The Final Girl Support Group (Grupo de Apoio a Garotas Finais, em tradução livr) de Grady Hendrix é um slasher que imagina um mundo onde o conceito de "garotas finais" existe na vida real. Dessa forma, acompanhamos enquanto um grupo delas tenta lidar com o trauma ao mesmo tempo em que um novo assassino parece querer acabar com todas elas.
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Nessa história vamos acompanhar um grupo de 6 mulheres mulheres que são consideradas as únicas sobreviventes de massacres. Elas são produtos dos anos 70, 80 e 90 e pelos últimos quinze anos fazem terapia em grupo para aprender a lidar com o trauma de seus ataques.
Nesse grupo, conhecemos a Dra. Carol, a terapeuta que vem ajudando-as há anos, e mais:
- Julia, uma ativista cheia de raiva que acabou na cadeira de rodas depois do seu segundo ataque de um assassino mascarado chamado de Fantasma;
- Marilyn, uma socialite e southerbelle, que viu os irmãos e melhor amiga morrerem nas mãos de uma família de canibais;
- Dani, uma mulher lésbica que foi perseguida pelo irmão problemático e acabou tendo que matá-lo quando ele retornou para matá-la uma segunda vez;
- Heather, cuja história até hoje é meio confusa, mas que aparentemente é a única sobrevivente do "Rei dos Sonhos" e que acabou usando as drogas como uma válvula de escape;
- Adrienne, a única sobrevivente de um massacre no seu acampamento de verão, que acabou virando militante pela causa das sobreviventes;
- e Lynnette, uma mulher paranóica que, por duas vezes, sobreviveu ao massacre de sua família na noite de Natal.
Na história, que acompanhamos pelo ponto de vista de Lynnette, elas se encontram uma vez ao mês nessa terapia em grupo como uma forma de encontrar maneiras seguras para lidar com a raiva e a culpa e o medo constante.
Nós [garotas finais] somos uma espécie ameaçada. E por isso, sou grata.
Até que um dia o maior medo de Lynnette se torna real: Adrienne é assassinada no acampamento de verão que ela transformou em um santuário para sobreviventes. O massacre deixa uma única sobrevivente, Stephanie, que agora é uma "garota final" — algo que o mundo não via há anos.
Com isso, Lynnette tem a certeza de que um dos seus monstros está a solta, e sua intenção é acabar com todas as garotas finais que ainda restam no mundo.
A princípio, ninguém acredita em Lynnette. O que faz com que ela duvide de si mesma. Mas quando ela e Julia são atacada em sua própria casa, Lynnette entra no modo sobrevivência, fazendo de tudo para que as amigas — e única família que lhe resta — fiquem a salvo.
Homens morrem porque cometem erros. Mulheres? Nós morremos porque somos mulheres.
E é aí que começa a história, desvendando aos poucos o passado e trauma de cada uma das sobreviventes, colocando Lynnette em situações cada vez mais perigosas e forçando-a a lidar com a realidade, com o que fez (ou deixou de fazer) e com a verdade de que não pode se esconder para sempre.
Como assim "garotas finais"?
No gênero slasher, as "garotas finais" são as mulheres que se tornam as únicas sobreviventes de um massacre, como a Laurie em Halloween, a Julie em Eu sei o que você fez no verão passado ou a Sidney em Pânico.
Em The Final Girl Support Group, Grady Hendrix traz esse conceito para o mundo real onde, em um período de 1970 até 1990, essas sobreviventes foram transformadas em "celebridades", cujas histórias viraram filmes blockbusters e seus traumas explorados cada vez mais.
Todas elas são mulheres, o que não é muito estranho, já que a dra. Carol é especialista em vítimas de violência e essa parece ser a única coisa que as mulheres tem muito.
Além disso, o autor usa a ideia de sequência ao criar as personagens, uma vez que cada uma delas foi atacada duas vezes. Na história, Lynnette inclusive chega a dizer que você só é uma garota final de verdade, depois de sobreviver a sua sequência.
Aliás, um dos pontos altos pra mim foi que cada capítulo era nomeado como uma sequência de filme slasher (que tem fama de serem franquias infinitas) e também como no fim de cada capítulo ele nos apresenta com algum trecho de matéria jornalistica ou entrevista com as vítimas, listas de blog falando sobre seus filmes, relatórios policiais, comentários em fóruns, tudo para auxiliar na imersão desse mundo onde Garotas Finais são reais. Um produto da violência masculina transformado em algo rentável para companhias bilionárias.
Minhas impressões de The Final Girl Support Group
O livro foi bem diferente do que eu esperava, embora eu não saiba bem o que esperava dele.
A ação já começa logo de cara e por um momento fiquei meio atordoada, como quando li a parte final de Divergente e fiquei até as últimas páginas achando que estava lendo uma simulação.
E acho que isso contribuiu muito para que eu entrasse na cabeça da Lynnette. Porque estamos tão atordoados quanto ela, já que não estava esperando cair logo de cara na ação. Ela está em constante movimento, o que nos dá pouco tempo para processar tudo que estamos lendo enquanto estamos lendo. E isso contribuiu muito para a minha sensação de imediatismo, nervosismo e perda de controle enquanto lia.
Depois de um tempo, você começa a perceber que sua vida não é a coisa que acontece entre um monstro e outros, sua vida é os monstros.
Eu só conseguia realmente processar tudo que estava acontecendo em The Final Girl Support Group quando fechava o livro. E foi uma das coisas mais legais dessa leitura.
Outra coisa que eu também achei legal foi ficar tentando adivinhar, enquanto a gente ia recebendo informações sobre as personagens, em qual filme slasher Grady tinha se inspirado para escrever a história de cada uma delas.
A história em si também é muito bem feita. Eu amei tudo que o Grady Hendrix trouxe para ela, desde os pequenos detalhes sobre esse mundo onde garotas finais são reais, como memorabilia dos assassinatos (que é algo muito real, inclusive), até os fóruns de internet e os "fãs" de seus monstros, os filmes inspirados na vida delas e as diferentes formas que a culpa, o medo e a raiva se manifestam em cada uma delas.
The Final Girl Support Group também toca em alguns temas bem sensíveis e reais. Além do trauma e da culpa de sobrevivente, que já era de se esperar, o autor fala sobre a exploração midiatica de crimes reais, a violência de armas de fogo, a violência masculina e constante vitimização das mulheres e até mesmo da máxima de lucro acima de tudo — inclusive vidas humanas.
Eu amei cada um dos detalhes de The Final Girl Support Group, desde o humor satírico e sarcástico até as alfinetadas em situações reais.
Inclsuive, acho que foi aqui que cimentou o quanto eu amo as histórias do Grady Hendrix. Foi a terceira história dele que eu li e, embora eu tenha curtido muito O Exorcismo da Minha Melhor Amiga e Ankle Snatcher, não vejo nada superando essa.
Sobre as personagens de The Final Girl Support Group
O que dizer delas? As amo todas.
Ok, talvez não muito a Heather.
Não consegui me conectar muito com ela, porque a Heather é uma das personagens mais egoístas e egocêntricas que já li. O que não é necessariamente ruim, porque ela é quem precisa ser para a história. Mas não criei muito uma conexão com ela.
Porém, acho que isso também é um ponto alto da escrita do Grady Hendrix. Porque escrever personagens detestáveis, as vezes, é muito mais difícil do que os gostáveis. E ele conseguiu tornar todas essas mulheres muito reais.
Isso algum dia vai acabar? Sempre vai ter alguém lá fora, transformando garotinhos em monstros? Sempre seremos garotas finais? Sempre vai existir monstros matando a gente? Como impedimos a cobra de comer seu próprio rabo?
Eu realmente senti a dor delas com a perda da Adrienne. E a forma como a Lynnette fala e descreve ela, fez com que eu chorasse mais de uma vez.
Também gostei muito da Dani, que embora as vezes seja uma lésbica meio caricata, ela também foge bastante dos estereótipos em outras ocasiões.
A verdade é que todas elas são um grupo muito improvável, mas é fácil ver como elas são a família uma da outra. Porque por mais diferentes que elas sejam, por mais pessoas que tenham em suas vidas, tem uma parte delas que ninguém consegue entender, se não esse pequeno grupo.
A dinâmica delas também é muito boa, a forma como não desistem uma da outra e continuam se apoiando, mesmo quando as coisas ficam muito complicadas. Complicadas do tipo tem gente morrendo e sendo presa e ninguém acredita que estamos em perigo.
Enfim, lembro de até comentar com a Denise como as personagens eram bem feitas, como elas falavam de coisas que de fato a gente consegue se identificar, mesmo que não tenhamos nada em comum. Porque estão falando dessa grande experiência de ser mulher em um mundo que odeia a gente.
Considerações finais sobre The Final Girl Support Group
Para ser bem sincera, eu queria ficar um dia inteiro falando sobre tudo desse livro. Mas acho que se falar muito mais, ele pode perder a força. Porque uma das coisas que mais me impactou na leitura foi o fato de que eu sabia muito pouco sobre ela. Até porque, o que está na sinopse, não nos prepara para o que vem pela frente.
Inclusive, é bem o motivo de eu ter omitido algumas personagens que aparecem e trazem algumas reviravoltas muito legais para a história. Porque a surpresa torna tudo ainda mais eletrizante e interessante.
Ela disse que tem apenas duas forças no mundo e que uma equilibra a outra: vida e morte. Criação e destruição. Mas ela está errada. Tem apenas uma. Porque não importa o quanto a gente tente, não conseguimos parar a vida. Não importa o quanto a gente lute, não importa quantas pessoas matamos, as coisas continuam mudando e crescendo e vivendo, e as pessoas se perdem e caem e voltam e nascem e seguem em frente, e não importa se é muito, se é difícil, a vida só continua e continua.
Mas, no fim das contas, The Final Girl Support Group é um livro excelente para quem curte terror ou quer começar a se aventurar. Porque Grady Hendrix tem muito bom humor e jogo de cintura para fazer com que a história, por mais pesada que seja, ainda tenha uma certa leveza.
Seja com acontecimentos absurdos, diálogos afiados ou ações inesperadas das personagens. A história nunca fica pesada demais para que você se sinta deprimida demais para seguir em frente. E é uma das coisas que eu mais gosto nos livros dele.
Portanto, leiam The Final Girl Support Group. E juntem-se a mim no circulo de oração para que a intrínseca traga ele logo par ao Brasil, para que cada vez mais pessoas possam ler!
Sinopse: Lynnette Tarkington é uma garota final da vida real, que sobreviveu a um massacre. Por mais de uma década, ela tem encontrado cinco outras garotas e sua terapeuta em um grupo de apoio para sobreviventes do impensável, trabalhando para colocar sua vida de volta nos eixos. Até uma mulher perder um dos encontros e os piores medos delas se realizam: alguém sabe sobre o grupo e está determinado a destruir suas vidas de novo, pedaço por pedaço. Mas uma coisa sobre as garotas finais é não importa suas chances, o quão escuro é a noite ou quão afiada é a faca, elas nunca, jamais, vão desistir.
Título original: The Final Girl Support Group
Autor: Grady Hendrix
Editora: Titan Books
Gênero: Terror | Slasher
Nota: 5+
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