Resenha: A Cidade de Bronze - S.A. Chakraborty - Queria Estar Lendo

Resenha: A Cidade de Bronze - S.A. Chakraborty

Publicado em 9 de dez. de 2021

Resenha: A Cidade de Bronze - S.A. Chakraborty

A Cidade de Bronze é o primeiro volume da Trilogia de Daevabad, da autora S.A. Chakraborty, e foi publicado aqui pela Editora Morro Branco. A história se passa no Oriente Médio, durante o século 18, e explora magia com muita criatividade e maestria.

Se você curte histórias fantásticas cativantes assim, vale a pena conhecer:

A trama acompanha Nahri, uma trambiqueira tentando sobreviver nas ruas do Cairo com sua inteligência e um dom peculiar que possui: pode entender a saúde das pessoas com um toque, o que ajuda muito na hora de aplicar seus golpes.

Quando, acidentalmente, Nahri invoca um daeva e descobre estar sendo caçada por criaturas de um submundo mágico por causa do seu sangue, ela precisa se unir ao desconhecido mágico para fugir e tentar sobreviver até chegar a Daevabad, o único lugar seguro daquele mundo.

Do outro lado da moeda, em uma cidade de bronze, conhecemos Ali, um príncipe devoto à sua religião e com o coração dividido em uma guerra civil sem fim.

A Cidade de Bronze é um épico de fantasia, política e universo gigantesco. A história que S.A. Chakraborty tece aqui fala sobre religião, intolerância, fé, tirania e sobre pertencimento, tudo com boas doses de cenas de ação, diálogos inteligentes e personagens extremamente bem desenvolvidos.

Desde o começo, Nahri ganhou minha atenção pela teimosia, pela coragem e pela maneira com que se portava diante do mundo. Uma órfã abandonada à própria sorte, ela finalmente entende o que são seus poderes e o quanto eles podem lhe custar se não aceitar a ajuda do misterioso Dara, o daeva que ela invoca acidentalmente.

A divisão entre as raças mágicas construída aqui é muito interessante porque conversa com os conflitos políticos e sociais que existem na história. Tem uma imensidão de detalhes que deixam o livro com um universo rico e completo; é aquele tipo de fantasia que enche seus olhos porque tem detalhes por todas as páginas, fazendo com que esse mundo mágico se torne crível.

Resenha: A Cidade de Bronze - S.A. Chakraborty

A jornada que a Nahri vive ao lado do Dara é intensa em todos os sentidos; tanto nas descobertas que ela faz sobre o mundo mágico quanto sobre os enigmas que permeiam o personagem que a guia. Dara é um mistério do começo ao fim; não dá para confiar completamente nele, mas também não dá para duvidar completamente dele. O daeva carrega marcas e sombras de um passado terrível e vê, na jornada com Nahri, uma oportunidade de consertar tudo.

Eu gostei muito da relação dos dois; como não soou instalove, porque tem os flertes e os olhares e a confiança crescente, e também como era turbulento porque, de novo, não sabemos se dá para confiar completamente nesse cara. Ele é charmoso, irresistível, mas é uma peça desse mundo mágico desconhecido, no fim das contas.

O detalhe de dividir a jornada da Nahri com a do Ali deixou a história bem mais dinâmica; nós conhecemos a cidade de bronze antes da nossa protagonista, e todo o caos que existe por lá. Rebeldes enchem as ruas, tentando desafiar a soberania do pai de Ali - que é um tirano muito bem construído - e é em Ali que eles buscam ajuda.

- É assim que as coisas são, não é? A lenda supera a figura de carne e osso?

O personagem tem um coração de ouro e se divide entre a família, a fé e o que é certo, sem saber exatamente o que é certo. Ele foi um protagonista instigante de ler, por todas as nuances e detalhes a seu respeito e pelo crescimento e decrescimento que teve na narrativa. É um garoto corajoso, mas temeroso; é religioso, mas vê sua fé abalada quando confrontada com problemas da fidelidade cega a uma crença; é leal ao pai e à família, mas entende que a tirania é um terror.

Não só eles, mas todos os coadjuvantes que estão ao seu redor importam para a trama principal e para as paralelas. O fato de não sabermos exatamente onde está o antagonismo, com tantas peças de moral duvidosa enchendo as páginas, torna o plot de busca por um lugar seguro muito tenso, cheio de percalços inesperados.

As criaturas mágicas e o modo como a magia funciona, de acordo com seu sangue e seu legado, também mostram o cuidado da autora em construir esse universo a fim de torná-lo tão crível. Estamos no século dezoito, com referências a um conflito real que ocorria lá no Oriente Médio, mas também estamos num universo paralelo onde djinns e ifrits e outras criaturas fantásticas estão em um conflito eterno.

- Somos seres com alma, como os humanos, mas somos criados do fogo, não da terra.

A Cidade de Bronze entrega 600 e poucas páginas de muita política, reviravoltas interessantes e um universo fantástico de tirar o fôlego. A narrativa da autora torna impossível de largar, e a quantidade de páginas é irrelevante quanto você mergulha de cara nessa história.

Resenha: A Cidade de Bronze - S.A. Chakraborty

A edição da Morro Branco, como sempre, impecável. Tanto a tradução de Mariana Kohnert quanto toda a preparação do texto, diagramação confortável e a beleza da edição física, com a capa dura e os detalhes das páginas.

Se você procura uma fantasia adulta para te cativar, A Cidade de Bronze é a melhor dica que posso te oferecer.

Sinopse: Cuidado com o que você deseja... Nahri nunca acreditou em magia. Golpista de talento inigualável, sabe que a leitura de mãos, zars e curas são apenas truques, habilidades aprendidas para entreter nobres Otomanos e sobreviver nas ruas do Cairo. Mas quando acidentalmente convoca Dara, um poderoso guerreiro djinn, durante um de seus esquemas, precisa lidar com um mundo mágico que acreditava existir apenas em histórias: para além das areias quentes e rios repletos de criaturas de fogo e água, de ruínas de uma magnífica civilização e de montanhas onde os falcões não são o que parecem, esconde-se a lendária Cidade de Bronze, à qual Nahri está misteriosamente ligada. Atrás de seus muros imponentes e dos seis portões das tribos djinns, fervilham ressentimentos antigos. E quando Nahri decide adentrar este mundo, sua chegada ameaça recomeçar uma antiga guerra. Ignorando advertências sobre pessoas traiçoeiras que a cercam, Nahri embarca em uma amizade hesitante com Alizayd, um príncipe idealista que sonha em revolucionar o regime corrupto de seu pai. Cedo demais, ela aprende que o verdadeiro poder é feroz e brutal, que nem a magia poderá protegê-la da perigosa teia de intrigas da corte e que mesmo os esquemas mais inteligentes podem ter consequências mortais.

Título original: City of Brass
Autora: S.A. Chakraborty
Editora: Morro Branco
Tradução: Mariana Kohnert
Gênero: Fantasia
Nota: 5
SKOOB


3 comentários:

  1. Oi!
    Li A Cidade de Bronze esse ano e super concordo que ter dois POVs deixou a história bem dinâmica (eu nem senti que era um calhamaço!!), mas demorei para gostar do Ali enquanto eu estava super empolgada com a jornada da Nahri desde o início.

    Beijão
    https://deiumjeito.blogspot.com/

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  2. Oie, o designer da capa está show de bola. Estava precisando ler uma fantansia😊.
    Beijos
    https://deliriosdeumaliteraria.blogspot.com/

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  3. Já li o segundo e continua muito bom.

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