O Rei de Amarelo foi uma das minhas primeiras leituras de 2025 desencalhando livros da estante. Essa coletânea de contos, do autor Robert W. Chambers, é um clássico do terror carregado em mistérios.
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As várias histórias que compõem esse livro acompanham personagens em diferentes cenários e épocas (em sua maioria, em Paris) vivendo seu cotidiano e as estranhezas dele. O que as tramas têm em comum é que o livro O Rei de Amarelo, em algum momento, vai entrar em seu caminho. Para o bem ou para o mal.
Eu não sabia muito o que esperar do livro. Tudo que conhecia dele era que tinha inspirado outros autores do gênero, como H.P. Lovecraft, e que tinha um pé no terror bizarro e sem muita explicação. E é o que eu encontrei!
O Rei de Amarelo é dividido em duas partes. A primeira dela foi a minha favorita, com histórias que evocam uma sensação esquisita. Quase o vale da estranheza, só que em palavras. Sabe quando você sente um desconforto, mas não sabe por quê? É o que eu senti lendo esses contos.
O segundo ato do livro traz mais histórias que se envolvem com esse grande mito construído até então, que é o Rei de Amarelo. Não se sabe muito a respeito dele, até porque os personagens que cruzam o caminho desse livro também não sabem. Alguns o veneram, outros o temem, outros se veem engalfinhados na sensação estranha que é passar pelas páginas dele.
Chambers usa muito das emoções para guiar seus personagens. À frente de seu tempo, ele imagina sociedades onde a supremacia branca a tudo dominou (veja bem, esse livro é de 1895. Esse homem escreveu sobre uma Estados Unidos controlada por uma supremacia eugenista antes mesmo do nazismo existir!), pinta cenários em que substâncias estranhas transformam seres vivos em mármore, explora conflitos de ciúme, paixão e família.
O segundo ato, em comparação ao primeiro, não me prendeu tanto. As histórias continuam usando muito do terror incompreensível, mas não foram tão cativantes quanto as anteriores. A da substância, aliás, me causou um mal estar esquisito que eu ainda não sei explicar! Só foi tão bem escrita e tão estranha que me ganhou nas primeiras páginas, com um final desconfortável.
A edição da Darkside ficou muito bonita. A tradução de Andrio Santos também é excelente, com uma adaptação fácil de acompanhar do que eu imagino que não é um texto fácil em inglês.
O Rei de Amarelo teve altos e baixos, mas, num contexto geral, foi uma boa leitura do bizarro e do terror que serviu de inspiração para tantos nomes grandiosos do gênero que vieram depois.
Sinopse: Para iniciar esta jornada coletiva, escolhemos um dos livros mais enigmáticos da literatura: O Rei de Amarelo, de Robert W. Chambers, uma obra fundamental que nos conduz pelo labirinto sem fim de todas as manifestações artísticas, uma história entranhada na cultura pop, em literatura, televisão, cinema, quadrinhos, jogos de tabuleiro, RPG, video games, desenhos animados, séries e até no controverso prisma da inteligência artificial. Em contos sombrios que exploram a relação entre arte, paixão e loucura, Chambers mergulha o leitor em um mundo de horror cósmico, onde o poder do Rei de Amarelo é temido e respeitado por todos aqueles que têm a infelicidade de conhecê-lo. Com uma prosa rica em detalhes e um senso de atmosfera intenso, Chambers cria uma obra-prima de terror literário que é igualmente fascinante e aterrorizante. Servindo de inspiração para os mundos de H.P. Lovecraft e Robert E. Howard, para os bizarros seres de Guillermo Del Toro, Neil Gaiman e Alan Moore e para as visões da primeira temporada da série True Detective, a obra de Chambers tem motivado dezenas de autores e criadores por todo o século XX e além. Ecoando mitos do passado, lendas de hoje e horrores de uma América que ainda estaria por vir, Chambers conduz seus leitores pelas ruas sombrias de uma Carcosa povoada de monstros, artistas e heroínas, todos contaminados pela trama de um livro maldito que aproxima nomes como Oscar Wilde, Charlotte Perkins Gilman, Richard Matheson, Ray Bradbury e Stephen King.
Título original: The King in Yellow
Autor: Robert W. Chambers
Editora: Darkside
Tradução: Andrio Santos
Gênero: Terror
Nota: 3,5
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