O segundo volume do épico de fantasia, A Roda do Tempo, nos leva de volta ao universo de terrores e jornadas sem fim. A Grande Caçada é uma ótima sequência com reviravoltas intensas e um desenvolvimento de ameaça crescente impecável.
Para quem curte alta fantasia, vale a pena conhecer:
Esta resenha vai conter alguns spoilers do livro anterior.
Nossa aventura começa com um mistério, e com uma prova de que o Tenebroso está mesmo retornando; seus seguidores aumentam entre o mundo, e seus monstros seguem em missões cada vez mais perigosas para o equilíbrio que conhecemos.
Quando a Trombeta de Valere é roubada por Amigos das Trevas, Rand, Mat e Perrin, junto a um grupo de guerreiros destemidos, deve partir para recuperá-la. Rand, principalmente, motivado não pela glória ou pela grandeza, mas para salvar seu amigo de um destino terrível, vai se ver confrontado pela possibilidade de as profecias serem reais, e da sua jornada realmente o estar levando ao descobrimento de que é o Dragão Renascido.
Do outro lado da moeda, Nynaeve e Egwene viajam para Tar Valon e para a Torre Branca a fim de começar seus treinamentos (e resistir a eles) como aprendizes de Aes Sedai.
A Grande Caçada, assim como O Olho do Mundo, mescla bastante a sensação de jornada sem fim com os percalços que nossos personagens encontram pelo caminho.
- Bem, a espada que não podia ser quebrada acabou se estilhaçando no fim, pastor, mas combateu a Sombra até o fim.
Aqui, o protagonismo está claramente nos ombros de Rand al'Thor. Depois dos acontecimentos no fim do livro anterior, nasceu nele a desconfiança, o medo e o terror de ser o possível Dragão Renascido. E, ainda que negue e omita e fuja de tudo que envolve essa profecia, os sinais estão cada vez mais claros e impossíveis de ignorar. Não apenas pelo fato de ele ser capaz de canalizar, mas também com seus sonhos e visões e sua ligação com o Tenebroso.
O Rand... Está insuportável. Foi o motivo de eu não ter dado 5 estrelas pro livro; entendo tudo pelo que ele está passando, mas os ataques que ele dirige aos que estão ao seu redor nunca soaram realmente desesperados. Era só um piti passageiro e, depois do quinto, eu já queria sair no soco com ele.
Sua jornada, no entanto, é cativante. A busca pela Trombeta, esse símbolo místico que conecta a era em que estão a uma passada, onde heróis cavalgaram para grandes batalhas (os mesmos heróis que podem ser convocados novamente pela Trombeta, o que torna a busca por ela ainda mais desesperadora) é fascinante.
Robert Jordan conta uma história de aventura grandiosa e de perigos inimagináveis com muitos detalhes e cuidado. Dá para sentir o amor que ele colocou na construção desse universo, desses personagens, dessa trama. A batalha que se aproxima pode salvar ou destruir o mundo - com a liderança do Dragão Renascido - e a tensão cresce conforme as forças do Tenebroso se multiplicam.
Se no ponto de vista de Rand temos uma visão mais ampla dessas ameaças e da crescente tensão que existe nos territórios pelos quais eles passam, na de Nynaeve e Egwene vivemos uma antecipação. As duas são poderosas com o Poder Único, mas precisam aprender a canalizá-lo da maneira correta, sem se esgotar e virar cinzas; com o temperamento de Nyn, é um problema - porque é sua raiva que lhe dá força - e com a incerteza de Egwene, é outro.
- Eu sinto você aí se escondendo, Rand al'Thor. Não pode se esconder, não de mim.
Eu gostei demais das minhas meninas; elas seguem fortes, independentes e donas de si. Nynaeve vive momentos de vulnerabilidade, quando entrega seu coração a Lan, mas ainda mantém o pé no chão e a fidelidade a si mesma e ao seu lar. Ela quer aprender a canalizar para poder proteger quem ama, e para garantir que não caiam mais nas lábias de quem surge para enganá-los (no caso, ela acredita, Moiraine).
Que, aliás, some nesse volume, com poucas aparições misteriosas que deixam muito em aberto seus planos para o futuro. Moiraine segue essa figura enigmática, mas carismática por isso; ao lado de Lan, ela desbrava um território novo e traz mistérios interessantes envolvendo a profecia do Dragão Renascido. Até onde isso vai levar, só os próximos livros podem dizer.
Mat e Perrin acabaram ficando de escanteio também; um pouco pelo protagonismo do Rand, um pouco porque suas jornadas não ofereciam tanto quanto no primeiro livro. Eles ainda estão ali, e ainda entregam bons momentos a serem desenvolvidos em coisas grandiosas - Perrin e seus olhos amarelos, Mat e sua ligação com a adaga enfeitiçada - mas isso fica para o futuro.
Novos personagens surgem para encher as páginas, trazendo participações das mais variadas. Hurin, o rastreador, foi uma figura interessante, dedicado ao trabalho e temeroso com o que pode sentir com ele; temos Ingtar, líder da missão que busca a Trombeta, um homem honrado que carrega um grande fardo nas costas por isso. Min retorna, no arco da Torre Branca, e me surpreendeu como uma personagem extremamente importante do começo ao fim do livro.
Ao mesmo tempo em que temos aqueles em que podemos confiar, também temos novas ameaças; nos portos, o povo do além mar, Seanchan, chegaram para tocar o terror. O tipo de terror ideológico, dobrando o povo às suas crenças e poder, que talvez nem mesmo a Trombeta possa resolver.
Conhecemos um pouco mais sobre os Abandonados, com menções, principalmente, à Filha da Noite, Lanfear; uma das seguidoras do Tenebroso que ainda tem muito a acrescentar para a história.
Lanfear. Na Língua Antiga, Filha da Noite.
A Grande Caçada é outro épico de alta fantasia para encher o coração de quem, assim como eu, ama uma jornada grandiosa, com perigos que nunca acabam e com batalhas de tirar o fôlego. O final desse livro é puro surto e desespero; ponto positivo por eu já ter O Dragão Renascido aqui comigo.
Sinopse: No segundo volume da série A Roda do Tempo, o protagonista Rand al’Thor e seus companheiros, Mat e Perrin, partem ao resgate da Trombeta de Valere. Segundo lendas, o artefato tem o poder de reviver heróis temporariamente, e eles podem ser de grande ajuda no combate às forças do Tenebroso. No entanto, há algo que Rand teme ainda mais do que a antítese do Criador: ele sabe que está condenado à loucura e à morte e se pergunta se conseguirá ajudar seus amigos antes que isso aconteça ou se será ele próprio o responsável por destruí-los. Ao mesmo tempo, Egwene e Nynaeve treinam para fazer parte da ordem de mulheres que podem manipular o poder que gira a Roda do Tempo, conhecidas como Aes Sedai.
Título original: The Great Hunt
Editora: Intrínseca
Autor: Robert Jordan
Tradução: Fábio Fernandes e Júlia Henriques
Gênero: Alta Fantasia
Nota: 4
Oie, eu já amo tanto esse livro que a vontade de reler é enorme. Acho que a luta final é tão emocionante!
ResponderExcluirBjs
Imersão Literária