência. Ao acumular mais de três penalidades, o competidor é eliminado ― de forma “permanente”. E não há linha de chegada: o último a continuar de pé vence.

Título original: Beach Read
Autor: Richard Bachman
Tradução: Regiane Winarski
Editora: Suma
Gênero: Ficção
Nota: 5+

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