O quadrinho de André Diniz retrata a infância e a vida de Maurício Hora, fotógrafo responsável por projetos que deram visibilidade à vida e à rotina da favela da Providência. Intitulado Morro da Favela, é em partes biográfico, em partes crítico a respeito da brutalidade policial e dos preconceitos de classe.
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Esse quadrinho é uma leitura rápida e envolvente desde as primeiras páginas. Conhecemos o garoto Maurício e sua família; eles vivem na favela da Providência, antes chamada Morro da Favela. Seu pai, antes bicheiro, passa a traficante. E a vida de Maurício é esse vaivém de situações comumente causadas pelo pai, pelos humores da mãe ou pelo simples fato de viver em meio à conturbações.
A trajetória de Maurício é envolvente em sua simplicidade; entendemos os dramas e os percalços da sua infância, seu amor pela família e pela favela, conhecemos o seu gosto por fotografia ao mesmo tempo em que equilibra toda uma rotina com as perturbações que o tráfico e a polícia causam em seu lar.
O quadrinho traz exemplos reais da brutalidade policial no morro, ao mesmo tempo em que também mostra os percalços que o tráfico emprega aos moradores. Não há vilania porque não há o que vilanizar em uma situação social com tantas camadas; as questões de classe também falam alto e são escancaradas pelo autor.
Gostei demais do estilo das artes desse quadrinho; em tons de preto e branco, Morro da Favela ilustra a história de um garotinho inserido em um contexto social complexo, desenrolando a sua história e os percalços dela com um texto simpático e fluído.
As fotografias de Maurício Hora que aparecem no fim da edição são lindas e exemplos bem vívidos de tudo o que conhecemos através do seu eu-personagem. Elas encantam, trazem questões e dão cor a uma história até então monocromática, tal qual a questão social em que a história está inserida.
Morro da Favela é uma excelente leitura para conhecer. Para entender mais sobre questões que são tão pertinentes e importantes no contexto social do Brasil; de classe a raça e sociedade.
Sinopse: "Por que você não sai da favela?". Era essa a pergunta que o fotógrafo Maurício Hora mais ouviu dos amigos e vizinhos moradores do Morro da Providência e dos amigos do asfalto. A graphic novel, O Morro da Favela, escrita e desenhada por André Diniz, conta a vida de Maurício e tenta dar esta respostas aos amigos do biografado. Durante a busca por sua identidade, Maurício pesquisou a história da sua comunidade e descobriu que a suas raízes estavam cravadas na primeira favela brasileira, o Morro da Providência antes era chamado de Morro da Favela. Com o tempo o termo passou a designar todo agrupamento urbano desordenado. No livro, André Diniz usa o contraste seco do desenho em preto e o branco para mostrar os tons de cinza da cotidiano de Maurício, sua relação com vida e a morte, com a polícia e os bandidos, com a prisão e a liberdade e o morro e o asfalto. Conta como Maurício tornou-se o primeiro fotógrafo a clicar um morro carioca durante a noite. Expõe a relação dele com o pai, um contraventor que tornou-se o primeiro traficante a criar uma boca de fumo no morro. Por fim, abre as portas de sua casa para que o leitor conheça toda a sua família.
Título original: Morro da Favela
Autoria: André Diniz
Autoria: André Diniz
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