Não pisque é o novo título do Stephen King que chegou no Brasil. Publicado pela Editora Suma, que cedeu este exemplar em cortesia, é mais uma história protagonizada por Holly Gibney que te fisga logo nas primeiras páginas.
Se curtiu essa leitura, vai gostar de:
A trama se inicia quando o departamento de polícia onde Izzy trabalha recebe uma carta: um sujeito avisa que vai matar quatorze pessoas inocentes em retribuição ao assassinato de um homem na cadeia. Esse homem tinha sido julgado e condenado por pedofilia, mas descobriu-se que era inocente. Agora, os inocentes vão pagar o preço pela sentença.
Do outro lado da moeda, Holly está seguindo sua vida cuidando da Achados e Perdidos. Seu caminho vai acabar cruzando com o de Kate. Autora e defensoras dos direitos das mulheres, ela está na mira de manifestações anti-aborto e de fanáticos religiosos; especialmente Chrissy, uma mulher religiosa que parece determinada a acabar com a vida da escritora.
Não pisque começa num ritmo frenético. Já apresenta seus dois grandes antagonistas, coloca personagens conhecidos em suas respectivas tramas e nos deixa acompanhar a história a partir daí.
Os núcleos de antagonismo, pra mim, tiveram efeito reverso. O do serial killer começou bom demais, mas perdeu o gás do meio pro final. O núcleo do fanatismo religioso, por outro lado, parecia monótono no começo, mas acabou ganhando tensão e contornos aterrorizantes do meio pro final.
Meu maior problema com Não pisque foi o ritmo. Eu senti que o livro se perdeu em muitos momentos, mesmo conseguindo segurar minha atenção compensando em outros. A Holly, por exemplo, pareceu mais uma coadjuvante do que a personagem principal da história. Pela quantidade de coadjuvantes e núcleos e coisas acontecendo, desviando a atenção o tempo todo, foi se tornando monótono depois de um tempo; ainda que, como eu disse, o autor tenha conseguido segurar minha atenção até o fim.
Os pontos de vista da Bárbara e da Izzy, quando não estávamos na parte da investigação, foram os que mais me deram cansaço. Apesar das histórias serem interessantes, não acho que combinaram com o clima que o livro precisava. Deram uma desacelerada na tensão, imbuindo tédio. E olha que os POV da Bárbara em Holly me deixaram vidrada querendo saber pra onde caminhariam!
Não pisque traz um discurso bem firme e escrachado sobre política, direitos civis e religião. Vi alguns comentários dizendo que o King tinha "errado a mão" em colocar tudo tão óbvio nos discursos das personagens e etc, mas na situação atual do mundo, eu acho que quanto mais ele deixar ÓBVIO que essas coisas são o BÁSICO para a humanidade caminhar em direção à evolução e não à Idade Média, melhor. O núcleo do Kate tem, inclusive, ótimas críticas ao feminismo radical.
Como eu disse, a Holly acabou ficando de escanteio. O que é uma pena, porque ela é uma personagem muito divertida de acompanhar. Queria ter visto mais dela na investigação e menos como guarda-costas. E pra uma personagem que estava tendo tantos conflitos e tanto desenvolvimento no livro anterior, nesse aqui ela acabou apagadinha pela quantidade de coisa acontecendo com todos os outros personagens.
A tradução de Regiane Winarski, como sempre, ficou impecável, muito gostosa de acompanhar. A edição da Suma também está ótima, com diagramação confortável para leitura.
Não pisque é um suspense psicológico legal, mas que pecou em alguns excessos de núcleo e deixou a desejar no fim (o que não é muito incomum do King, a gente sabe). Num contexto geral, no entanto, foi uma leitura divertida e que me manteve curiosa até o fim.
Sinopse: Em mais um romance protagonizado por Holly Gibney, Stephen King retorna com uma história que entremeia duas linhas narrativas: a primeira sobre um assassino em busca de vingança, e a segunda sobre um justiceiro cujo alvo é uma celebridade feminista. Izzy Jaynes é uma investigadora experiente de Buckeye City que, ainda lidando com traumas de ocorrências pregressas, depara-se com uma carta contendo uma grave ameaça: em breve, o texto alerta, pessoas inocentes serão assassinadas. Buscando desvendar o caso e descobrir quem está por trás disso, ela recorre à detetive e amiga Holly Gibney. Em pouco tempo, no entanto, a ameaça se torna real: uma mulher é morta de forma aleatória num parque de subúrbio, e elas têm de correr para que o assassino não execute outras pessoas. Enquanto isso, uma controversa defensora dos direitos das mulheres está em turnê pelos Estados Unidos para promover seu trabalho, mas há alguém em seu encalço que não concorda com suas ideias. Quando a perseguição começa a ficar mais perigosa, Holly Gibney é convocada para cuidar de sua segurança, mas o trabalho logo se torna um risco que ela não calculava, e a detetive se vê no centro de uma caçada assustadora. Equilíbrio perfeito entre suspense, ficção policial e crítica social, Não pisque é um romance imersivo, com personagens cativantes - e, em alguns casos, bem conhecidas do público. Costurando tramas com uma habilidade narrativa singular, Stephen King cria uma atmosfera aterrorizante, em que o horror se constrói nos detalhes e no que há de mais humano.
Título original: Never flinch
Autor: Stephen King
Tradução: Regiane Winarski
Editora: Suma
Gênero: Suspense
Nota: 3,5
Nenhum comentário:
Postar um comentário
Deixe seu comentário, sua opinião é sempre muito bem-vinda!