A Tempestade de Ecos é o quarto e último volume da série Passa-espelhos, fantasia de origem francesa que conquistou milhares de leitores por todo o mundo. Christelle Dabos entrega pra gente um final impactante, com todas as respostas que precisávamos e com os surtos que podíamos (ou não) aguentar.
Conheça o restante da série:
Esta resenha vai ter spoilers dos outros livros, leia com cuidado!
O poder do Outro está cada vez maior. Por todos os cantos, pedaços das arcas estão despencando em direção ao vazio, arrastando consigo milhares de vidas inocentes. Ophélie e Thorn, em sua missão para impedir Deus e de entender a verdade por trás desse destruidor de mundos, estão para viver sua maior e mais tenebrosa aventura juntos.
A busca pelo desconhecido, decifrar códigos antigos, entender memórias estilhaçadas e conexões sinistras, tudo isso os move por Babel e, Ophélie, principalmente, em direção ao Observatório de Desvios, uma instituição misteriosa, regida por nenhuma lei, que estuda pessoas invertidas - e que pode ter as respostas que ela precisa. Mas, uma vez lá dentro, será que ela vai sair a mesma pessoa?
Eu pensei, seriamente, em começar a resenha assim: AAAAAAAAAAAAAAAAAAAAA. Porque foi o que eu senti no decorrer dessa leitura.
A Tempestade de Ecos foi tudo que eu pedi para o final dessa série, e mais. Christelle Dabos não economiza em surtos e em causar taquicardia na gente, como já se provou bastante especialista nos livros anteriores. Aqui, no entanto, tem essa sensação de urgência sobrecarregada a mil, o que torna toda a investigação e busca por verdades ainda mais tensa.
- Todos temos sombras que não podemos ver.
Toda a questão envolvendo Deus, o Outro, a queda dos pedaços das arcas e o que parece o apocalipse para aquele mundo é muito, muito interessante. Complexo, como todo o sistema mágico que ela construiu para essa série, mas com respostas satisfatórias e que se encaixam em todo o contexto. Conforme vamos entendendo, junto aos personagens, quem é, por que fez isso, como fez isso, as coisas fazem mais e mais sentido.
E parecem ainda mais e mais complicadas de resolver.
Tem toda uma discussão interessante sobre guerra e paz, sobre pertencimento e refúgio, sobre cultura e família nessa série. Nesse livro, em especial, fala-se muito sobre essa questão de humanidade se destruindo por questões ínfimas, causando o terror por desavenças, colapsando tudo que existe por guerras. Mas, junto com isso, também tem a parte empática, familiar, amorosa, querida, mostrando que mesmo extremos pacíficos ainda são extremos.
Ophélie está em seu ápice de força e nervosismo, especialmente depois de tudo que viveu. Não apenas as provações de A Memória de Babel, mas toda a sua jornada. A nossa protagonista é uma personagem muito bem construída, com suas falhas e pontos fortes, ciente dos sacrifícios que podem aparecer, mas disposta a tudo para impedi-los de acontecer.
Sua estadia no Observatório de Desvios é um dos motivos para termos tantas respostas, não só sobre o plot, mas também sobre a personagem. Entender Ophélie é essencial para entender essa série; entender suas fragilidades, suas qualidades, seus defeitos. Ela é tão real que, no passar desses quatro livros, se tornou muito querida. Uma amiga, praticamente. E me despedir dela foi mais difícil do que eu imaginava.
Thorn, igualmente, evoluiu tanto desde o brutamontes frio e monossilábico do primeiro livro! Aqui, ele está presente por Ophélie sempre que ela precisa - e até quando não precisa. Completamente entregue ao amor, ainda que demonstre do seu jeitinho desengonçado com emoções, Thorn se mostra um amigo, um companheiro, um marido leal.
No instante em que os braços de Thorn a acolheram, alto, baixo, esquerda e direita voltaram aos respectivos lugares. Ela encontrara, finalmente, seu ponto de referência.
E sua história também encontra as respostas que precisa e os pontos finais necessários. Junto com Ophélie, ele se despede da gente fazendo o que sabe fazer de melhor: resolver problemas.
O relacionamento entre os dois é uma das coisas mais maravilhosas que eu já tive a alegria de ler. Em A Tempestade de Ecos, é tudo um pelo outro, descobrir as coisas juntos, buscar o olhar do outro na multidão.
Nossos coadjuvantes queridos têm seus grandes momentos, importantes e imprescindíveis para as reviravoltas e situações grandiosas da história. Archibald, Berenilde, tia Roseline, Ambroise, Elizabeth. O cachecol! Todos eles vivem suas jornadas individuais, mas em busca do mesmo fim: impedir que Deus e o Outro transformem aquele universo em uma completa catástrofe. E, do seu jeito, cada um deles se mostra essencial ao final que a autora nos entrega.
"Se todo mundo fosse capaz de realizar milagres, deixariam de temer ao próximo."
A Tempestade de Ecos lida muito bem com todos os mistérios que precisou resolver, e ainda entrega um final agridoce, mas muito bem-vindo para a história que construiu desde o começo. Eu, particularmente, não poderia ter pedido por encerramento melhor.
Com um leque de personagens e antagonistas carismáticos e impressionantes, Christelle Dabos finaliza a série Passa-espelhos da melhor maneira possível. Fica aqui o meu adeus a essa história que vou guardar para sempre no coração, e um convite para você que ainda não conhece a Ophélie e o Thorn: corra conhecer.
Sinopse: O épico final da saga que se tornou um fenômeno mundial com mais de 1 milhão de cópias vendidas e a principal série de literatura fantástica francesa no Brasil! Tentando esconder seus verdadeiros sentimentos, Ophélie e Thorn embarcam em uma jornada a fim de compreender os indecifráveis códigos de Deus e a verdade por trás da misteriosa figura do Outro, cujo poder devastador está destruindo o mundo: Babel, Polo, Anima… Nenhuma arca é poupada e milhares de inocentes são arremessados contra um vazio infinito. Mas como encontrar o Outro sem saber como ele é? Se Deus tem milhares de identidades, o Outro não tem nenhuma. E a busca pelo desconhecido os leva ao Observatório dos Desvios, um instituto envolto em segredos e responsável por experimentos monstruosos. Ecos do passado e do presente indicam uma possível chave à resolução dos enigmas, mas serão Ophélie e Thorn capazes de encontrar as respostas que irão cessar a matança e a destruição, trazendo equilíbrio de volta ao mundo?
Título original: La tempête des échos
Nunca li essa série, tenho vontade de ler.
ResponderExcluirBjs
https://deliriosdeumaliteraria.blogspot.com/?m=1
Gente é sério que não vai ter um conto extra? Um epilogo? Não é possivel. Eu acabei de terminar, não concordo com as resenhas e avaliações negativas pq foi tudo feito com uma maestria ABSURDA. É só meu coração que tá partido mesmo, só mais umas páginas e eu ficaria feliz. Não consigo dar adeus
ResponderExcluirOi, Ariel. Que eu saiba, não. E acho que a perfeição tá justamente aí, acabou EXATAMENTE onde tinha que acabar, no ponto final perfeito. Mais que isso pediria por mais desenvolvimento, mais respostas, etc, e não acho que a história precisava disso. Ela deixou aquilo em aberto, mas a gente sabe com certeza no coração o que aconteceu depois, e é impecável por isso <3
ExcluirBjs!