Resenha: Pátria - A Lenda de Drizzt - R.A. Salvatore

O primeiro livro da Trilogia do Elfo Negro, escrita por R.A. Salvatore, é um mergulho no fantástico universo de Dungeons & Dragons. Também foi a primeira leitura do Clube de Leitura do Queria Estar Lendo. Pátria foi uma surpresa para mim, do começo até o final.

Se gostou dessa história, pode curtir:

• O Caminho dos Reis, de Brandon Sanderson
• Ordem Vermelha, de Felipe Castilho
• A Oração dos Miseráveis, de Gareth Hanrahan
• A Quinta Estação, de N.K. Jemisin

A história se passa no subterrâneo, onde os poderosos drow comandam seu reino com punhos de ferro. Em Menzoberranzan, a lei é a do mais forte. Ali existe uma sociedade matriarcal que venera Lolth, a Deusa Aranha, e o poder acima de tudo.

As casas de poder mais elevadas participam dos conselhos e são próximas da Deusa, e é isso que os Do'Urten almejam mais do que tudo. E, nessa sociedade, existe uma regra: se houver um golpe, se uma casa tentar derrubar a outra, não deixe nenhum sobrevivente para trás. Se ninguém se lembrar que um crime horrendo foi cometido, ele jamais foi cometido.

É assim que começa a história dos Do'Urten, com um golpe para derrubar uma casa. É assim que começa a história de Drizzt, nascendo da matriarca de sua família no dia em que esse golpe aconteceu.

Acho que o único defeito de Pátria, para mim, foi o começo. As primeiras 60 páginas, quando a introdução tá acontecendo e você ainda está se situando no universo (ainda que Baldur's Gate 3 tenha me salvado muitos termos do mundo dos drows, valeu Minthara!) é tudo bem confuso. Tem muitos nomes que aparecem em grande quantidade, tem uma enorme torrente de informações destrinchadas dentro de poucas páginas e tem um golpe importantíssimo acontecendo e estabelecendo a postura de várias personagens dentro disso.

Eu fiquei com medo de não me ligar à história por causa disso, mas persisti. E que bom que persisti! A partir do momento em que o Drizzt toma as rédeas da trama, e que o núcleo de personagens se situa sobre ele, sobre o mestre das armas dos Do'Urten e sobre dois outros personagens envolvidos no golpe, aí sim as coisas fluem.

Pátria é um livro de fantasia muito divertido, em todos os sentidos da palavra. Eu me peguei ansiosa para avançar na história, me apeguei aos personagens (menos ao Alton, chato dos infernos), adorei a ambientação tensa e cruel do subterrâneo, com pequenos vislumbres do que poderia ser um mundo menos hostil se os drows abandonassem suas tradições.

Drizzt é o tipo de protagonista que nasceu para sofrer. Ele já nasceu em sofrimento, e daí pra frente é só pra trás. E, ainda assim, ele não deixa de ser gentil, empático e atencioso. Ele é um coração em meio a um mar de espinhos, e é isso que torna o personagem tão interessante.

Ele tem um desenvolvimento muito gradual, dentro da sua inocência e bondade. Ainda que o mundo não o dobre ao horror, ele passa por provações que vão moldar sua postura. Drizzt e Kaladin Stormblessed, os dois a 80km/h, quem sofre mais?

Tem um leque de personagens importantes na história do Drizzt, com destaque para a Matriarca Malícia e o Zak. Os dois são essenciais para o protagonista, à sua maneira. Uma por representar a sociedade drow em seu cerne, com toda a crueldade e maldade que eles carregam. O outro por representar um desafio a essas tradições. Mesmo parte dela, ele não se dobrou por completo.

Do outro lado da moeda, temos um núcleo inusitado (e por vezes muito cômico) de um sobrevivente e um oportunista. Alton e Masoj são quase um casal de velhos, o tempo todo se bicando e tentando se atrapalhar, ao mesmo tempo em que precisam trabalhar juntos para ter a sua vingança e seu poder.

As cenas de ação de Pátria são muito bem descritas, carregadas na tensão e na adrenalina. A riqueza do universo de Dungeons & Dragons (com destaque no universo dos elfos negros) é enorme e bem explorada na história. Ainda que seja só o primeiro capítulo de uma trilogia (que se desenvolveu em uma série de trinta e seis livros), já faz muito em usar o mundo e o que ele tem a oferecer para construir a ambientação.

A Lenda de Drizzt me pegou de surpresa e agora se tornou uma das histórias que eu mais estou ansiosa para continuar acompanhando. Pátria foi uma excelente leitura, mesmo com os escorregões do começo, e entregou um final épico para abrir a grande jornada do seu protagonista.

Sinopse: "Status é o paradoxo do mundo do meu povo, a limitação do poder pela própria sede de poder. É obtido através de traição, e convida à traição contra aqueles que o obtiveram. Os poderosos em Menzoberranzan passam seus dias olhando para trás, para se defender das adagas apontadas para suas costas. Suas mortes geralmente vêm pela frente." Este clássico best-seller do New York Times inicia a história de um dos personagens mais intrigantes da literatura de fantasia. Acompanhe o elfo negro Drizzt Do’Urden no começo de sua busca por seu destino no sombrio mundo abaixo da superfície.

Título original: Homeland

Autor: R.A. Salvatore

Editora: Jambô

Tradução: Carine Ribeiro

Gênero: Fantasia

Nota: 4,5

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