Lançamento da Editora Alta Novel (que enviou o exemplar em cortesia pra gente), Os Devoradores de Livros parte da premissa de acompanhar uma mulher que, nascida em uma sociedade secreta de devoradores de histórias, quer se libertar das garras desse lugar hostil.
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Devon é uma devoradora de livros. Mulheres devoradoras são raras, por isso ela faz parte de um esquema de reprodução e opressão bastante firmes. Ela só pode ter filhos duas vezes, e a sociedade faz com que sejam de casamentos arranjados que beneficiem as famílias que fazem parte dela.
Devon odeia tudo isso. Principalmente quando o primeiro casamento se mostra ainda pior do que ela já esperava. Mas isso é o passado; agora, ela está fugindo. Ela e seu filho, Cai, que é um devorador de mentes - uma mutação da raça da mãe, ele precisa se alimentar de cérebros ou pode ficar descontrolado e mortífero.
Os dois estão fugindo de seu mundo, buscando uma chance de escapar da Inglaterra, onde a sociedade não pode mais controlá-los. Mas escapar das garras desses monstros pode ser mais perigoso do que esperavam.
Os Devoradores de Livros tem uma premissa e um universo muito interessantes. Eu fiquei fascinada desde que ouvi falar, e a minha expectativa em conhecer mais desse plot tão criativo foi superada. É um mundo realmente sombrio e opressivo, e é apresentado através dos flashbacks da Devon e da sua fuga interminável no presente.
Mas não muito explorado. A autora criou esse universo pra lá de criativo e único, com peculiaridades que introduz através da sua protagonista (como o fato das mulheres devoradoras só terem 2 filhos, a sociedade, as famílias, as ordens de cavaleiros que cuidam dos devoradores de mentes) e... fica por isso mesmo. Não tem uma exploração. Não tem uma profundidade. Ele só existe e a gente fica a ver navios quando ela podia ter usado esse universo para tanta coisa.
O meu segundo problema com a história foi o conjunto de personagens que a move. Com exceção da Devon, eu não consegui me importar com nenhum deles. Não senti urgência ou angústia, nem mesmo esperança, enquanto a história decorria. Sabe quando você fica muito fascinado com uma coisa, mas a execução é tediosa? Foi o caso comigo.
O livro foi bom para mim, não me entenda mal. Eu gostei dele. Do começo ao fim, é uma história pra lá de criativa e inesperada. Toma rumos surpreendentes, apresenta reviravoltas no momento certo, revela o ápice do passado da Devon da melhor maneira possível. Mas... Faltou eu me importar.
Os coadjuvantes, até mesmo o filho da Devon, Cai, não passaram nada para mim. Eles ali e eles não estando ali dava na mesma. O que acaba prejudicando até mesmo a Devon, porque, por mais que eu me importasse com ela no passado e no presente, não passava a sensação de urgência que realmente pedia.
Eu só consegui me lembrar de A Guerra da Papoula e Nona Casa, nesse caso. Não pela ambientação, que não tem nada a ver, mas pela raiva feminina que as histórias trabalham. Os Devoradores de Livros também é movida por ela, mas é tão pouco trabalhada quando importa que acaba entregando um clímax quase tedioso. Diferente dos livros que eu citei, que seguram a tensão e a raiva e nos compelem a sentir o mesmo, até que as personagens explodem e é aquele ápice de emoção.
A edição da Alta Novel tá muito bonita. Só achei as folhas finas demais. Dava pra ver as linhas da folha seguinte, e acabava atrapalhando um pouco a leitura. Gostei da tradução de Vinicius Rocha. Com exceção de alguns errinhos de revisão, o livro tá muito bem editado.
Os Devoradores de Livros é criativo em toda a sua bizarrice sombria, mas acaba pecando ao entregar personagens pouco carismáticos, o que enrosca a trama e não entrega toda a emoção que deveria entregar. Mas, ainda assim, é uma leitura bem legal para quem procura fantasias que fogem do usual.
Sinopse: Nas planícies de Yorkshire, vive uma linhagem secreta de pessoas para quem livros são alimento e que retêm todo o conteúdo de um livro depois de comê-lo. Para elas, romances de espionagem são lanches apimentados; romances são doces e deliciosos. Comer um mapa pode ajudá-las a se lembrar de lugares, e as crianças, quando se comportam mal, são forçadas a comer páginas secas e mofadas de dicionários. Devon é parte da Família, um clã antigo e recluso de devoradores de livros. Seus irmãos cresceram se alimentando de histórias sobre valores e aventuras, e Devon ― como todas as outras mulheres devoradoras de livros ― foi criada com uma dieta cuidadosamente selecionada de contos de fadas e histórias de advertências. Mas a vida real nem sempre vem com finais felizes, como Devon descobre quando seu filho nasce com um tipo raro e sombrio de apetite ― não por livros, mas por mentes humanas.
Título original: The Book Eaters
Autora: Sunyi Dean
Editora: Alta Novel
Tradução: Vinicius Rocha
Gênero: Fantasia
Nota: 3
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