Resenha: Dezenove Garras e um Pássaro Preto - Agustina Bazterrica - Queria Estar Lendo

Resenha: Dezenove Garras e um Pássaro Preto - Agustina Bazterrica

Publicado em 17 de jun. de 2023

Resenha: Dezenove Garras e um Pássaro Preto - Agustina Bazterrica

O mais recente título da autora de Saboroso Cadáver chegou aqui pela Editora Darkside (que enviou pra gente um exemplar em cortesia). Pelas mãos de Agustina Bazterrica, Dezenove Garras e um Pássaro Preto explora alegorias, metáforas e horrores inimagináveis em uma sequência marcante de contos.

Livros para quem curtiu esse:

Essa coletânea reúne 19 contos que abordam medo, luxúria, egoísmo, inveja e infinitas outras emoções. Com um toque de bizarro e do inimaginável, Agustina Bazterrica mergulha na nossa psiquê e nos leva a atravessar histórias que parecem sem pé nem cabeça, mas que entregam muito em poucas páginas.

Resenha: Dezenove Garras e um Pássaro Preto - Agustina Bazterrica

Dezenove Garras e um Pássaro Preto é um livro doido. Eu já começo por aí. E por isso foi uma leitura muito interessante. Se você procura histórias que fujam do normal, que te coloquem pra ficar igual a Nazaré confusa durante o decorrer delas, é esse o livro que precisa ler.

Agustina Bazterrica tem um dom muito parecido com o do Junji Ito em relação a evocar o bizarro e macabro. Aqui, ela faz isso maravilhosamente bem em pouquíssimas páginas. Nos convida a visitar contos que começam no absurdo e terminam no mais absurdo ainda.

De tão afiado, o silêncio começa a sangrar.

Dezenove Garras e um Pássaro Preto tem dezenove contos muito interessantes que giram em torno do abstrato, seja ele medo, desejo, avareza, psicótico. Mesmo as histórias mais bizarras aqui ainda se encaixavam perfeitamente na temática, explorando o inexplorável.

As caixas de Unamuno, por exemplo, é um conto direcionado ao leitor. Você entra em um táxi e suspeita que o taxista seja um serial-killer. Mas por quê? E o que vem a seguir?

Resenha: Dezenove Garras e um Pássaro Preto - Agustina Bazterrica

Um som leve, rápido e monstruoso explora a morte brutal de um vizinho e o que significa ter o corpo dele no quintal.

Lava-louças é de um absurdo tão grande, girando em torno de uma mulher que está fora de si e que busca seu lugar dentro de uma situação bizarra, que só lendo pra sentir.

A bem verdade, todos os contos de Dezenove Garras e um Pássaro Preto são assim. É uma experiência de leitura completa, passar por esse livro. E como ele é bem curtinho, mesmo reunindo tantas histórias, é leitura pra uma tarde.

Ficava horrorizada com os traços monstruosos do cotidiano.

Além dos três citados, outros contos que me ganharam e me perturbaram e arrancaram de mim expressões de surto e incompreensão foram Teicher vs. Nietzsche, Os mortos, Inferno, Arquitetura e Rosa bombom.

A edição da Darkside ficou muito bonita. Só não gostei das páginas brancas, porque elas cansam um pouco os olhos. Gostei muito da capa, da tradução de Ayelén Medail. Ah, e minha edição veio autografada pela autora! A Agustina passou aqui no Brasil para alguns eventos, e a gente recebeu convite pra entrevistá-la, mas infelizmente não pude ir por causa da distância entre cidades. Então obrigada, de novo, caveirinha!

Resenha: Dezenove Garras e um Pássaro Preto - Agustina Bazterrica

Se você curtiu Saboroso Cadáver, ou se por acaso busca uma leitura rápida que foge do comum e te convida a vivenciar emoções além da compreensão, Dezenove Garras e um Pássaro Preto é a leitura perfeita.

Sinopse: Durante muitos anos, Bazterrica escreveu os contos e textos curtos, experimentos sobre o amor, a amizade, acidentes, superstições, relações familiares, desejos secretos, obsessões, a maldade dos homens, a posição da mulher na sociedade, o medo, o ódio, a morte, agora reunidos neste volume. Com ecos de autores conterrâneos como Júlio Cortázar, Silvina Ocampo e Samantha Schweblin e do austríaco Thomas Bernhard, esses contos curtos e não “menos impactantes” apresentam toda a versatilidade estilística da autora e suas múltiplas facetas enquanto narradora: de prosa realista a prosa poética, de paródia de manuais de autoajuda a fluxo de consciência, de minuciosas investigações psicológicas ao completo nonsense delirante da existência que nos condena. Além disso, o livro é marcado por personagens excêntricos, bizarros, inesquecíveis, entre eles uma mulher que faz de tudo para ser redonda, uma menina que deseja ser enterrada, um torcedor que vive a sua derrocada por causa de uma superstição futebolística banal, uma dentista que testemunha uma morte voluntária, um sujeito que acredita viver entre aliens e um homem obcecado pela figurante de um filme B digna das obras de Ed Wood. Escritos desde o início deste século, vários dos contos aqui reunidos ganharam prêmios importantes. Entre eles o primeiro lugar no Prêmio Municipal da Cidade de Buenos Aires de Conto Inédito 2004/5 e o primeiro lugar no XXXVIII Concurso Latino-Americano de Conto “Edmundo Valadés”, que se somam aos diversos prêmios recebidos posteriormente por Saboroso CadáverDezenove Garras e um Pássaro Preto é uma leitura marcante, com uma das vozes mais singulares da literatura contemporânea. Seus dezenove contos estão sempre com um pé do lado macabro, ainda que alguns de teor sarcástico, e quem leu Saboroso Cadáver sabe que Bazterrica não brinca em serviço. Ela nos leva ao cerne de nossos medos, às nossas fantasias mais delirantes, e ao humor mais feroz. Ela sabe onde fazer o corte e como nos devorar.

Título original: Dicinueve Garras y Un Pájaro Oscuro
Autora: Agustina Bazterrica
Editora: Darkside
Tradução: Ayelén Medail
Gênero: Coletânea de contos
Nota: 4


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