Resenha: Codinome Verity - Elizabeth Wein - Queria Estar Lendo

Resenha: Codinome Verity - Elizabeth Wein

Publicado em 25 de mar. de 2023

Resenha: Codinome Verity - Elizabeth Wein

Codinome Verity ganhou uma nova edição aqui no Brasil pela Editora Morro Branco (que cedeu este exemplar em cortesia). A emocionante história escrita por Elizabeth Wein é considera um dos 100 melhores livros YA de todos os tempos. E com muita razão.

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A história é narrada por Verity. Ela faz parte da resistência durante a Segunda Guerra Mundial, e estava em missão, sendo transportada pela melhor amiga e aviadora, Maddie, quando um acidente as separou. Verity foi presa pelos nazistas; em troca da sua vida, ela aceita contar tudo o que sabe. E faz isso através de uma extensa narração desde o momento em que Maddie entrou em sua vida.

Codinome Verity é um livro poderoso e igualmente sensível. Uma história sobre o horror da guerra, a força da amizade, a capacidade feminina. É uma ficção que poderia facilmente ser verdade.

Achei muito legal que a autora escreveu um posfácio falando sobre a construção desse livro, sobre as invenções que usou para tornar a história mais verossímil com o que queria contar, ao mesmo tempo em que se baseava em coisas reais; havia sim mulheres pilotando aviões para a Inglaterra. Havia sim espiãs se infiltrando em território conquistado por nazistas. Verity e Maddie não existiram, mas representam aquelas que lutaram e resistiram.

Toda a questão com a Maddie ser uma grande pilota e ficar sendo passada para trás porque "mulheres não fazem esse trabalho" é muito bem discutida pelo ponto de vista da Verity. Mesmo em uma situação tão tenebrosa, prisioneira de guerra de nazistas, ela encontra humor e leveza enquanto conta a história da sua amizade com Maddie.

Não tenho medo de ficar velha. Na verdade, não consigo acreditar que disse uma coisa tão idiota assim. [...] Eu gostaria muito de ter a chance de envelhecer.

Enquanto eu lia, e até mesmo depois que terminei, esse ponto sobre a presença das mulheres no ar, lutando ao lado de soldados - mas nunca em igualdade de tarefas e respeito - me lembrou muito sobre as Bruxas da Noite. Elas foram as aviadoras noturnas russas responsáveis por tocar o terror em nazistas; dos grupos de bombardeiras femininas (que eram uma grande quantidade de aviadoras) as desse batalhão construíram sua fama em cima da "lenda" que os próprios nazistas contavam sobre elas. 

Permitem que as mulheres pilotem em missão só quando estão desesperados. E sempre são mais rígidos com a gente quando erramos.

Porque seus aviões eram velhos e as aviadoras eram obrigadas a desligar os motores e planar para fazer os bombardeios noturnos, o som dos aviões parecia com o de "vassouras atravessando os céus"; daí as Bruxas da Noite. Que elas adotaram com o orgulho, porque a ideia de aterrorizar nazistas as animava.

Resenha: Codinome Verity - Elizabeth Wein

Maddie pode não ter sido uma ameaça, mas com certeza se parece com uma lenda através das histórias da Verity. Quanto mais conhecemos sobre as duas, mais o nosso coração se parte. Porque é uma amizade tão doce, tão amorosa, tão querida. E a guerra as separou da maneira mais drástica possível. O destino de Maddie parece ter sido o mais brutal, e o de Verity não parece carregar esperança.

Eu gostei que Codinome Verity constrói a incerteza muito bem. Tem todo o terror e a tensão com o destino de Verity quando seus relatos acabarem. Toda a questão com ela estar traindo o seu lado na guerra ao tentar sobreviver como pode. Toda a questão com a incerteza da sua narração; ela está contando tudo o que sabe? Está escondendo alguma coisa?

Ainda estou despedaçada. Acho que ficarei assim para sempre.

Quando acontece uma quebra no meio do livro e partimos para outra parte da história, as reviravoltas enchem os olhos. Funcionam bem porque lidam com o que era desconhecido pra gente até então. E adicionam outra camada de tensão na trama, porque ainda não dá para saber onde ela está indo.

Codinome Verity partiu meu coração, como todas as histórias de guerra fazem. É um livro triste e esperançoso ao mesmo tempo. É agridoce; essa é a palavra certa.

A história dessas duas jovens sonhadoras, apaixonadas pela vida e pelo que ela tem a oferecer, mas sentenciadas à guerra e à sobrevivência, é de destruir nosso emocional. Ele faz muito jus a toda a fama, porque é um livro lindo.

Agora, estou vivendo um tempo emprestado.

Acho que falar muito sobre Codinome Verity estraga um pouco da surpresa que a história carrega. Do meio para o fim, ele é diferente de tudo que eu esperava. E eu digo isso positivamente, porque pega a nossa expectativa e eleva ao máximo.

Ele não é um livro fácil, porque é um livro de guerra. E não esconde o quanto ela foi cruel e violenta, o quanto os nazistas eram horrendos e desumanos. Faz muito bem em expor a crueldade, falar sobre ela, mostrá-la através da Verity; não é confortável porque não pode ser.

Resenha: Codinome Verity - Elizabeth Wein

Mas não é um livro terrível o tempo todo, porque equilibra os relatos da prisioneira de guerra com os de uma garota vivendo sua vida com a melhor amiga. Em meio aos campos de treinamento, com instabilidade e medo, mas vivendo, mesmo assim.

A amizade de Maddie e Verity vai ficar no meu coração para sempre, porque foi uma das coisas mais puras e genuínas que já li. Aquele tipo de relação que salta das páginas e parece real e palpálvel, sabe? O pilar no qual a Verity se sustenta em meio à dor e sofrimento, porque é nas lembranças que está a sua força.

É horrível contar a minha história assim, não é? Como se não soubéssemos o fim? Como se pudesse haver outro fim.

A edição da Morro Branco também tá maravilhosa. Gostei muito da tradução de Natalie Gerhardt. Os detalhes na edição, como as notas de rodapé falando sobre as referências culturais ou históricas que aparecem no decorrer do livro, ajudam muito na imersão. E a capa/diagramação/todos os detalhes internos: um espetáculo.

Resenha: Codinome Verity - Elizabeth Wein

Também tem uns extras muito interessantes no fim do livro, com direito a questões para se pensar a respeito, o posfácio da autora, e cartas de personagens que vão devastar ainda mais o seu coração.

Codinome Verity é um livro lindo. Impactante e memorável, como promete. Quando termina, deixa um vazio no coração, mas não é melancólico. É um final que também é um recomeço.

Sinopse: 11 de outubro de 1943 — Um avião espião britânico cai na França ocupada pelos nazistas. A pilota e sua passageira são melhores amigas. Uma delas tem uma chance de sobrevivência. A outra perdeu o jogo antes mesmo de começar. Quando "Verity" é capturada pela Gestapo, ela está certa de seu fim. Como uma agente secreta capturada em território inimigo, ela vive o pior pesadelo de uma espiã. Seus interrogadores nazistas lhe dão uma escolha simples: revelar todos os detalhes de sua missão ou enfrentar uma terrível execução. Enquanto tece intrincadamente sua confissão, Verity discorre sobre seu passado, como ela se tornou amiga da pilota Maddie e por que ela a deixou para trás nos destroços de seu avião. A cada página escrita, Verity luta por sua vida, confrontando seus pontos de vista sobre coragem, fracasso e sua desesperada esperança de voltar para casa. Mas negociar seus segredos será suficiente para salvá-la?

Título original: Code name Verity
Autora: Elizabeth Wein
Editora: Morro Branco
Tradução: Natalie Gerhardt
Gênero: Ficção histórica YA
Nota: 5+


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