Gay de Família, de Felipe Fagundes, é verdadeiramente uma comédia para a família toda: farofento, divertido e sentimental. Do jeitinho que foi feito pra ser.
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Em Gay de Família, vamos conhecer Diego, que saiu de casa ainda muito novo, depois de se assumir gay e não ser aceito pela família. A única pessoa com quem ele mantem contato (mais ou menos) é seu irmão mais velho Diogo.
O que acaba se mostrando o tormento dele. Porque, quando está de saída para uma aguardada viagem para Arraial do Cabo com os amigos, acaba sendo puxado para um drama familiar: o irmão e a esposa estão a caminho de um retiro que pode salvar o casamento deles. Porém, os pais não podem mais ficar com suas crianças e, agora, ele está desesperado para que alguém possa ficar de babá no fim de semana.
E esse alguém é Diego, que faz de tudo para evitar o irmão. Mas é minado pelo porteiro, que parece odiar ele, e pela sua paixão cega por dinheiro. Basta Diogo oferecer um cartrão de crédito que os olhos de Diego brilham e ele acaba aceitando.
De bônus, ele ainda tem tempo para flertar com o novo vizinho, que tem nome de deus grego, mas odeia crianças.
Leitura sessão da tarde
É bem isso mesmo. Gay de Família é uma leitura bem sessão da tarde. Dei boas gargalhadas com o Diego, fosse na forma como ele justificava os gastos no cartão do irmão ou as mentiras que contava para os amigos, para que eles não descobrissem o tipo de família que ele tem.
O envolvimento de Diego com os sobrinhos também foi muito bom. As crianças são incríveis, engraçadas e estavam o recebendo de braços (e corações) abertos, ainda que ele relutasse um pouco.
Diego ainda carrega muito trauma pela rejeição da família e o tempo que passa com os sobrinhos, aos poucos, parece ir curando a ideia que ele tem de família. Percebe que talvez ele tenha um lugar naquela dali, mesmo que seus pais ainda sejam horríveis e ele se ressinta de seu irmão por não tê-lo defendido.
Ah, e não podemos esquecer de Suzy, que insistem em dizer que é uma gata, embora pareça desfigurada para Diego, e que absolutamente odeia ele.
Em vários momentos da leitura me peguei pensando "é assim mesmo" quando Diego estava com os sobrinhos, especialmente nas cenas da piscina e do supermercado. Eu já andei pelo shopping segurando a mão do meu sobrinho com força porque ficava com a sensação de que ia perder ele a qualquer momento, então o caos do supermercado me fez rir e concordar que era totalmente algo que aconteceria na vida real, sim!
Sobre o gay de família
Diogo é divertido, fofoqueiro, marcado por crescer na família que cresceu e um tanto maldoso quando quer. Ele vive muito bem sua vida com os amigos, ocupado apenas em falar mal das pessoas chatas em seu trabalho com Nádia, sua melhor amiga, e flertar com caras gostosos.
Apesar de ainda se ressentir muito da família, ele não pensa muito neles. E nem tem vontade de retomar o contato. Diego construiu sua vida com muito orgulho e não vai se diminuir para caber dentro da ideia de outras pessoas do que ele deveria ou não ser.
Mas seu relacionamento com Diogo ainda é abalado, porque enquanto ele não esperava mesmo que seus pais fossem aceitá-lo, ele esperava mais do irmão. E ao longo do fim de semana com as crianças, esse ressentimento vai crescendo, porque ele percebe que seus sobrinhos, tão criativos, felizes e únicos, estão sendo podados da mesma forma que ele foi.
E quanto mais Diego se aproxima dos sobrinhos, mais ele aprende a amar cada cantinho deles. O que faz com que ele se torne cada vez mais seu campeão, aquele que acredita em deixar que eles sejam quem são.
O que, de certa forma, também cura Diego. Porque aquelas crianças merecem ser amadas por alguém que não quer mudar quem elas são, da mesma forma que ele merecia.
Mas tem romance em Gay de Família?
Tem sim!
Porque Diego não ia ficar em casa só pelos sobrinhos e pelo dinheiro que o irmão prometeu. Mas também pela chance de tentar algo com o vizinho novo e gostosão.
O problema é que o vizinho, Ulisses, não gosta de crianças. Então, entre flerte e umas pegações, Diego precisa se desdobrar para garantir que o rapaz não descubra sobre seus sobrinhos.
O que se prova mais difícil do que ele imaginou, já que eles estão no mesmo andar e Silvério, um dos porteiros, está determinado a complicar a vida de Diego o máximo possível.
Embora eu não tenha gostado muito do Ulisses, toda a situação rendeu bons momentos, especialmente com as farpas entre Diego e Silvério, que não perdia uma oportunidade de tentar ferrar ele ou fazer a fachada de Diego cair. Mas, no fim, tudo acaba dando certo (pelo menos para o leitor!).
Meus pensamentos finais sobre Gay de Família
Uma história curta, muito rápida de ler e muito divertida, Gay de Família é perfeita para aqueles momentos em que queremos dar uma descansada depois de uma leitura muito pesada. Ou pra quando queremos uma distração no fim de semana que vai permitir que a gente se perca em risadas e só.
E, preciso dizer, é exatamente o tipo de leitura que o próprio Diego apoiaria. O que dizer de uma pessoa que usou a história da Anitta para colocar os sobrinhos para dormir, não é mesmo?
Enfim, só não vai gostar de Gay de Família quem é inimigo da comédia.
Título original: Gay de Família
Autor: Felipe Fagundes
Editora: Paralela
Gênero: Comédia
Nota: 5
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