Minha última viagem nos 12 países de 2022 foi pela Alemanha, com um livro querido e gentil do autor Carsten Henn. O Passeador de Livros é aquele tipo de história que te deixa com um calorzinho no coração, e fala especialmente com a gente, que é leitor.
Se gostou desse livro, vai gostar desses:
Carl trabalha numa livraria. Mas seu trabalho não é dentro dela: ele entrega livros para clientes muito especiais. Pessoas que não vão até a livraria por diversos motivos, mas que amam as histórias que ele carrega. Com sua mochila e seus pacotes cheios de amor, Carl segue sua rotina pelas ruas familiares e pelas casas familiares.
Ele é um grande amante de histórias, e entregá-las para leitores é seu trabalho mais querido. Carl não é muito bom com nomes, então cada cliente seu ganhou um apelido baseado em personagens com os quais se parecem; como o Senhor Darcy, Pippi Meialonga, e por aí vai.
Numa das suas jornadas, Carl é abordado por uma garotinha animada e curiosa chamada Schascha, que se torna sua companheira de entregas voluntariamente (e sem precisar da permissão dele). A partir daí, nasce uma inesperada amizade.
O Passeador de Livros é uma história simples. E por isso é tão bonita. Sabe aquele tipo de livro que você lê pra buscar conforto? É esse. A trama é leve, os diálogos são muito queridos e divertidos, personagens cheios de personalidades curiosas e únicas; e toda a história é movida por uma amizade surpresa.
Carl e Schascha não têm nada em comum. Ele é velho, solitário, gosta da sua rotina e de não fugir dela. Schascha é uma garotinha curiosa, animada, cheia de opiniões sobre tudo, cheia de ideias sobre tudo, ansiosa para se aproximar dessa alma que acompanhava atravessando a praça todos os dias.
Quando os dois se aproximam nessas jornadas de entrega, somos presenteados com conversas edificantes e interessantes sobre livros, sobre a vida e a felicidade de ter um grande amigo.
A ligação de Carl com os livros é o que todo leitor apaixonado por histórias também vive. A maneira com que O Passeador de Livros fala sobre romances, aventuras, personagens e o presente que é ter um livro favorito para chamar de seu. É tudo escrito por alguém que realmente ama a literatura, e sabe como expressar o que todos nós sentimos.
Porque, mesmo quando um livro maravilhoso termina na hora certa - com as palavras certas e quando qualquer outra palavra a mais simplesmente destruiria essa perfeição -, a gente sempre deseja mais algumas páginas.
Grifei tantos trechos nessa história que quase acabei com o meu marca página - e idem para os post its. Como a leitura é leve, você não vê as páginas passando. Não vê a história passando, porque ela acontece tão naturalmente que é como se estivéssemos lendo sobre grandes amigos.
Schascha é uma gracinha, muito divertida e cheia de energia. Uma criança representando aquela fase da vida em que tudo é novo, tudo é empolgante, tudo é maravilhoso. Carl é seu oposto, porque já viveu tudo isso. Mas carrega em si a empolgação de continuar vivendo; de continuar descobrindo.
Os coadjuvantes - fieis leitores que esperam seus livros serem entregues pelo passeador de livros - são muito interessantes também. Tem desde um ricaço solitário em sua mansão até um homem grande e forte que só têm livros vermelhos na estante, a uma freira vivendo reclusa no que sobrou do seu convento. E por aí vai.
O livro encontra espaço para falar, através dos seus personagens, de grandes problemas da vida. Tudo de maneira sensível; aborda violência doméstica, luto, solidão, abandono. Mas nunca toca nesses assuntos sem esperança. Mostra que há maneiras de contorná-los. De seguir em frente e superar.
- Personagens nunca morrem. Basta alguém reler o livro para que sigam vivos.
O Passeador de Livros é uma ótima história sobre livros, e o que eles significam para cada pessoa. Uma história sobre o poder das histórias e da sua infinidade de significados. Que eu vou indicar pra todo mundo que, assim como eu, ama amar livros.
Sinopse: Há décadas Carl Kollhoff repede o mesmo ritual: enche sua velha e surrada mochila verde-oliva com os livros que seleciona cuidadosamente para pessoas muito especiais. Em seguida, deixa a livraria. Ao Portão da Cidade - sua "pátria" - e vai a é entregar pessoalmente seus tesouros literários. Aos 71 anos, o livreiro conhece cada pedra no caminho, assim como as preferências desses clientes que, por diferentes razões, não abrem mão desse serviço de entrega domiciliar. Para eles, Carl é um bom amigo, além de uma ponte com o mundo exterior e o universo das palavras. Carl, por sua vez, enxerga o mundo real com as lentes da ficção: para ele, a cidade está povoada de personagens de romances e cada morador tem o seu correspondente na literatura. Logo, a vendedora de frutas onde compra suas maças é a Rainha da Branca de Neve, enquanto o cliente jovem e musculoso que sempre lhe oferece uma xícara de chá é Hércules, o herói mitológico. Quando bate à porta do rico e solidário Christian von Hohenesch, Carl se imagina no século XVIII, diante da mansão do Sr. Darcy, o cavalheiro criado por Jane Austen em Orgulho e Preconceito. Assim, ele quase sempre se lembra do apelido literário antes de conseguir memorizar o nome das pessoas. A rotina de Carl, contudo, é quebrada quando uma menina de 9 anos atravessa seu caminho. Curiosa e esperta, Schascha se une ao Passeador de Livros (como o chama) e começa a questionar suas indicações literárias. Ela mostra que seus clientes nem sempre encomendam os livros de que realmente precisam, e acredita que o livro certo poderá, de fato, transformar a vida deles. No entanto, nem todo mundo aprecia a dedicação e os métodos do velho livreiro. Para a dona da livraria, ele representa o atraso e o passado - com o qual ela ainda tem muitas contas a acertar. Quando Carl é demitido de forma inesperada, Schascha propõe aos clientes-amigos um plano para ajudá-lo. Em nome da amizade e do amor aos livros, eles vão encontrar coragem para superar os próprios medos e garantir um final feliz para Carl. Repleto de referências literárias, com obras "escondidas" até nos nomes dos capítulos, O passeador de livros é uma história apaixonante sobre o poder da literatura e dos laços afetivos que construímos com os amigos - os de papel e os de carne e osso.
Título original: Der Buchspazierer
Autor: Carsten Henn
Editora: Intrínseca
Tradução: Kristina Michaehellis
Gênero: Ficção | Drama e comédia
Nota: 5
Aff eu amo o combo idoso rabugendo e criança animada. Sempre dá um quentinho no coração e algumas lágrimas. Eu quero finalizar todos os que tenho do intrínseco e esse é uma prioridade.
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