Resenha: Ariadne - Jennifer Saint - Queria Estar Lendo

Resenha: Ariadne - Jennifer Saint

Publicado em 1 de out. de 2022

Resenha: Ariadne - Jennifer Saint

Lançamento da editora Planeta Minotauro - que enviou o exemplar em cortesia - Ariadne é releitura de uma grandiosa história da mitologia grega. Tal como os famosos A Canção de Aquiles e Circe, o molde de reconto da autora Jennifer Saint levanta críticas e tece uma nova visão sobre a história da princesa de Creta e o labirinto do Minotauro.

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Aviso de conteúdo sensível: menções a violência física, estupro e suicídio. As cenas não são descritivas e nem gráficas, mas estão presentes na história.

Ariadne é filha do rei Minos, uma princesa da grande e temida cidade de Creta. Muito se fala sobre o poder do rei, que nasce, principalmente, do medo. Afinal de contas, é ali que existe o labirinto, habitado pelo temido Minotauro. É a essa cidade que Atenas se curva, enviando sacrifícios anuais para serem lançados ao tormento do monstro.

Tudo que Ariadne conhece desse tormento, no entanto, é a injustiça. E a solidão. O monstro no labirinto é seu irmão, fruto de uma maldição rogada sobre sua mãe. O pai é um tirano frio. Ariadne só tem a companhia da irmã mais nova, Fedra, e da incerteza.

Quando a nova leva de sacrifícios é enviada de Atenas, o príncipe se destaca entre eles. Teseu, famoso por seus atos heroicos, se voluntariou para entrar no labirinto do Minotauro. E Ariadne vê nele e em seu heroísmo uma maneira de se libertar; ela é a única que pode ajudá-lo a sair do labirinto com vida. E ele é o único que pode ajudá-la a sair daquela cidade.

Resenha: Ariadne - Jennifer Saint

Assim como aconteceu com Circe e A Canção de Aquiles, essa história dá novos ares à trama de aventura e heroísmo que conhecemos da mitologia grega. O épico de Teseu contra o Minotauro, e sua liberdade através da ajuda da princesa de Creta, é muito comentado. Mas Jennifer Saint traz algumas questões.

Quão heroico Teseu realmente foi nesse mito? O que se esconde atrás dessa fachada dourada e imaculada de salvador do dia? E qual foi o caminho traçado por aquela que realmente o salvou?

Eu não poderia deixar que um homem que não conhecia o valor de coisa alguma me fizesse duvidar do meu valor.

Ariadne é um livro avassalador. Mexe com o seu emocional no decorrer da história, e insere reviravoltas nos melhores momentos para fisgar a tensão de volta. A jornada da solitária princesa de Creta é agridoce, com momentos esperançosos e outros de partir o coração.

Durante todo o desenrolar do livro, o que a narrativa mais faz é confrontar as injustiças misóginas que apareceram no decorrer da história. E de outras histórias. Através de Ariadne, a autora fala sobre outras mulheres descartadas em mitos gregos (e na História, por completo); vítimas, sacrifícios, nomes esquecidos.

Resenha: Ariadne - Jennifer Saint

Mulheres que foram usadas e jogadas longe, que sofreram destinos terríveis pelo egoísmo e vingança daqueles ocupando o poder acima delas. Homens e deuses. Ariadne é uma entre tantas vivendo na pele o descarte e a indiferença de um mundo que não a enxerga.

É revoltante acompanhar sua jornada, porque todos os percalços são causados a ela. Não aparecem de maneira natural, mas quase como uma trilha de terríveis presságios. Ariadne se entrega a uma situação, e é traída por ela. Constrói calmaria e solidão e encontra esperança só para ser arrancada abruptamente dela.

Eram as mulheres, sempre as mulheres, fossem elas aias indefesas ou princesas, que pagavam o preço.

Mesmo no fim, quando resta um suspiro de fé de que talvez as coisas caminhem para uma trilha melhor, o baque é extremo. Ariadne é uma história com um fim desesperador, mas realista a tudo que havia apresentado até então. Mitos gregos raramente têm finais felizes; aqueles que envolvem deuses e heróis e mulheres relegadas às suas vontades, principalmente.

É impossível ler e não se revoltar. E é interessante como a protagonista - e sua irmã mais nova, que ganha voz lá para os 25% da história - passam pela mesma revolta. Em ondas diferentes, de acordo com suas personalidades. Mas está ali.

Ariadne é calma, hesitante. Quando entende sobre o mundo, já foi traída por ele. É a força que move a história, desde o momento em que decide ajudar o herói. É seu fio e seu bastão que salvam Teseu do horror do labirinto. E é essa escolha que coloca Ariadne em um rumo tão desolador.

Resenha: Ariadne - Jennifer Saint

Com o tempo, essa calma e essa hesitação se transformam em determinação. E vemos o desabrochar de uma mulher forte, consciente e preparada. Mas não para tudo, porque ainda é um mundo cruel e egoísta, ainda é comandado por deuses mesquinhos e vingativos.

Fedra, por outro lado, é muito mais furiosa que a irmã. Da garotinha na praia até a mulher que conhecemos com o seu crescimento, Fedra é uma força da natureza. E mesmo a natureza não consegue resistir quando o mundo tenta quebrá-la.

A relação entre as irmãs é muito importante para o desenvolvimento. A união e irmandade que elas têm e que mantém mesmo nos momentos mais sombrios é essencial para as duas. Ariadne e Fedra são sobreviventes, à sua maneira. Elas se amam acima de tudo, mesmo dobradas às vontades de um destino que não desejavam. Próximas ou distantes, o amor entre elas é poderoso e inquebrável.

Eu me pergunto se os heróis sobre quem os bardos cantavam naquela noite sabiam, antes do seu triunfo, o que se tornariam.

O desenrolar da trama é interessante tanto para quem conhece o mito do labirinto do Minotauro, quanto para quem chega no livro de surpresa. Eu conhecia só alguns detalhes, então tudo - o que é releitura e o que é original - prendeu minha atenção.

Sabe aquele livro que cresce em tensão, mesmo quando parece que nada está acontecendo? É Ariadne. E quando as coisas realmente começam a acontecer, você não consegue respirar.

Resenha: Ariadne - Jennifer Saint

Gostei muito da edição da Minotauro, com tradução de Fernanda Cosenza. O texto adaptado para o português é lindo, uma narrativa poética digna dos maiores épicos mitológicos que poderíamos conhecer. Uma narrativa digna da história que estamos acompanhando. De uma princesa, uma sobrevivente, uma mulher.

Se havia uma coisa que eu tinha aprendido, era que a dor de um deus podia ser perigosa.

Ariadne é com certeza uma leitura que eu indico para todo mundo. Tem uma trama intensa, mistura o misticismo dos deuses e da sua presença crescente com a injustiça da mortalidade submissa e eles. Revolta e causa amargura, e termina de um jeito que deixa uma sensação esquisita no coração. É injusto. Mas não poderia ter sido diferente, com o caminho que estava tomando.

Sinopse: Ariadne, a princesa apaixonada pela luz da manhã e pela beleza da dança, cresceu ouvindo histórias de deuses e heróis. Mas essas histórias, contadas pela aia do castelo do grande rei Minos, não eram os únicos sons que ecoavam pelos corredores do palácio dourado: abaixo, muito abaixo das opulentas galerias, vindos dos cantos mais obscuros de um labirinto, os urros de um monstro demandavam sangue. E esse monstro era seu irmão, o Minotauro. Quando Teseu, jovem guerreiro e príncipe de Atenas, chega disposto a derrotar a terrível criatura, Ariadne enxerga uma saída nos belos olhos verdes do herói. Desafiando a ira dos deuses, traindo a própria família e arriscando sua vida por amor, Ariadne ajuda Teseu a matar o Minotauro. Em um mundo em que mulheres parecem ser meros peões nas mãos de homens poderosos, será que a decisão de Ariadne a levará ao final feliz que ela tanto deseja? Ou a ambição de seu amado a conduzirá à ruína?

Titulo original: Ariadne
Autora: Jennifer Saint
Tradução: Fernanda Cosenza
Editora: Planeta Minotauro
Gênero: Ficção | Releitura
Nota: 5
SKOOB


2 comentários:

  1. Oi Denise! Já havia lido uma resenha e ficado curiosa. Já imagino que vai ser uma leitura que vai me tirar do sério e da zona de conforto, então vou me preparar psicologicamente. Bjos!! Cida
    Moonlight Books

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  2. Anônimo5.3.24

    Apesar de um bom início o livro cai de qualidade e se torna bem Monótono com diálogos superficiais e um tanto teen. Da uma melhorado ao final do livro.

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