A Herança de Orquídea Divina é uma fantasia com elementos de horror que chegou recentemente pela Galera Record. O livro de Zoraida Córdova lida com família, legado e maldições de maneira magistral.
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A história começa com a família Montoya recebendo cartas. Orquídea, a matriarca, que vive isolada em Quatro Rios, os está convocando para visitá-la, porque ela está morrendo. E tem uma herança para entregar a cada um deles.
Depois de cinco casamentos e muitos segredos, parece que a misteriosa Orquídea finalmente vai entregar respostas aos seus familiares. É por isso que Marimar e Rey, primos muito próximos, viajam até lá. É por isso que cada filho e neto também vai para lá. Esperando respostas, eles encontram ainda mais enigmas, e o que parece ser uma terrível profecia.
Orquídea está mesmo morrendo. E sua herança mágica vai ser distribuída entre seus familiares. Mas, o motivo para essa herança mágica existir, e o motivo para Orquídea estar definhando, parecem envolver um terror antigo que vem caçando membros da família Montoya há muito tempo. E, sem as respostas da avó, cabe a Marimar e Rey tentar entender e impedir esse horror de alcançar aqueles que amam.
A Herança de Orquídea Divina é uma perfeita mistura de fantasia com elementos de horror. Uma fantasia adulta, diga-se de passagem, que eu não esperava quando peguei para ler.
A narrativa da Zoraida Córdova é simples e poética. Não se prolonga onde não deve, oferece mistérios na hora certa, e as respostas chegam quando precisam. Se Encanto fosse dirigido por Guillermo del Toro, provavelmente teríamos a atmosfera que existe nesse livro.
Toda a situação mágica envolvendo Orquídea Divina é pavorosa. Do momento em que os familiares chegam em sua casa, à história envolvendo a criação dessa casa, o crescimento da família, e os horrores que parecem se esconder na misteriosa magia da avó, tudo isso constrói uma atmosfera macabra e maravilhosa.
- Seu coração não precisa ser de metal para ser forte.
Como uma grande apreciadora de horror bizarro, muitas passagens de A Herança de Orquídea Divina serviram para dar uns calafrios, de tão creepy que eram as cenas. Ao mesmo tempo em que impressiona pelo horror, a fantasia também é fascinante, bela e enigmática. Os poderes de Orquídea, e eventualmente de sua família, se conectam através do legado.
O peso desse legado é o que move cada personagem. O modo com que seus descendentes se ligam à casa, à história da família, às descobertas. É isso que move como eles vão reagir aos poderes, e como os poderes vão responder a eles.
Os pilares dessa história são Marimar, Rey e Rhiannon; os dois primeiros, netos de Orquídea, e a última, bisneta. O livro traz uma reviravolta interessante para dar destaque à Rhiannon, e não vou falar sobre ela justamente pela beleza da surpresa.
Orquídea gostava de dizer que a família era amaldiçoada. Mas nunca dizia por quê.
Marimar e Rey, no entanto, são peças essenciais para entender essa história. Marimar e seu ressentimento com a avó, com o isolamento e as faltas de respostas. Rey e sua personalidade radiante, carismática, seu talento para as pinturas e seu medo de se entregar a elas.
O modo com que os primos se conectam à trama principal, os paralelos dos seus medos com os que conhecemos no passado da Orquídea, é tudo essencial para mover a história. Não apenas a fantasia, mas a família é um ponto chave de A Herança de Orquídea Divina. Aquela coisa poderosa e forte que famílias latinas carregam, a conexão com a ancestralidade, o "não falamos do passado, mas o remoemos até que cause cicatrizes irreversíveis em cada um de nós", tem tudo por aqui.
O passado da Orquídea, aliás, é o que edifica os passos pelos quais sua família vai caminhar. Conforme entendemos a matriarca dos Montoya, o rancor que sentimos por ela desvanece; ainda existe, mas se equilibra com compreensão.
Essa é a história da mulher e da casa que nunca existiram - e que, um dia, elas estavam inegavelmente lá.
A Herança de Orquídea Divina é uma fantasia brilhante. Mexe com o emocional porque lida perfeitamente com os defeitos dos seus personagens. Fala abertamente sobre os espinhos que carregam, e sobre o rancor, a mágoa, a raiva. Mas também sobre o amor, a confiança, a lealdade.
A edição da Galera Record ficou muito bonita, com detalhes na diagramação que combinam com a história. A tradução de Mel Lopes também ficou muito boa.
A Herança de Orquídea Divina é uma fantasia única, que transborda emoções e reviravoltas mágicas. É macabra, bela e marcante.
Sinopse: O sobrenatural sempre fez parte da vida da família Montoya. Eles sabem que é melhor não fazer perguntas sobre o motivo de a despensa nunca ficar vazia, ou o porquê de sua matriarca jamais deixar a sua casa em Quatro Rios ― nem para formaturas, casamentos ou batizados. Mas quando Orquídea Divina envia um misterioso convite para o seu funeral a fim de que os seus descendentes recebam a sua herança, parece que os Montoya finalmente descobrirão os segredos escondidos com tanto afinco por Orquídea. Mas, em vez disso, ela se transforma em uma árvore, deixando todos com muito mais perguntas do que respostas. Sete anos depois, o presente da matriarca se manifestou de maneiras diferentes em Marimar, Rey e Rhiannon, deixando-os com bênçãos e poderes inesperados. Porém uma figura sombria passa a espreitar a todos, atacando os membros da família um a um, na tentativa de destruir a linhagem da Orquídea Divina. Desesperados para salvar o restante da família e descobrir a verdade por trás da herança, seus descendentes viajam para o Equador, local em que Orquídea enterrou seus segredos e suas promessas, e de onde saiu sem olhar para trás.
Título original: The Inheritance of Orquidea Divina
Editora: Galera Record
Autora: Zoraida Córdova
Tradução: Mel Lopes
Gênero: Fantasia
Nota: 5+
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