Resenha: Um Assassino nos Portões - Sabaa Tahir - Queria Estar Lendo

Resenha: Um Assassino nos Portões - Sabaa Tahir

Publicado em 8 de set. de 2021

Resenha: Um Assassino nos Portões - Sabaa Tahir

Um assassino nos portões é o terceiro volume da série Uma chama entre as cinzas, da autora Sabaa Tahir - publicado aqui pela Editora Verus. Depois da tormenta que foi o segundo livro, eu esperava alguns plots um pouco melhores, mas encontrei a mesma bagunça.

Essa resenha vai conter spoilers dos volumes anteriores. Para saber mais:

Depois das reviravoltas com a fuga da prisão e da libertação de seu irmão, Laia agora tem um árduo caminho pela frente. Com a revelação da identidade do Portador da Noite e sua busca por vingança, ela sabe que precisa fazer alguma coisa para impedi-lo, antes que seja tarde demais. Mas está sozinha nessa jornada; Elias tem que lidar com o Lugar de Espera, uma vez que se ligou a ele para salvar sua vida.

E Helene, do outro lado do tabuleiro, tem ordens do imperador para parar a comandante Aquilla antes que suas tramoias e traições se desenvolvam em algo maior.

A sensação que tive com esse livro foi de que a autora não sabia para onde queria ir, então tentou ir para todos os lugares. Os personagens se moviam de um ponto para outro do mapa para resolver situações que terminavam numa catástrofe para gerar outra situação terminando em outra catástrofe e nunca, repito, nunca tive a sensação de que a história estava andando.

Era coisa de "uma viagem longa aconteceu" aqui e "duas semanas se passaram ali" mas o tempo, em si, parecia estagnado. Eu não li mudanças. Eu não li desespero e caos, apesar de a autora afirmar e reafirmar que isso estava rolando com seus personagens. Tudo começou a ficar gratuito demais, mesmo a "ameaça crescente do império e da comandante" que, pelo amor de deus, ganhou tudo de mão beijada porque os protagonistas simplesmente não paravam um minuto para pensar.

A história parou no começo e continuou assim até o final, quando alguma coisa relevante finalmente aconteceu.

Com exceção da batalha no fim, o resto das cenas se desprendeu como desnecessárias. O plot do Elias deu voltas e voltas e chegou em um ponto que poderia ter economizado muitas dessas voltas. O da Laia e o da Helene foram os únicos que realmente avançaram até algum lugar.

Me dói tanto fazer essa crítica porque eu tenho um carinho muito grande por esse universo e pela autora. Mas esse livro foi uma encheção de linguiça que serviu a pouquíssimos propósitos. Ele só não tem uma nota menor porque o final realmente salvou e me fisgou a ponto de eu não ver as últimas 60 páginas passando.

Resenha: Um Assassino nos Portões - Sabaa Tahir

E, por deus, chega de emburrecer personagem só pra tentar fazer a história andar! O que me frustrou ainda mais porque a história nem parecia estar andando! Todos os personagens agiram de maneiras tão estúpidas numas situações óbvias e que exigiam um mínimo de pensamento racional que eu me perguntei onde foram parar os sobreviventes e guerreiros dos livros passados. Mesmo o Elias, sendo a porta que é, me surpreendeu com as decisões absurdas que tomou durante todo o livro.

Para um herói, ele é muito irresponsável. Depois do papel que ele recebe para assumir no final do segundo livro eu esperava um mínimo de crescimento e amadurecimento e encontrei o mesmo cara lá do primeiro volume, que não sabia para onde ia, mas queria ir para todos os lugares sem pensar nas consequências. Acorda, meu filho! Olha a responsabilidade que você tem! Trate como tal!

E nem vou começar a reclamar do plot device simples e, sinto dizer, tosco que a autora colocou logo no começa desse livro pra obrigar o Elias a tomar uma atitude - que ele nunca toma. É uma coisa tipo: num capítulo fulano fala pra ele "você precisa ter responsabilidade!" e ele promete que vai ter. No capítulo seguinte, algo terrível acontece com fulano e a gente pensa "ok, agora o Elias vai começar a ser responsável" e ele nunca é. Até o fim do livro.

Muito do que acontece de terrível na história é por culpa dele, e por ele continuar insistindo em ser teimoso contra uma força que obviamente nunca vai se dobrar às suas vontades. Todo capítulo que focava nele era um chute na minha paciência.

A esperança é mais forte do que o medo. É mais forte do que o ódio.

Helene foi a mais prejudicada nessa história de "preciso de personagens burros para que meu livro ande". Nunca que a Helene dos volumes anteriores tomaria as decisões precipitadas e absurdas que ela toma como Águia de Sangue; dois segundos de análise e a Helene veria as armadilhas e as tramoias e os problemas das decisões que toma, mas ela nunca respira fundo para pensar antes de decidir as coisas. O segundo maior poder do império! Não pensa antes de agir! Mesmo que a narrativa dela nos lembre, o tempo todo, como seu papel é importante e como o que resta da sua família depende de suas boas decisões.

Chegou num ponto que eu parei e me senti em The Office, olhando para uma câmera invisível, com uma estratégia militar que a Helene emprega. É simplesmente a coisa mais estúpida que já li para uma personagem que preza tanto estratégias de batalha bem pensadas.


A Helene ainda segue minha personagem favorita porque eu me recuso a acreditar que vou aguentar mais burrices do tipo no último livro; apesar dos momentos enfurecedores, eu me conectava às suas dores e medos e terrores, e mesmo o começo do plot romântico dela me conquistou. Não foi apressado, então é crível. A Helene merece mais do que essas histórias apressadas e preguiçosas e sem o mínimo de razão que foram entregues pra ela nesse livro, e eu realmente espero que ela tenha um final digno.

Laia, por fim, teve mais destaque nesse volume do que no anterior no que concerne desenvolvimento de história. Eu amei que a autora separou ela do Elias porque isso deu vazão para todo o potencial da personagem. Mesmo nos momentos de estupidez desnecessária - obrigada, narrativa, por nada - a Laia era um fogaréu de emoção e eu a amo por isso.

E continuo batendo na tecla de que Helene/Laia seria um ship muito mais potente e interessante. As duas têm mais química em cena do que o Elias jamais vai sonhar em ter.

Resenha: Um Assassino nos Portões - Sabaa Tahir

Toda a história paralela da Laia, seu passado e presente e como eles se conectam à guerra e ao problema maior sobrenatural, foi bem interessante. Deixou alguns ganchos a resolver no último volume, e mostrou que ela é, realmente, a protagonista de tudo. Eu espero, assim como espero para a Helene, que a Laia tenha um final grandioso e à altura das promessas feitas à sua história.

Alguns coadjuvantes seguem acrescentando diálogos e momentos interessantes - outros, nem tanto. Darin, por exemplo, ficou perdido. Ele simplesmente desapareceu, depois de DOIS LIVROS dedicados a procurá-lo e resgatá-lo. A comandante, também, perdeu muito do brilhantismo sádico que oferecia pra história. Ficou quase uma figurante em meio a tantas ameaças e tantos horrores e tantas catástrofes que nunca se resolviam. Como eu disse: o horror ficou gratuito. Não me passou a sensação que tive nos livros anteriores; parecia que estava ali para chocar... e só.

O Portador da Noite segue uma incógnita, mas a Sabaa conseguiu estabelecer um bom paralelo entre o monstro e o coração grandioso e empático marcado pela perda e pela vingança. Deixou o vilão humano, apesar de não ser realmente humano. Espero bons conflitos com ele no último volume, especialmente seus confrontos com a Laia.

A ira mais cruel vem da dor mais profunda.

Como eu mencionei, o final salvou o livro. As últimas 60 páginas entregaram tudo que eu amava em Uma chama entre as cinzas e que aqui pareceu desaparecer: tensão, horror e adrenalina pura. Eu temi pelos personagens (menos o Elias) e seus destinos. Eu senti que tudo estava em jogo. As viradas de histórias e revelações bombásticas realmente me pegaram de surpresa.

Um Assassino nos Portões poderia ter sido mais, se tivesse sido menos. Economia narrativa aqui em situações repetitivas poderiam ter deixado o livro bem mais fluido e interessante e menos maçante, especialmente por se tratar do volume que abre alas para o fim. Eu não sei o que esperar mas, infelizmente, as expectativas ficaram mornas com esse pré-final. Só rezo pela minha Helene e pela minha Laia, porque elas merecem mais.

Sinopse: Dentro e fora do Império Marcial, a ameaça de guerra é cada vez maior... Helene Aquilla, a Águia de Sangue, está sendo atacada de todos os lados. Enquanto procura uma maneira de conter a escuridão que se aproxima, a vida de sua irmã — assim como a de todos os cidadãos — corre risco. Assombrado pelo passado, o imperador Marcus se torna cada vez mais instável e violento, e a comandante Keris Veturia aproveita a loucura dele para aumentar o próprio poder, deixando uma carnificina em seu caminho. Longe do Império, Laia de Serra sabe que o destino do mundo não depende das conspirações da corte marcial, e sim de alguém que consiga deter o Portador da Noite. Mas, enquanto procura um jeito de derrubá-lo, Laia enfrenta ameaças inesperadas e é atraída para uma batalha que nunca imaginou que precisaria lutar. Enquanto isso, na terra entre os vivos e os mortos, Elias Veturius abriu mão da liberdade para servir como Apanhador de Almas. Mas, ao fazer isso, se entregou a um poder ancestral disposto a qualquer coisa para garantir sua devoção — mesmo que isso signifique abandonar a mulher que ele ama. Um assassino nos portões vai deixar os leitores implorando pelo desfecho desta série ágil e cheia de reviravoltas arrepiantes.

Título original: A Reaper at the Gates
Editora: Verus
Autora: Sabaa Tahir
Tradução: Jorge Ritter
Gênero: Fantasia | YA
Nota: 3


3 comentários:

  1. Olá, Denise.
    Eu li a resenha meio por cima porque ainda quero ler essa série. Eu tenho um nervoso quando os autores fazem isso de deixar os personagens burros só para a história ir por outro caminho. Será que não dá para resolver de outro jeito? É igual quando coloca triangulo amoroso e pinta um deles como diabo só para justificar a escolha da mocinha.

    Prefácio

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  2. Olá...
    Já li alguns livros onde o final salva todo o livro também ;)
    Adorei saber mais sobre esse livro e, como estou querendo ler mais livros de fantasia, estou bem antenada nas dicas de leitura que você traz por aqui.
    Bjo

    http://coisasdediane.blogspot.com/

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  3. A Helene aqui é a própria definição do meme "cuidado com a burra", mas no geral eu até curti esse livro...
    Beijos
    Balaio de Babados

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