Uma Morte tão Doce é o lançamento da editora Pitaya que chegou pra gente em cortesia. Na história, quatro adolescentes passaram por uma crise viral e sofreram consequências irreversíveis. Mas só querem viver a normalidade, por isso resolvem participar de um festival de música. O problema é que a normalidade não parece querer acompanhá-las.
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Sobre o que é Uma Morte tão Doce?
Zoey, Celeste, Val e Jasmine são Vazias. Esse é o nome dado aos carniçais, pessoas que foram infectadas durante uma crise viral que devastou e transformou a humanidade. Agora, elas não podem mais se alimentar normalmente. Precisam de carne humana sintética para coexistir com as outras pessoas, o que deixou a sociedade bem dividida. Mas não importa, porque elas têm umas às outras!
Por isso, as quatro garotas resolvem participar de um festival de música no meio do deserto, onde vão poder esquecer dos problemas. Infelizmente para elas, os problemas as encontram quando, numa noite, depois de uma festa badalada, uma delas se descontrola e devora o membro de uma banda. Depois de esconder o corpo, elas precisam entender o que foi que aconteceu e, principalmente, se esse é só o começo de uma mudança radical na vida dos Vazios.
Uma Morte tão Doce foi tudo que eu esperava, e mais! Se Garota Infernal e Quatro Amigas e um Jeans Viajante tivessem um filho, seria esse livro.
Algumas resenhas do Goodreads tinham me deixado com medo porque criticaram o desenvolvimento "simples". Daí eu parei pra pensar no que isso significava, exatamente. Eu sempre me pego um pouco hmm quando vejo comentários do tipo "ai mas a história foi muito boba" ou "é tudo muito simples" quando se trata de um Young Adult porque... é. Essa é a questão. Não é para ser uma história revolucionária, muito menos complexa. É um horror gráfico simples e simpático sobre quatro amigas que, transformadas por um "apocalipse", só querem aproveitar um festival de música. A premissa é essa.
Lembro de uma obra de arte que vi uma vez que dizia que as pessoas que amamos se tornam fantasmas dentro de nós. O que percebi naquele momento foi que o mesmo valia para as pessoas que matamos.
Aparece um problema, que envolve elas, e elas precisam resolver. Pronto, acabou. Tem toda a questão com as relações entre elas e suas relações com o terror que é existir em um mundo que não as recebe abertamente (o paralelo sobre ser uma pessoa queer / ser uma carniçal é escancaradamente bem orquestrado aqui). Mas não é Jogos Vorazes. Não é para ser. Não é profundo ou revolucionário. É só divertido, e tá tudo bem!
Às vezes, tudo que um livro de horror com adolescentes precisa é quatro amigas enterrando um corpo e lidando com o problema que levou até isso. E Uma Morte tão Doce faz isso bem demais.
Eu já estava esperando não simpatizar tanto com a protagonista ou com uma coadjuvante porque isso costuma acontecer em histórias YA, mas aqui foi o contrário. Eu amei todas elas! Elas são bobas, têm dilemas interessantes, vivem umas picuinhas bocós e, acima de tudo, se apoiam mais do que qualquer coisa. Como adolescentes têm que agir! Enterrar um cadáver pelas suas amigas é um gesto de amor sem tamanho.
O que eu achei das personagens de Uma Morte tão Doce?
A Zoey foi uma personagem bem legal. Ela é mais centrada e racional, mas tem seus rompantes de "cara, a gente tá na merda" que são muito engraçados. Gostei bastante da Celeste, que traz o charme e o brilho de ser uma influencer que sabe que tem um poder ou dois de manipulação à sua disposição. A Val vive um grande dilema enquanto tenta equilibrar isso ao que elas vieram fazer ali, que é se divertir. Enquanto a Jasmine tenta ser a balança do grupo, pendendo sempre para onde precisam dela.
Caramba, que babacas. Aposto que iam ter um gosto delicioso junto dessa Fanta com vodca.
Uma Morte tão Doce é um livro bem queer, também, o que é uma maravilha. Foi escrito por uma pessoa queer (Kayla Cottingham vai pelos pronomes ela/elu, então dá para ver o cuidado que trouxe ao escrever as garotas. Celeste é trans, Zoey e Val são bi e Jasmine é lésbica). Olha a cultura woke! Olha a lacração!
A questão com os carniçais é um paralelo muito interessante a ser LGTBQIA+ e é até descarado em alguns momentos. O modo com que "se revelar" um Vazio te transforma em pária para algumas pessoas, como existe um grupo de apoio entre carniçais, mas não entre pessoas comuns; o jeito com que a sociedade trata a transformação. Ainda que tenha sido normalizado, por causa das carnes sintéticas e das adaptações, ainda é mal visto. Ser diferente, ser um carniçal, é um problema que outras pessoas, que não os carniçais, não entendem. Tem quem queira matá-los por ser quem são, tem quem os apoie, tem quem simplesmente finja que não existam.
Considerações finais
Uma Morte tão Doce tem um pouco de sanguinolência, com direito a tripas e tudo mais, no decorrer da narrativa que eu, particularmente, adorei. Afinal de contas, estamos falando de adolescentes que se transformam em monstros para devorar carne fresca. E tem uns cadáveres pelo caminho. O motivo para isso acontecer, o que está rolando ali no festival, é bem legal também. Algumas reviravoltas me pegaram genuinamente de surpresa, o que eu adorei.
A tradução da Sofia Soter ficou ótima, com uma adaptação bem simpática e termos que combinam com o humor que a narrativa está passando. Eu também gostei muito da revisão e da diagramação da Pitaya, tudo bem confortável para a leitura.
- Eu não me preparei para arrombar um prédio abandonado quando estava fazendo a mala para um festival de música.
Uma Morte tão Doce já me trouxe um favorito para o ano de 2025. Com uma narrativa leve e descontraída, cheia de sangue e tripas, Kayla Cottingham conta a história de quatro amigas e um cadáver viajante.
Sinopse: Há alguns anos, uma porcentagem da população sofreu o Esvaziamento, uma condição que faz os afetados terem apetite por carne humana. Felizmente, os cientistas do governo conseguiram desenvolver uma carne sintética capaz de saciar os Vazios e assim a sociedade pode esquecer os horrores dos primeiros dias da doença e a vida voltou ao normal ― ou quase isso. Corta para um grupo de amigas viajando a caminho de um festival de música no coração do deserto. Zoey, Celeste, Val e Jasmine são Vazias e se reuniram para uma última diversão juntas antes de irem para a faculdade. No porta-malas, levam um cooler cheio de água tônica, vodca e carne humana sintética, prontas para curtir o final de semana perfeito, repleto de drinques, pegação e música boa ― até que uma delas fica fora de si no meio de uma festa e acaba devorando, literalmente, o integrante (babaca) de uma banda que acabaram de conhecer. Conforme outras pessoas começam a desaparecer, as garotas percebem que há alguém querendo atingir Vazios como elas. E, se não descobrirem logo como parar isso, ninguém sairá do festival com vida.
Título original: This Delicious Death
Autore: Kayla Cottingham
Editora: Pitaya
Tradução: Sofia Soter
Gênero: Horror | YA
Nota: 5+
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