Chama Extinta, de K. A. Cobell, publicado por aqui pela editora Plataforma21, é um thriller adolescente sobre pertencimento e comunidade, mas também sobre descaso e negligência. Uma história forte e que nos deixa roendo as unhas para descobrir o culpado.
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Mara mudou-se a pouco tempo para a reserva Blackfeet. Mesmo muito convicta de suas raízes indígenas, ela é excluída pelos demais adolescentes. Até que, durante uma cerimônia do Pow Wow - o encontro de povos indígenas da América do Norte - ela recebe um presente de Loren, uma garota que ainda sofre com o desaparecimento de sua irmã mais velha, alguns meses antes.
Mas o que parece o início de uma trégua entre elas, logo toma uma virada quando encontam o corpo de Samantha Whitetail, a melhor amiga de Loren e maior bully de Mara.
Apesar de abrirem a investigação, nem a polícia da reserva ou o FBI parecem muito empenhados em encontrar o verdadeiro culpado. Tudo que eles querem é colocar a culpa em alguém e dar o caso por encerrado.
Podemos superar qualquer coisa, mas não deveríamos ter que fazer isso.
Mas quando parece que o caso de Samantha e da irmã de Loren estão conectados, Mara e ela, ao lado de Brody e Eli, começam a investigar. Porque a polícia vai fazer de tudo para encontrar um culpado e o verdadeiro assassino vai fazer de tudo para não ser pego.
Chama Extinta foi o livro de maio do Clube do Livro do QEL e tem selo de aprovação de todo mundo. Foi uma história intensa e, de fato, me deixou sem saber quem era realmente o culpado.
Dividido pelo ponto de vista dos quatro adolescentes + um desconhecido, a história é tão bem amarrada e tem um ritmo tão ansioso que fiquei em dúvida com as minhas teorias. Não achei ela tão cheia de reviravoltas quanto outras por aí, mas mesmo assim, conseguiu surpreender e me deixar pulando de um suspeito para outro, sem realmente adivinhar tudo antes do fim chegar.
Mas mesmo que as suas suspeitas, no fim, estejam certas, a história ainda consegue surpreender.
Gostei bastante dos personagens, Mara e Eli definitivamente foram os meus favoritos. Gostei de como cada um tinha uma personalidade bem marcada, objetivos claros e como dava para ver que tudo que faziam era por causa disso.
Quão bem conhecemos as pessoas? Todo assassino é o filho de alguém.
Também achei a ambientação excelente. A autora descrevia e falava da reserva de uma forma muito familiar e corriqueira, o que fez com que eu me sentisse bem dentro dela e da vida dos personagens. Foi muito rico e ao mesmo tempo muito simples.
Um dos pontos mais interessantes para mim foi como K. A. Cobell conseguiu falar tão bem sobre os desaparecimentos de mulheres indígenas - que são as maiores vítimas desse tipo de crime nos EUA e no Canadá, com uma grande subnotificação. Pesquisas mostram que, em algumas reservas dos EUA, o número de homicídios de mulheres indígenas chega a ser 10 vezes maior do que a média nacional.
Pensando nisso, da para entender porque a crítica a maneira como a polícia e o estado lidam com isso está presente em Chama Extinta desde o primeiro capítulo. Além disso, a autora também critica a apatia e desunião das comunidades - que também é um projeto político para enfraquecer e apagar a identidade indígena.
Chama Extinta se passa durante o Pow Wow, e frequentemente vemos os participantes referirem-se uns aos outros como irmãos. Mas na prática, a comunidade está fragmentada. Podemos ver isso na forma como a avó repreende Loren por passar tempo com Brody. Na forma como Brody - e mais tarde sua mãe - hesitam e até se recusam a ajudar Eli.
- Se quer se safar de um assassinato, é só cometê-lo em uma reserva indígena.
Um distanciamento uns dos outros que não era exatamente o que eu estava esperando. Mas que faz sentido quando entendemos que por séculos o objetivo era separar e exterminar as comunidades indígenas.
O que acaba resultando em uma apatia e até mesmo falta de interesse de encontrar os culpas pelos crimes na reserva.
Mas também resultou naquele fim que me fez chorar.
Para mim, Chama Extinta é um Courtney Summers para adolescentes. Uma história forte, impactante e ansiosa. Teve mistério, investigação, adolescentes enxeridos, um pouco de romance e uma mensagem que precisa ser falada com mais frequência. Definitivamente uma leitura que eu recomendo para todo mundo.
Sinopse: Na reserva indígena Blackfeet, quatro adolescentes vão parar no meio de uma investigação policial depois que o corpo de uma jovem é encontrado. Mara, Loren, Brody e Eli têm trajetórias bem distintas e motivos suficientes para não confiarem uns nos outros. Mas se não se unirem para encontrar o verdadeiro assassino, sabem que podem acabar levando a culpa – ou, pior, sendo as próximas vítimas. Desde que se mudou para a reserva Blackfeet, Mara Racette se sente deslocada, sem conseguir se enturmar com o grupo fechado dos colegas de classe. Por isso, quando Loren Arnoux, uma garota que ainda convive com a dor do desaparecimento da irmã, a convida para participar de uma tradicional cerimônia Blackfeet, Mara pensa que, enfim, vai começar a se enturmar. Mas, então, o corpo de Samantha White Tail é encontrado. E, como os demais participantes da cerimônia foram os últimos a estar com ela, todos se tornam suspeitos. Apesar da desconfiança que nutrem entre si, eles se veem obrigados a investigar o crime por conta própria para provar sua inocência. Mesmo que um deles seja o assassino. Alternando entre o ponto de vista dos quatro jovens, Chama extinta é um thriller que fala de perdas, traições e recomeços, capaz de emocionar e surpreender os leitores até a última página.
Título: Looking for Smoke
Autora: K.A. Cobell
Editora: Plataforma21
Tradução: Bruna Miranda
Gênero: Suspense
Nota: 5
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