Resenha: Jogos de Herança - Jennifer Lynn Barnes

O primeiro volume da trilogia de Jennifer Lynn Barnes não poderia ter sido melhor. Jogos de Herança acompanha a história de Avery, uma garota comum que está com problemas financeiros quando recebe uma notícia: ela acabou de herdar bilhões de dólares de um morto.

Se gostou desse livro, pode se interessar por:

• Academia dos Casos Arquivados, de Jennifer Lynn Barnes
• Mentirosos, de E. Lockhart
• Sadie, de Courtney Summers
• Monday's not coming, de Tiffany D. Jackson
• Depois, de Stephen King

Avery vive em um carro. Ela e a meia-irmã têm enfrentado muitos problemas financeiros e se viram como podem. Com vários empregos e tentando equilibrar isso ao fato de ainda estar no ensino médio, Avery sabe que não tem muita perspectiva para um futuro promissor.

Eis que um dia ela recebe uma notícia para virar a vida de ponta cabeça: ela herdou bilhões de dólares de um filantropo que morreu recentemente. Ninguém sabe como isso aconteceu, mas Hawthorne deixou toda a sua fortuna para essa garota desconhecida. Com algumas regras.

Quando chega na mansão e passa a vivenciar o luxo e a opulência da família Hawthorne, Avery percebe que há mais segredos entre as paredes daquele lugar do que passagens secretas e mistérios antigos. O patriarca dos Hawthorne deixou para ela mais do que uma fortuna: ele deixou um enigma a ser solucionado.

O que eu achei de Jogos de Herança?

Jogos de Herança é, realmente, uma leitura perfeita para quem gostou de Entre Facas e Segredos. Também acho uma ótima leitura para quem gosta de Agatha Christie, porque tem aquela vibe de "não dá para confiar em ninguém" desde que as coisas ficam malucas na vida da Avery.

A autora nos conduz pela confusão da protagonista muito bem. O começo é cheio de perdição e personagens soltos que, com o tempo, se tornam familiares para o leitor e também para a personagem principal. 

Esse livro é a uma experiência que eu defino como "eu odeio gente rica". O absurdo que é a vida de privilégios dos Hawthorne nunca acaba. Ainda que eles carreguem problemas, o tempo todo eu me via pensando "pqp mas tinha que ser um playboy mimado mesmo né" para todos os personagens.

Isso significa que eu odiei eles? Não. Mas não senti muita empatia também. O fato de ter muitos personagens acabou me atrapalhando de me conectar com qualquer um deles - além da Avery e da irmã - porque soou informação demais. O tempo todo.

Sobre os personagens do livro

Havia Hawthorne para tudo que é canto, aí também tinha personagens na nova escola da Avery, coadjuvantes entre os empregados da mansão, a vida particular dela antes de ir para a mansão, etc. Muita gente para um livro introdutório. E eu entendo que é justamente para mostrar a confusão e a quantidade de coisas acontecendo ali, mas eu achei um pouco confuso demais, mesmo depois de conseguir reconhecer cada um deles na narrativa.

Outra coisa que me deu preguiça em Jogos de Herança foi o triângulo amoroso. Ela tenta, mas acaba desenvolvendo os dois lados dele muito mal romanticamente. Eu gostei do Jameson como personagem, gostei do Grayson como personagem. Detestei os dois como interesses amorosos (dito isso: Team Grayson).

Achei os rapazes muito interessantes como coadjuvantes, com seus mistérios soturnos e suas personalidades bem distintas. Eles funcionam com a Avery e com o mistério, mas não com a tensão romântica. Isso eu achei fraquíssimo da parte da narrativa, e espero que melhore nos próximos livros.

O enigma que cerca a Avery e o por que de ela estar ali é muito legal. Eu me vi vidrada na construção da investigação, nos mistérios que existem dentro da mansão e fora dela, e no caminho de pistas e resoluções que o Hawthorne deixou não apenas para ela, mas para a família.

O final de Jogos de Herança, aliás, me deixou de queixo caído. É bombástico, muito bem encaixado e orquestrado. Estava ali o tempo todo, só que eu não vi chegando. Me instigou a continuar lendo para ver para onde a história dessa trilogia vai!

A edição da Alt é bem confortável, mas eu não gostei da tradução. Não sei se o texto original da autora é truncado assim, mas pareceu repetir demais alguns termos, não contribuiu para deixar uma adaptação fluída e gostosinha de ler. Ainda que eu tenha devorado o livro, eu me peguei pensando demais no texto, o que atrapalhava a imersão.

Jogos de Herança é um ótimo primeiro livro para uma trilogia que promete mistérios interessantes e entrega quase um jogo de Detetive. Só que, nele, você não tem que descobrir quem matou, mas o que o morto deixou para trás.

Sinopse: A sorte de Avery Grambs muda no instante em que o bilionário Tobias Hawthorne morre e deixa toda a sua fortuna para ela. Só que Avery não tem ideia de quem é Tobias. Para receber a herança, ela deve se mudar para a enorme Casa Hawthorne, onde cada cômodo tem o toque do magnata – e seu amor por quebra-cabeças, enigmas e códigos. Presa em um mundo de riqueza, privilégios e perigo, a jovem terá que jogar sozinha para lidar com a família que Tobias acabou de despojar, incluindo os quatro netos do bilionário, que cresceram com a expectativa de que um dia herdariam a fortuna.

Título original: The Inheritance Games

Editora: Alt

Autora: Jennifer Lynn Barnes

Tradução: Isadora Sinay

Gênero: YA | Mistério e suspense

Nota: 4

SKOOB