O fim da trilogia iniciada em Manual de Assassinato para Boas Garotas chegou e, meu deus, que surto que foi essa leitura. Boa Garota Nunca Mais encerra a história da Pip e de suas investigações com chave de ouro, e rouba todo o seu fôlego durante a decorrência da trama.
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A resenha vai conter spoilers dos livros anteriores.
Pip está passando por um momento difícil, mas não quer que ninguém saiba disso. Depois do incidente com o Charlie, ela fica relembrando sem parar o horror que foi ver alguém sendo assassinado bem à sua frente. Os tiros, o sangue, a impotência. O TEPT está aterrorizando cada passo da garota, mas ela tem um plano para vencê-lo.
O problema é que esse pano vai por água baixo quando mensagens anônimas estranhas começam a chegar para ela. Mensagens, e depois incidentes estranhos com desenhos na entrada da garagem, rabiscos na calçada onde ela corre, ligações telefônicas não identificadas. Pip tem um stalker, e ela se determina a descobrir quem é e desmascarar essa pessoa; esse é seu novo plano para vencer os pesadelos e o trauma.
Quanto mais se aproxima do stalker, no entanto, mais ela percebe que talvez esteja lidando com um horror maior do que qualquer coisa que investigou até então.
Boa Garota Nunca Mais é aquele tipo de livro que você começa e devora até o fim. Não dá para respirar, dormir ou parar de pensar na história. Essa trilogia toda é muito bem desenvolvida na questão do suspense e das reviravoltas, porque é carismática e fisga mesmo a sua atenção com tudo que está contando.
A verdade era que ainda havia muitas coisas que poderiam dar errado, e daí tudo aquilo teria sido em vão, e Pip nunca mais ficaria bem.
O trunfo desse fim é usar tudo o que tinha criado até então para desenvolver uma última trama. Interliga todos os pontos apresentados desde o começo da trilogia, usa todos os personagens que participaram ativamente de todas as sub-tramas, e entrega a Pip uma última grande investigação que pode significar sua salvação ou sua morte.
Porque a questão com o stalker é tenebrosa. É mais do que bullying online ou assédio anônimo. É uma caçada. E Pip precisa estar dez passos à frente para garantir que não seja pega de surpresa.
O que, considerando a Pip, óbvio que não vai acontecer. Porque ô personagem inteligente e burra, de novo. Já é a TERCEIRA VEZ que eu (a pessoa mais tapada para entender tramas de suspense) identifiquei quem era o problema antes dela; e esse não é um momento para a Pip ser leviana e ter pouco cuidado, porque ela está lidando com uma assombração real. E, claro, ela é leviana e tem pouco cuidado em tudo o que faz.
Ao mesmo tempo em que é frustrante, o livro nos recompensa pela rapidez com que ela lida com as situações. Pip é mesmo muito inteligente, ela só não sabe acertar um alvo quando está investigando alguma coisa. Chega na resposta e passa longe dela.
Boa Garota Nunca Mais lida muito bem com a sua protagonista. O desenvolvimento dela, da garota curiosa e animada, para essa sombra traumatizada que estamos acompanhando, é muito bom. A autora não romantiza o que todas essas investigações fizeram com o psicológico da Pip; nem ao menos romantiza a maneira com que ela está tratando o TEPT. Porque ela não está tratando, e sabe que está errada por isso.
Mas é tanto trauma e tanto estresse e tantos fantasmas assombrando sua mente, que a ajuda não a ajudou. Pip determina que precisa se salvar. E vai até o fim para fazer isso acontecer.
O stalker está me isolando, me afastando de todos que poderiam me ajudar.
Os coadjuvantes participam ativamente dos melhores momentos desse livro, que tem uma reviravolta tão chocante ali no meio que muda tudo o que eu estava esperando para a história. Ele difere muito dos seus antecessores e é muito corajoso por isso. É uma trama complexa, inesperada e bem desenvolvida.
Ravi é um dos pontos principais na história, e ai como eu amo esse garoto! Ele e a Pip formam um time perfeito; um casal perfeito. Eles são o apoio um do outro, estão ali para tudo. Para tudo mesmo - quando a reviravolta acontece, você fica correndo em círculos enquanto o time Pip e Ravi começa a agir. Porque a sintonia e o amor entre eles é mais forte que tudo.
Toda a questão com o stalker toma boa parte da história, mas tem também as consequências do julgamento do Max - o estuprador em série. É genial como a Holly Jackson conecta tudo; como encontra as respostas e as entrega para Pip escolher o que fazer com elas. Não vou dizer que uma decisão dela não me deixou em completo choque, porque deixou. Mas, honestamente? Good for her. Certíssima. Passo todos os panos que precisar.
O começo era o fim, e o fim era o começo.
O fim de Boa Garota Nunca Mais é o ponto final perfeito para essa trilogia. É um final aberto, mas ele responde tudo o que precisa e te dá, na verdade, um fim. Ele te fala "olha, é aqui que acaba" mas é um recomeço também. O melhor tipo de final possível.
A tradução da Karoline Melo continua perfeita, com uma edição ótima da Intrínseca. Boa Garota Nunca Mais deixa um vazio no coração, porque eu me apaixonei demais pela Pip, pelo Ravi e por essa cidade caótica que é Little Kilton. Terminei querendo mais, como acontece com todas as melhores histórias.
Sinopse: Pip está prestes a ir para a faculdade, mas ainda é assombrada pelo desfecho de sua investigação mais recente. Devido à fama de detetive amadora, ela se acostumou a receber ameaças na internet. Mas, nos últimos tempos, uma pergunta não para de surgir: Quem vai investigar quando você desaparecer? Após uma série de eventos estranhos, Pip percebe que está sendo perseguida de verdade. E pior: seu stalker pode estar conectado a um assassino que aterrorizou a região na mesma época do caso de Andie Bell. Com a ajuda de Ravi, a garota precisa descobrir quem está por trás disso… antes que se torne a próxima vítima. Envolta em uma teia de segredos e perigos, Pip toma atitudes drásticas. Tudo em Little Kilton parece estar interligado e apontar para um único suspeito. É a investigação mais importante de sua vida, e também a última. Aconteça o que acontecer, seus dias de boa garota vão chegar ao fim. Prepare-se para questionar tudo o que achava que sabia com o desfecho chocante da jornada de Pip. Na aguardada conclusão da série Manual de assassinato para boas garotas, Holly Jackson entrega mais uma trama envolvente, assustadora e inesquecível.
Título original: As Good as Dead
Autora: Holly Jackson
Editora: Intrínseca
Tradução: Karoline Melo
Gênero: YA | Thriller
Nota: 5+
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