Resenha: Mestre dos Djinns - P. Djéli Clark - Queria Estar Lendo

Resenha: Mestre dos Djinns - P. Djéli Clark

Publicado em 9 de nov. de 2023

Resenha: Mestre dos Djinns - P. Djéli Clark

Vencedor dos prêmios Nebula e Locus, Mestre dos Djinns (lançado pela Editora Suma, que cedeu este exemplar em cortesia) é uma fantasia steampunk com atmosfera investigativa de romances policiais perfeita para quem busca universos criativos e uma trama fascinante.

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Estamos no Cairo, em 1912. Fatma trabalha para o Ministério de Alquimia, Encantamentos e Entidades Sobrenaturais. É uma das poucas mulheres a trabalhar lá, apesar dos avanços sufragistas que têm acontecido pelo Egito. Que, aliás, é uma grande potência mundial, deixando países europeus para trás na corrida por destaque internacional e político.

Tudo isso devido à revolução mágica que aconteceu quarenta anos atrás, quando djinns e outras criaturas sobrenaturais vieram ao mundo, guiadas por um profeta conhecido como al-Jahiz. Ele desapareceu sem deixar vestígios, mas a magia permaneceu e se tornou parte do comum.

Quando um assassinato misterioso acontece na Irmandade Hermética de Al-Jahiz, Fatma é designada para investigar. A investigação a leva a um impostor que alega ser al-Jahiz, e é na companhia de sua assistente e de sua namorada que Fatma se determina a desmascarar esse impostor.

Resenha: Mestre dos Djinns - P. Djéli Clark

Mestre dos Djinns é um livro completo para quem gosta de investigação, fantasia e construção de universo. Do começo ao fim, P. Djéli Clark tece uma história fascinante sobre cultura, mitologia, fantasia e realidade.

O jeito com que o autor mistura o fantástico ao real é impressionante. Você não percebe o momento em que passa a acreditar, mas, de repente, Cairo é sim o cenário de uma revolução mágica que envolve criaturas saídas dos mitos antigos.

Não apenas o Egito, mas todo o mundo está vivendo essa revolução iniciada ali. Alguns países, como a Alemanha e a França, abraçaram as mudanças, trazendo a fantasia à sua vantagem. Outros seguem discriminantes e determinados a eliminar qualquer traço de magia da sua realidade.

Mestre dos Djinns faz paralelos muito interessantes com questões políticas e religiosas que encontramos hoje em dia. Discriminação, racismo, xenofobia, misoginia, tudo aparece na história de maneira crítica e afiada. Personagens que se sentem melhores que os outros por uma crença, ou pela cor de pele, ou pela maneira com que se portam em sociedade.

A parte fantástica é um espelho da realidade. E é feita de maneira primorosa, com excelentes representações de opressão e oprimidos.

As personagens femininas são de encher os olhos, complexas em cada traço de personalidade, entregando carisma e interações fortes que movem a história, a investigação e os relacionamentos.

Fatma é uma excelente protagonista. Determinada, teimosa, curiosa. Apesar de não precisar mais se provar digna, tendo uma reputação como investigadora, ela ainda o faz só por estar ali como mulher.

Sua relação com Hadia, a nova assistente, é interessante. Hadia é um sopro de ar fresco e de confronto para a solidão da Fatma no Ministério.

E Siti, a namorada de Fatma, é incrível. Tem camadas nessa personagem que precisam ser descobertas e entendidas pelos leitores, mas ela é muito importante tanto para a questão do mistério quanto para o arco de desenvolvimento da própria Fatma. E ela mesma traz apontamentos interessantes sobre intolerância religiosa e racismo.

Resenha: Mestre dos Djinns - P. Djéli Clark

A fantasia, como eu disse, vive no decorrer da trama. Tudo nela é essencial para entender o mundo e os infinitos detalhes dele. Torna a história muito mais crível, porque foi tão bem pensada e se encaixa tão bem que não tem como não ficar fascinada por tudo ali.

Mestre dos Djinns é de uma riqueza de detalhes e criatividade que é difícil colocar em palavras. É o tipo de livro que você precisa ler e viver, porque tudo nele é importante. Dos detalhes arquitetônicos espalhados pela cidade aos mistérios estranhos envolvendo o impostor (ou será que não é impostor?) aos relacionamentos entre as personagens.

Ele não é um livro agitado, mas entrega boas cenas de ação e reviravoltas que pegam o leitor de surpresa. Apesar da principal não ter me chocado tanto, outras que apareceram no decorrer da história principal me deixaram de queixo caído.

Se eu tenho uma crítica ao livro é que o final pareceu um pouquinho corrido demais. Não a situação em si, mas como ela foi resolvida. Para a grandiosidade do momento, eu senti falta de espaço - mas não de urgência.

Resenha: Mestre dos Djinns - P. Djéli Clark

A tradução é de Solaine Chioro e ficou excelente. Os termos, as adaptações e a profundidade da narrativa do autor estão muito bem traduzidas. E a edição da Suma tá ótima também (feliz que trouxeram a capa original pra cá!).

Mestre dos Djinns é uma grandiosidade da fantasia e do mistério que merece espaço nas estantes de todo mundo que ama um pouco (ou muito) dos gêneros.

Sinopse: Cairo, 1912. Fatma el-Sha’arawi é a mais jovem mulher a trabalhar para o Ministério de Alquimia, Encantamentos e Entidades Sobrenaturais. Mas ela certamente não é nenhuma novata, ainda mais depois de ter impedido a destruição do universo no último verão. Após um assassinato envolvendo os membros da Sociedade Hermética de Al-Jahiz, irmandade secreta dedicada ao homem mais famoso da história, a agente é convocada para investigar o caso. Quarenta anos antes, al-Jahiz abriu o véu que isolava o mundo mágico ― trazendo os djinns, ou gênios, para a realidade humana ― e desapareceu sem deixar vestígios. Agora, o assassino alega ser o próprio al-Jahiz, que voltou para punir a sociedade moderna por suas injustiças sociais. Na companhia de Hadia, sua nova assistente, e de Siti, sua namorada e devota dos antigos deuses egípcios, Fatma precisará desvendar a identidade do impostor ― se é que ele é mesmo um impostor ― para reestabelecer a paz.

Título original: Master of Djinns
Autor: P. Djéli Clark
Tradução: Solaine Chioro
Editora: Suma
Gênero: Fantasia
Nota: 4


Um comentário:

  1. Estava bem ansiosa pela leitura desse livro e meio que quebrei a cara. Achei toda a construção de mundo, os djinns e aquela Cairo mágica totalmente incríveis. A agente Hadia é incrível, determinada, compassiva, inteligente. Mas o mistério sobre Al-Jahiz era previsível, a resolução foi péssima (só faltou o Scooby Doo puxando a máscara do vilão) e Fatma é uma chata insuportável. Ao invés de dar mais detalhes sobre a protagonista, sobre sua vida, sua história pregressa, ele perde tempo descrevendo a cor da risca de giz do colete que ela tava usando. Que raiva que eu passei nessas horas! 😂

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