Uma das minhas últimas leituras de 2022 foi o aclamado Leitura de Verão. Emily Henry se tornou uma das autoras mais queridas de romance contemporâneo ultimamente e, claro, ganhou minha curiosidade. Hoje a resenha é pra falar sobre o que eu achei dessa leitura.
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A história acompanha January, uma escritora de literatura para mulheres que está vivendo uma crise de escrita por causa do luto. Seu pai morreu subitamente faz pouco tempo, e deixou para trás um segredo: ele tinha outra mulher. Aparentemente, a mãe de January sabia sobre isso, e nunca dividiu a informação com ela.
Além desse segredo, seu pai também deixou para ela uma casa na praia. E é para lá que ela viaja, a fim de arrumar tudo para vender o lugar - já que, com a crise de escrita, ela está precisando urgentemente de dinheiro.
Por puro acaso, January descobre que seu vizinho de deque é ninguém mais ninguém menos do que Gus Everett, um escritor famoso e bem sucedido por seus livros densos e cheios de metáforas e tragédias, com quem ela tem uma rivalidade desde os tempos da faculdade. Em uma discussão com ele, January aposta o seguinte: eles têm que escrever um livro do gênero um do outro. Quem terminar e vender o livro primeiro, vence.
Gus topa e, a partir daí, nasce uma inesperada amizade que pode se desenrolar em algo mais.
Leitura de Verão me surpreendeu bastante porque: 1) ele não é uma comédia romântica. Tem sim seus momentos divertidos, mas é, na verdade, uma dramédia. Foi expectativa falha minha, mas eu jurava que ia encontrar uma romcom daquelas farofas de Sessão da Tarde e ganhei foi lágrimas.
Mas era só uma história, e, quando apareceu um buraco no enredo, tudo desmoronou. É assim que as histórias funcionam.
Outra surpresa foi o fato de o hype ter sim valido muito a pena. Emily Henry escreve sobre escritores da melhor maneira que a gente quer ser escrito: desesperados, sem saber o que está fazendo na maior parte do tempo, batendo a cabeça contra a parede porque livros são impossíveis. Tanto January quanto Gus são ótimas representações de escritores.
Eu gostei da complexidade da January. Todos os seus dramas eram muito vívidos. Misturavam a raiva da traição do pai com a saudade do homem que ele tinha sido para ela; o luto drenando suas emoções e a situação de não ter ninguém com quem compartilhá-lo, já que sua mãe tinha se fechado em seus próprios sentimentos.
Uma vez que se aproxima de Gus, January encontra um amigo e confidente. Longe de ser aquele rival que ela havia construído, ele é, na verdade, um cara muito legal. Atencioso, engraçado, genuinamente criativo e dedicado ao que faz.
O fato de esse casal nascer do friends to lovers é maravilhoso, porque aqui nós realmente temos tempo para ver uma amizade florescendo. January e Gus se aproximam e se tornam amigos antes de deixar a atração começar a se desenvolver. E, ainda assim, é cuidadoso - porque January sabe que Gus odeia relacionamentos, e sabe que sua estadia naquela casa de praia é temporária.
Leitura de Verão traz conflitos interessantes envolvendo o emocional dos seus personagens principais. Enquanto January está vivendo a crise financeira e emocional, Gus tem seus próprios conflitos - que vamos desvendando com o passar das páginas. Em nenhum momento essas situações se tornam infantis ou são usadas para complicar a trama.
Elas servem, na verdade, de ganchos para diálogos maduros e interações profundas sobre os protagonistas.
Seus olhos não deviam ter permissão, física ou moral, para brilhar assim.
Em relação à escrita, os livros que ambos começam a escrever falam muito sobre os momentos que estão vivendo. January salta de um romance contemporâneo para um drama sobre uma família em pedaços, um exato reflexo da sua. Os momentos que Leitura de Verão dedica à escrita e ao desenvolvimento das obras ajuda a desenvolver quem as está escrevendo.
O romance, quando acontece, é divertido porque vem dessa relação de confiança e amizade que se solidificou naquele período de tempo. Mas também é quebradiço, porque pode ser que a gente não conheça todos os lados daquele casal tão bem assim.
Leitura de Verão é um romance adulto, mas as cenas de sexo são bem suaves. Não tem nada muito gráfico ou hot. São descritivas como em qualquer romance adulto, mas eu classificaria na minha tabela ace como "dá pra encarar facilmente".
Do começo ao fim, a história desses dois escritores fala muito sobre amor à histórias. Também trabalha o luto e a solidão de maneira interessante, com conversas sensíveis a respeito da vida e seus rumos inesperados. É uma dramédia ótima para quem gosta de se apaixonar e de sofrer um pouquinho com seus personagens.
Sinopse: Augustus Everett é um aclamado autor de ficção literária. January Andrews escreve romances best-seller. Enquanto ela cria seus “felizes para sempre”, ele mata todos os seus personagens. Eles definitivamente são polos opostos. A única coisa que têm em comum é que, durante três meses, vão morar em casas de praia vizinhas, ambos falidos e paralisados por um bloqueio criativo. Até que, em uma noite nebulosa, uma coisa leva à outra e eles fazem um acordo que tem o objetivo de arrancá-los da zona de conforto: Augustus vai passar o verão redigindo um livro com final feliz, e January vai escrever o próximo clássico da literatura. Ela vai levá-lo a viagens de campo dignas de uma comédia romântica, e ele a acompanhará em entrevistas com sobreviventes de um culto de suicídio (obviamente). Cada um vai finalizar um livro e ninguém vai se apaixonar. Será?
Título original: Beach Read
Autora: Emily Henry
Tradução: Cecília Camargo Bartalotti
Editora: Verus
Gênero: Romance
Nota: 4
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