Resenha: Palavras de Radiância - Brandon Sanderson - Queria Estar Lendo

Resenha: Palavras de Radiância - Brandon Sanderson

Publicado em 10 de jul. de 2023

Resenha: Palavras de Radiância - Brandon Sanderson

O segundo livro da série Os Relatos da Guerra das Tempestades (The Stormlight Archive, em inglês) é ainda mais magnífico que o primeiro. Palavras da Radiância (ou, do original, Words of Radiance) é um espetáculo de guerra e política e crescente tensão.

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Essa resenha vai conter alguns spoilers de O Caminho dos Reis.

Kaladin e os homens da Ponte Quatro agora servem ao highlord Dalinar Kholin. Depois da grande provação e de salvarem a vida dele e do seu exército, encontraram um lugar onde servir um lighteye não é uma tortura. Ali, eles são respeitados. São soldados, protegendo não apenas Dalinar, mas delegados a proteger a vida do próprio rei Elhokar.

O Assassino de Branco ainda está caçando reis, e Elhokar provavelmente é o próximo alvo dele. Para garantir sua segurança, Kaladin e seus homens ficam próximos da corte, e dos segredos escondidos nela. Como a contagem regressiva que tem aparecido desenhada nas paredes do quarto sempre que Dalinar tem uma visão; uma contagem que parece levar a um cataclismo.

Do outro lado do mundo, Shallan e sua mestra Jasnah se preparam para viajar até as Planícies Quebradas. Com tudo que descobriram, é uma corrida contra o tempo para encontrar o centro do mundo, onde uma cidade em ruínas pode ter as respostas para impedir o fim dele.

Infelizmente para elas, contratempos e horrores inesperados as separam, colocando Shallan em um caminho solitário de sobrevivência e cuidado para tentar chegar com vida até as Planícies. Para a sorte dela, no entanto, tem não apenas a companhia de um spren, mas de poderes adormecidos despertando aos poucos.

Palavras de Radiância é um livro intenso. São senhoras 1088 páginas na edição original, com uma diagramação enorme e letras minúsculas. Ou seja: muita coisa acontece nesse tijolo. E a graça da história está justamente nisso!

Eu digo e repito: não dá pra sentir o tamanho desse livro enquanto você lê. Tem uma fluidez absurda na narrativa do Brandon Sanderson, na maneira com que ele separa personagens, conta suas histórias, une núcleos, desenvolve interlúdios. É tudo muito bem orquestrado e planejado, de modo que a gente, lendo, não percebe os capítulos passando.

Palavras da Radiância tem um ritmo muito bom. Não importa o personagem que estejamos acompanhando, muita coisa acontece ao mesmo tempo. Aqui, diferente de O Caminho dos Reis, já nos familiarizamos com Roshar e com os pontos de vista. Não tem mais espaço para apresentações, pelo menos não no núcleo principal.

Seus instrumentos de pedra não servirão contra o que está por vir.

Kaladin, Shallan, Adolin e Dalinar são maravilhosos. O tanto que eu amo suas histórias, personalidades, trejeitos únicos. É como se eu já conhecesse e amasse esses personagens a minha vida inteira, de tão bem escritos que são.

Começando com o Kaladin. Aqui, ele está bem mais decidido e emocionalmente carregado. Na companhia de Syl, sua spren de bom senso e honra, Kaladin acompanha os homens da Ponte Quatro, Dalinar e os exércitos como o homem honrado e de bom coração que é. Mas tem uma escuridão nele. Uma que injustiça e vingança tentam o tempo todo.

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Gostei bastante dos conflitos, porque mostrou ainda mais do soldado quebrado que conhecemos. Se O Caminho dos Reis mostrou o motivo para o Kaladin carregar tanto sofrimento, aqui vemos as cicatrizes emocionais que isso deixou. O quanto elas cobram dele, e o quanto ele tem força para resistir.

Chega um momento da história em que determinada coisa acontece, com certo personagem aparecendo, e é quase impossível não torcer pro Kaladin dar uma espiadinha no lado sombrio. Só pela curiosidade de ver o que a corrupção poderia oferecer, porque a honra talvez leve a um sofrimento muito maior.

"Eu te avisei de que estava quebrado." 
"Não. Você foi reforjado."

Eu amei, amei, amei a jornada dele aqui. O arco de desenvolvimento e o ápice que ele chega lá no fim, entregando um personagem transformado e pronto para o que a sequência da série parece prometer. Meu filho precioso que nunca errou e, se errou, foi tentando acertar!

Sua relação com os outros personagens é sensacional. Com o Dalinar, aquele respeito hesitante, porque apesar de honrado e justo, Dalinar ainda é um lighteye. Com o Adolin, são provocações e bicadas que, no meu coração, quase sinalizam flerte (sei que não é, mas eu sou fanfiqueira, me deixa em paz). Com a Shallan, mesma coisa do Adolin.

Aqui o meu coração é Shakolin e ninguém me toca ou mexe nisso!

"Você parece pálida." 
"É natural." 
"Porque você é Veden?" 
"Porque eu estou sempre à beira de entrar em pânico."

Por falar nela por último, já puxo o gancho de mencionar que Palavras da Radiância é todo da Shallan. Sim, todos os personagens têm grandes momentos e viradas e desenvolvimento, mas esse livro é muito dela. Sua história, seu passado, seu fortalecimento.

Top 10 personagens femininas bem escritas, definitivamente. Eu amo a irreverência e o cuidado e o bom senso com que ela encara todas as situações. Sua relação com o Pattern, seu spren, é muito divertida, e sua relação com o mundo, separada da Jasnah, é surpreende em todos os sentidos. É cheia de perigo, de riscos mortíferos, de reviravoltas.

Shallan se transforma no decorrer das páginas e, em determinado momento, comanda elas. Comanda todo mundo ao seu redor. Ela carrega personagens e decisões na palma da mão, e meu deus como eu amo essa garota e tudo que ela faz! Ela é uma força motriz pra história, e entende isso aos poucos. Toma controle da situação.

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Seu passado, inclusive, fala muito do seu presente. E quanto mais a gente descobre, mais sombrio fica.

Não quero me aprofundar demais na relação dela com outros personagens, mas preciso muito dizer que todas as interações dela com o Adolin e com o Kaladin me fizeram guinchar como eu não fazia em muito tempo shippando casais fictícios. Que diversão ler esses três juntos! Como eles têm química e funcionam muito bem, não importa pra que lado você olhe. De novo: no meu coração, o trisal é real.

Adolin, por sua vez, participa mais ativamente de situações que não envolvem apenas batalhas, mas ele brilha mesmo é nelas. Para mim, o Kaladin é o coração, a Shallan é o cérebro e o Adolin é o corpo. Por isso eles funcionam tão bem juntos; se completam.

O filho mais velho do Dalinar tem provações a viver nessa história, escolhido para duelar e recuperar a honra (e o poder) da família com esses duelos. Devagar, pedaços frágeis da armadura que ele usa (a emocional, não a Shardplate) começam a se desprender, e entendemos mais do personagem e do potencial que ele carrega.

E o final... Rapaz, eu não conseguia piscar com a cena final que o Adolin ganhou. Brandon Sanderson, você me paga!

"Todas as histórias já foram contadas antes."

Pra acabar esse núcleo principal, volto a falar como o Dalinar carrega grandiosidade em tudo que faz. Ele é um líder, um general, um comandante de guerra e do povo. Mesmo o rei reconhece isso, porque força e liderança são tudo que definem esse personagem.

Mas também tem o lado frágil. Não apenas do highlord com medo do que está por vir, mas também do homem com medo de perder tudo que é importante. Para Dalinar, unificar seu país e seu povo é mais importante do que tudo. É pelo que ele vive. Se não puder cumprir essa missão, então de nada serve.

Palavras de Radiância é um livro sobre momentos de fragilidade e força de quem conhecemos no começo dessa história. E faz esse arco de maneira magistral, com altos e baixos, momentos de relutância, de medo, de corrupção, para finalmente apresentar um arco final (de suas 100 e poucas páginas) de tirar o fôlego.

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Tem mais um monte de personagens e momentos marcantes, e queria poder falar de tudo, mas não cabe aqui. O problema de falar sobre livros grandes demais, com coisas demais que acontecem nele, é que toda a essência da história depende da leitura. Eu só posso dizer que é uma experiência emocionante, em todos os sentidos da palavra. Vale a pena cada página, cada personagem, cada cena. O Brandon Sanderson sabe o que fazer para contar uma boa história.

Tudo que envolve a Ponte Quatro sempre tem o meu coração porque eles são perfeitos do começo ao fim. Gostei muito da participação do rei Elhokar também, e dos highlords. Tudo isso trouxe mais tensão política e chocantes acontecimentos na corte, o que acabava por bagunçar ainda mais um momento frágil do mundo.

"A tempestade alcança todo mundo eventualmente. Isso importa?"

Os interlúdios foram interessantes (especialmente o arco da Eshonai que, nossa, eu roí as unhas e os dedos de tanto medo do que estava por vir). Teve um gancho ali pra novela Edgedancer, que eu adorei e já tô pronta pra ler. Ah, e o Wit. Safadinho, sempre ali, espreitando tudo.

As cenas de ação, principalmente as batalhas, seguem impecáveis. Gostei demais dos duelos do Adolin, principalmente, porque nos mostrou mais de perto o funcionamento e táticas envolvendo as Shardplates e Shardblades.

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A situação com a magia do mundo também é bem mais desenvolvida, especialmente através do Kaladin e da Shallan. Pelo lado dele, conhecemos mais de maneira misteriosa. Dela, por experimentos e curiosidade. E é tudo muito emocionante, porque estamos vendo o possível renascimento de uma coisa que estava morta e sem esperança há muito tempo. Mas, para isso, eles têm que fazer boas escolhas e, principalmente, sobreviver ao que estão vivendo.

"mas o céu e os ventos são meus. Eu os tomo para mim, e agora tomarei a sua vida."

Palavras da Radiância tem um final no ponto mais alto da história, deixando perguntas e resoluções a serem grandiosamente exploradas no terceiro volume da série (que eu já vou pegar pra ler AGORA). Seus personagens estão em momentos de intensa revelação, e o próximo livro promete ainda mais emoção e tensão do que esse já entregou.

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Sinopse: Mesmo com seus inimigos esperando que ele tivesse uma morte miserável, Kaladin sobreviveu para receber o comando dos guarda-costas reais, algo controverso para um “olhos-escuros” de baixo escalão. Agora, ele deve proteger Dalinar e o rei de qualquer perigo - sobretudo a insólita ameaça do Assassino de Branco -, enquanto luta secretamente para dominar seus novos e notáveis poderes, que, de alguma forma, estão ligados ao seu espreno de honra, Syl. Szeth, o assassino, está novamente na ativa, aniquilando governantes em todas as áreas de Roshar, valendo-se de seus poderes para bloquear guarda-costas e enganar perseguidores. Um de seus alvos mais importantes é o grão-príncipe Dalinar, notoriamente considerado a força por trás do trono alethiano. Sua posição de liderança na guerra parece motivo suficiente, mas o mestre do assassino tem razões muito mais profundas. A Luminosa - e cercada de problemas - Shallan se esforça por um caminho paralelo. Ainda que se recuse a reconhecer o quanto está quebrada por dentro, ela carrega um fardo terrível: impedir o retorno dos lendários Esvaziadores e a consequente Desolação que vai acabar com toda a civilização. Os segredos de que ela precisa podem ser encontrados nas Planícies Quebradas, mas chegar lá é bem mais difícil do que ela poderia imaginar. Enquanto isso, no coração das Planícies Quebradas, os parshendianos precisam tomar uma decisão histórica. Com a pressão dos anos de ataques dos alethianos e seus exércitos sempre diminuindo, eles são convencidos por Eshonai, seu líder de guerra, a arriscar tudo numa aposta desesperada com as mesmas forças sobrenaturais das quais fugiram. As possíveis consequências disso, tanto para parshendianos quanto para humanos - e ainda mais para Roshar - não são apenas perigosas, mas também inestimáveis.

Título original: Words of Radiance
Autor: Brandon Sanderson
Editora (BR): Trama
Gênero: Fantasia
Nota: 5+


2 comentários:

  1. Anônimo8.11.23

    Gostaria de saber se você saberia me dizer se haverá a tradução pela editora trama do livro conseguinte (livro 3) da série, muito obrigado, amo muitos suas postagens! Até mais!

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    Respostas
    1. Oi! A trama tem os direitos de Oathbringer sim! Deve ser lançado ano que vem, provavelmente, se for no mesmo ritmo entre o lançamento do 1 e do 2 :D

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