The Bone Witch é o primeiro volume da trilogia de mesmo nome, de Rin Chupeco. Uma fantasia sombria que envolve necromancia, mulheres carregando grandes poderes e monstros terríveis voltando dos mortos para aterrorizar um mundo.
Se você gosta de histórias sombrias, vai curtir:
No passado, conhecemos Tea; ela tem doze anos quando seu irmão mais velho, Fox, é morto em uma campanha contra daevas, monstros que ressurgem de tempos e tempos e precisam ser aniquilados novamente. O problema é que, no funeral de Fox, Tea surta e seus poderes despertam e ela descobre que é uma "bruxa dos ossos"; que se tornará uma asha (como são chamadas as mulheres com inclinações mágicas) ligada à Escuridão. E que pode ser tentada por ela.
Quando uma bruxa dos ossos aparece pra guiá-la e treiná-la, Tea e Fox (agora ressuscitado) partem para uma grande cidade onde a garota vai aprender a comandar seus próprios poderes.
No presente, um bardo visita uma praia coberta por ossos de monstros terríveis, e encontra uma bruxa dos ossos jovem e solitária que promete tecer histórias sobre o que a levou a esse exílio, e porque estar ali é tão importante.
The Bone Witch é um livro muito diferente do que eu esperava, com uma estrutura cativante justamente por fugir do usual. A maneira com que Rin Chupeco amarra a história é inusitada e extremamente criativa, tanto quanto esse mundo - chamado de Os Oito Reinos - de monstros e mulheres poderosas que elu criou.
O sistema de magia, por si só, é super complexo e interessante. Ashas são capazes de controlar elementos, desde os mais básicos como Terra, Fogo, Ar e Água, até Espírito, Relâmpagos; e, claro, Morte. Porque as ashas ligadas à Escuridão convocam runas que lidam com a morte em todos os sentidos da palavra, e são poderosas e temidas e adoradas por isso.
Cada reino tem sua peculiaridade e a história nos apresenta a eles ao mesmo tempo em que os apresenta à protagonista. Tea vem de um vilarejo afastado que pouco tinha a ver com magia, e de repente descobre ser uma controladora e convocadora de mortos com uma tarefa tão árdua à sua frente.
Enquanto outras ashas lidam com entretenimento ou guerra, as ashas da Escuridão lidam com os daevas - como um dos monstros que matou seu irmão. Em vez de deixá-los renascer e aterrorizar o mundo, elas devem usar seus poderes para cessar sua ressurreição e enviá-los de volta à morte. É para isso que Tea vai treinar, e é através dessa jornada que vamos conhecer esse universo.
Achei tudo fascinante. A estrutura do texto nos mantém à flor da pele porque os capítulos no presente, com o bardo, nos contam aos poucos o que aconteceu, mas não nos dão o contexto completo. Ou seja: sabemos que alguém morreu, mas não quem. Sabemos que uma tragédia aconteceu, mas não qual. Então a tensão está ali, sempre que voltamos ao passado.
Os feitiços mais poderosos requerem memórias.
A idade da Tea - quatorze pra quinze anos - também deixou toda a situação que ela está vivendo mais tensa, e é mais crível acompanhar as burrices em que ela se coloca no calor do momento. Especialmente quando comparamos essa personagem ao que ela vai se tornar.
Se tem um defeito em The Bone Witch é que o meio do livro pode se arrastar mais do que deveria. Entre as lições e cotidianos da Tea, algumas partes da metade acabaram soando lentas demais e enfadonhas demais; comparadas ao resto do livro, até desaparecem porque não acrescentam tanto à história quanto o que já sabemos. Sim, ela tem que treinar, mas demorar 100 páginas nisso é um pouco chato.
Eu amei a sociedade em que a Tea é inserida, onde as mulheres representam tanto poder. É culturalmente muito diversa, com personagens de diferentes cantos do mundo, representando diferentes culturas inspiradas naquelas que conhecemos.
Há uma delegação de soldados controladores de elementos também - os Caçadores da Morte, em tradução - mas é nas ashas que as pessoas buscam resiliência, força e sabedoria. Também amei como questiona essa estrutura, porque há personagens que não se encaixam no que a sociedade espera deles e que desejam seguir para um futuro que abrace quem realmente são.
Tantas personagens incríveis que enchem esse livro!
Eu gostei principalmente da Mikaela, a outra bruxa dos ossos responsável por treinar a Tea, e da Zoya, que soou em partes como uma incógnita e em partes como uma personagem muito interessante para o desenrolar da trama.
A relação mais forte da Tea na história toda é com o Fox, seu irmão ressuscitado. A ligação mágica deles é tão forte quanto a familiar, e eu adorei acompanhar as interações e o quanto eles importavam um para o outro. O Fox, em si, é um ótimo coadjuvante, com uma história paralela legal para toda essa reviravolta que ele está vivendo.
Se há uma coisa que as pessoas desejam mais do que uma boa história é contar as suas próprias histórias.
Há outros coadjuvantes importantes, ainda que a gente não conheça a totalidade da sua importância, como o Forjador de Corações (porque, nesse universo, as pessoas carregam seus corações em cordões, pedras que contém toda sua história de vida e emoções), o guerreiro Kalen e o príncipe Kance. Se você, como eu, não gosta de instaloves, relaxa que não tem aqui; é só uma crush engraçadinha que talvez se desenvolva em alguma coisa mais, mas você descobre lendo.
The Bone Witch tem ação, reviravoltas e um último capítulo pra te deixar EITA! para a continuação. Esse primeiro volume me provou que fiz bem em confiar em Rin Chupeco, porque elu sabe como cativar com uma história estranha e sombria.
Sinopse: Deixe-me ser clara: eu não pretendia trazer meu irmão de volta dos mortos, ainda que ele diga o contrário. Se aprendi alguma coisa com ele nos anos que se passaram, é que os mortos escondem a verdade tão bem quanto os vivos. Quando Tea acidentalmente ressuscita seu irmão, ela aprende que é diferente das outras bruxas de sua família. Seu dom é a necromancia e ela é uma bruxa dos ossos, um título que faz com que seja temida e banida por sua comunidade. Mas Tea encontra apoio e ajuda em uma bruxa dos ossos mais velha e sábia, que leva Tea e seu irmão para outra terra para treinar. Em sua nova casa, Tea coloca toda a sua dedicação em se tornar uma asha - alguém que pode manejar elementos mágicos. Mas forças sombrias se aproximam rapidamente, e frente a frente com o perigo, Tea vai ter que superar os próprios obstáculos e fazer uma escolha poderosa.
Título original: The Bone Witch
Editora: Sourcebooks Fire
Autoria: Rin Chupeco
Gênero: Fantasia | YA
Nota: 4
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