Resenha: A Natureza das Bruxas - Rachel Griffin

A Natureza das Bruxas foi uma leitura que me agradou e desagradou de maneira equilibrada. A estreia da autora Rachel Griffin tinha muito potencial, e acabou não alcançando todo ele. A história de uma bruxa atemporal em um mundo onde bruxos protegem a humanidade do colapso.

Mais histórias de fantasia para conhecer:

• Reino das Bruxas, de Kerri Maniscalco
• O Feitiço dos Espinhos, de Margaret Rogerson
• Entre Feras & Flores, de Ashley Poston
• Promessas Vazias, de Lexi Ryan
• Garotas de Neve e Vidro, de Melissa Bashardoust

Na trama, Clara é uma bruxa atemporal, e está lidando com uma perda trágica. Nesse mundo, as bruxas coexistem com os humanos. E usam seus poderes de estações climáticas para equilibrar a natureza abalada pela ânsia humana de conquista e avanços modernos. Bruxas atemporais são especiais porque, diferente das outras, conseguem usar os poderes de todas as estações.

Clara, no entanto, não quer mais isso. Ela causou a morte da sua melhor amiga, e também dos pais, em um acidente ao se descontrolar. Tudo que ela quer é se livrar dos poderes que tanto tiraram dela; mas não antes da escola tentar uma última alternativa de treinamento. Porque o mundo está cada vez mais próximo do colapso, e eles precisam da bruxa atemporal para salvá-lo.

Quando a última coisa que resta é a magia, quando isso é tudo que sobrou para você se apoiar, vai aprender a respeitá-la.

A Natureza das Bruxas me conquistou pela premissa, por ser uma fantasia adulta em volume único, e pela capa. Até uns 30% do livro, as coisas estavam caminhando bem; era uma história lenta, mas cativante. A protagonista tinha dilemas interessantes, os coadjuvantes ofereciam ótimas cenas, a lore fantástica me manteve fisgada.

Mas, chegou na metade e passou dali, foi só ladeira abaixo. O plot do começo do livro continuou o mesmo até o final. A protagonista viveu os mesmos dilemas e dramas das primeiras páginas da história, sem subir qualquer degrau de desenvolvimento como personagem. Os coadjuvantes foram o que mais salvaram a história - Sang e Paige, principalmente.

A Natureza das Bruxas se prendeu demais no medo da protagonista e esqueceu que precisamos sentir a evolução da sua jornada durante a história. Não teve nada disso até as 30 páginas finais, quando a autora tirou um deus ex machina bruxo diretamente do nada. E resolveu o conflito principal, aquele que se arrastou até não poder mais, com um passe de mágica que mais pareceu lorota.

Eu estava esperando uma história mais lúdica e poética, por causa da promessa que a sinopse faz. Uma coisa muito mais sobre o inexplicável da magia, e o poder da natureza. Acabou que a parte do worldbuild desse mundo foi só... Legal. A autora perdeu tanto tempo com uma protagonista xoxa e capenga que acabou desperdiçando o mundo em que ela existia.

Clara foi, sem sombra de dúvidas, uma das protagonistas mais chatas que li em 2022. O luto e o processo de entender e viver com ele deveriam ter sido emocionantes, mas foram monótonos. O fato de o livro já começar nos contando o que aconteceu com a melhor amiga e os pais da Clara tirou a tensão e o suspense que poderiam ter sido criados em cima disso; acabou caindo naquela onda do "show, don't tell" que me irrita tanto em fantasia.

Há tantos tipos de amor quanto há estrelas no céu.

Ao contrário dela, por sorte, os coadjuvantes brilham. Paige, sua ex-namorada, é maravilhosa. Ela me representou 100% em todas as cenas, de saco cheio da estupidez da Clara e do seu egoísmo mascarado como sofrimento.

Sang, o bruxo da primavera que vem para ajudá-la na escola, é o meu amor todo. Ele é empático, entrega seu coração às situações, sempre se coloca no lugar do outro para entender o que está acontecendo; ele é a representação perfeita de uma tarde de primavera, em todos os sentidos mais positivos.

A Clara não merecia ele. Mas, quando o plot girava em torno do romance, eu conseguia suportá-la. O casal nasce aos poucos, desabrocha do estranhamento para o companheirismo e amizade. Os dois se tornam importantes um para o outro, e eu gostei de como a autora trabalhou a solidão da Clara nesses momentos. Só não gostei de como ela foi estúpida quando uma conversa poderia ter resolvido tudo.

A Natureza das Bruxas teria funcionado mais se fosse um YA.

Num contexto geral, foi um livro bom. Ele poderia ter sido espetacular, mas deixou escapar muitas oportunidades, repetindo discussões e monólogos internos em momentos que pediam por evolução e crescimento. O final é abrupto, e se pendura em uma resolução que aparece... do mais absoluto nada. O famoso "tirou da bunda".

Apesar de todas as críticas, eu ainda acho que é um livro interessante. As discussões sobre como a humanidade tem devastado a natureza em benefício próprio, e como o colapso do mundo natural é eminente, tudo isso é muito atual. Assustador, também, porque é a nossa geração e as próximas que vão viver o que o mundo capitalista deixou pra gente. Se não dermos um passo à frente para tentar salvar o que resta, não vai restar nada - como é o caso que a protagonista vive aqui.

Palavras são poder. Use-as.

A Natureza das Bruxas é um bom livro. Poderia ter sido ótimo, mas acaba escorregando em promessas e numa repetição monótona. Entrega um romance muito querido, e um final fechado com a promessa de desenvolvimento que eu gostaria de ter visto no próprio livro.

Sinopse: Em um mundo em que as bruxas controlam o clima, cada vez mais errático e perigoso, somente uma garota pode salvar a Terra da destruição. Mas os poderes de Clara colocam em risco mortal aqueles que ela mais ama e, conforme seus sentimentos pelo bruxo que a treina crescem, ela será forçada a escolher entre a magia, o amor e o planeta. Há séculos as bruxas mantêm o clima sob controle, seus poderes atingindo ápice durante a estação em que nasceram. Mas conforme as mudanças climáticas tornam a atmosfera mais errática, manter o controle fica cada vez mais difícil – e é aí que entra Clara Densmore, uma rara bruxa atemporal cuja magia se conecta a todas as estações. No outono, Clara está cansada de sua magia, que, imprevisível, ameaça a vida de quem ela mais ama. Apesar da necessidade crescente de alguém que possa controlar eventos climáticos cada vez mais perigosos, o plano de Clara é usar o eclipse solar para se livrar de sua magia para sempre. No inverno, o mundo está à beira do caos. Incêndios florestais e tempestades violentas convencem Clara de que ela é a única que pode evitar mais desastres. Na primavera, ela se aproxima de Sang, um bruxo vindo de outra escola que está ajudando-a em seu treinamento. Conforme os poderes dela se fortalecem, o mesmo acontece com seus sentimentos, e Clara teme que Sang torne-se a próxima vítima de sua magia. No verão, Clara precisa escolher entre seu poder e sua felicidade, seu dever e seus entes queridos… antes que perca tudo. Um apaixonante romance de estreia, A natureza das bruxas é uma história sobre uma mulher poderosa que deve decidir se usar sua magia volátil para ajudar o mundo vale o preço de abrir mão da pessoa que mais ama.

Titulo original: The Nature of Witches
Autora: Rachel Griffin
Editora: Sourcebooks Fire
Gênero: Fantasia urbana
Nota: 2,5
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