Mais um livro para a lista de: amei tanto que não sei resenhar. Depois de muito enrolar porque eu não queria terminar essa história e ficar sem livros da Laini Taylor, finalmente li A Musa dos Pesadelos. E essa leitura destruiu meu coração em todos os melhores sentidos possíveis.
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A resenha vai conter spoilers de Um Estranho Sonhador.
Começando imediatamente onde o primeiro volume parou, Sarai está morta. Mas seu fantasma foi salvo por Minya, e Minya está furiosa. Um embate está prestes a começar entre ela e Lazlo, que chegou até o serafim de Mesarthim e se descobriu uma cria dos deuses.
O conflito que se inicia ali entre eles, com Minya buscando vingança contra as pessoas de Lamento, e Lazlo tentando apaziguar a situação, é grandioso. E é um presságio do que está por vir. Uma das crias dos deuses quer caçar e destruir aquele que causou o massacre, anos atrás; e ela tem controle sobre Sarai, o que pode significar controle sobre Lazlo e seu poder também.
Em Lamento, a incerteza é aterrorizante. Soldados se preparam para o que pode estar por vir, e as pessoas tentam fugir antes que a fúria que repousava sobre eles agora caia sobre eles.
A Musa dos Pesadelos é um livro tão bom, tão maravilhoso, tão sombrio e terrível em sua beleza, que é quase impossível explicar todos os sentimentos que evoca. Laini Taylor mais uma vez mostra que é uma das autoras mais poderosas da literatura fantástica, com uma poesia única em sua narrativa.
O segundo e último volume dessa duologia é carregado em consequências. O que nos apresentou em Um Estranho Sonhador agora assombra cada um dos seus personagens. Esse é um livro sobre vingança, sobre amor e sobre perda.
"Então tudo acabou. Ou talvez não. Aqueles que sabem não podem nos dizer, e aqueles que nos dizem não sabem."
Os múltiplos pontos de vista que a narrativa acompanha deixam a história muito fluída, do tipo que te dá todas as nuances possíveis sobre cada situação. A Musa dos Pesadelos atravessa as escolhas dos seus personagens, e os coloca em um tabuleiro instável que pode resultar em guerra ou em paz. Tudo depende do que eles vão fazer agora.
A história em si se move sobre a incerteza, e tem uma quebra muito interessante ao nos levar para um passado até então misterioso. Lá, conhecemos Nova e Kora, irmãs que vivem uma vida terrível em um lugar cruel. Prestes a serem vendidas para casamentos, elas esperam pela chegada de uma nave e dos deuses que talvez possam salvá-las e tirá-las dali.
Mas, como já sabemos, os deuses são cruéis. E é com essa crueldade que a história das duas é partida ao meio; esperança e medo e angústia movem esse ponto do livro, e incerteza também. Não dá para saber exatamente para onde Laini Taylor está querendo nos levar com aqueles flashbacks, mas dá para sentir a crescente de importância deles.
A Musa dos Pesadelos vai partir seu coração em muitos pedacinhos. E você vai amar o livro por isso.
"Desejos não se tornam realidade. Eles são apenas o alvo que você pinta em torno do que deseja. Você ainda precisa acertá-lo você mesma."
Lazlo e Sarai seguem a paixão da minha vida. Eles são maravilhosos, únicos, tão especiais em cada cena. Lazlo e seu destemor; Sarai e seu coração grandioso. Os dois são parte um do outro, e é tão lindo o quanto o amor deles ressoa pelas páginas, pela história e por tudo que vivem.
Assim como Karou e Akiva, aqui Laini Taylor desenvolve um casal perfeito em suas imperfeições, com tantos detalhes e nuances que é quase fácil acreditar que existem em algum lugar por aí. Um deus sonhador e uma musa dos pesadelos.
Gostei muito da evolução deles dentro da trama, também. Agora que entendeu quem é, parte da cria dos deuses, com um poder que até então só um deus cruel havia carregado, Lazlo está mais forte. Mas igualmente gentil e atencioso. Ele está determinado a usar a magia que descobriu para proteger, e não para destruir.
Sarai, presa a uma forma fantasmagórica, não deixa de viver. Mesmo que seja uma vida ilusória. Ela tem Lazlo ao seu lado, seus irmãos de criação, e está pronta para confrontar Minya e se sacrificar, caso seja necessário, para proteger quem ama. Para proteger quem nada tem a ver com o horror dos deuses do passado.
"Quanto aos Seis liderados por Thakra… quem poderia saber? Talvez tenham morrido há muito tempo, talvez ainda estejam por aí, muito longe, no infinito do grande Tudo. Mas essa também é outra história."
A história é deles, sobre eles e reverbera ao redor deles. São as peças principais, mas não as únicas. Seu amor é o ponto chave da história, mas há muitos outros além dele. O romance, aliás, chef's kiss. Laini Taylor é a rainha em escrever poesia em forma de romance.
As outras crias dos deuses, até então confinadas no anjo, muito oferecem para a história. Sparrow, Ruby e Feral são maravilhosos, muito meus filhos preciosos. Os embates entre eles são divertidos, trazem um tom leve para a narrativa; Minya, por outro lado, nossa. Como a história com ela foi pesada.
Enquanto o amor de irmãos, ou o amor romântico, move a trama em direção à esperança e recomeço, Minya carrega essa história com rancor e ódio. Uma raiva tão lasciva que amedronta e também nos enche de curiosidade para saber de onde isso começou. Sabemos quem ela é, e o que viu. Mas qual foi o instante em que ela deixou de ser uma garotinha e se tornou um monstro?
Em Lamento, Eril-Fane e Azareen tem que lidar com toda a incerteza do que está acontecendo lá em cima. É a perspectiva humana de um horror que já viveram, quando os deuses ainda estavam vivos. Os filhos deles estão lá, e podem derrubar sobre Lamento toda a sua ira, como aconteceu antes.
Mas também tem a dúvida; será que eles são mesmo como os deuses de antes? Ou o fato de terem parte humana faz deles menos... monstruosos?
Além deles, outros humanos ganham destaque - e o que mais me surpreendeu e conquistou foi, surpreendentemente, o Thyon. Não esperava nada do alquimista, mas recebi um crescimento notável e uma participação essencial dentro dessa segunda parte da história. Quem diria que esse garoto ranzinza e mauricinho me faria amá-lo por uma simples ação!
"A mente é boa em esconder coisas, mas há algo que não é capaz de fazer: apagá-las. Só é capaz de ocultá-las, e coisas ocultas não desaparecem."
Não sei como explicar o quanto toda essa questão com os deuses e os humanos me estraçalhou. O ciclo da vingança é muito forte no livro, sim, e as consequências dele também. E o ciclo do ódio, igualmente. Você, assim como Sarai e Lazlo e outros personagens, busca por um ponto de paz. De tranquilidade. De recomeço.
Laini Taylor faz um trabalho brilhante equilibrando a incerteza com a eminência do que está por vir. Como ela conectou a história dos deuses aos serafins, toda a questão dos poderes e de como funcionam, toda a grandiosidade da fantasia desse mundo - e de outros - é de encher os olhos.
A Musa dos Pesadelos é uma obra prima. Outra, no caso da carreira da autora. É um fechamento (ou talvez não) brilhante para esse universo de deuses azuis, poderes grandiosos, sonhadores estranhos e musas de pesadelos sem fim.
Sinopse: As respostas aos mistérios apresentados no primeiro volume estão nesta linda história de amor e ódio, vingança e redenção, destruição e salvação – a emocionante sequência do aclamado Um estranho sonhador. Sarai vive e respira pesadelos desde os seis anos de idade. Ela acreditava que conhecia todo horror e que nada a surpreenderia – mas estava errada. Após o final surpreendente do primeiro volume da duologia, Sarai e Lazlo – o estranho sonhador – lutam para compreender os novos limites de si mesmos enquanto sofrem nas mãos de uma deusa de mente sombria que deseja se vingar dos habitantes da cidade de Lamento. Enquanto humanos e deuses temem as consequências desse embate, um novo inimigo quebra suas frágeis esperanças e os mistérios dos Mesarthim são ressuscitados: de onde vieram os deuses e por quê? O que foi feito com as milhares de crianças nascidas no berçário da cidadela? E o mais importante de tudo: ao abrir portas esquecidas que revelam novos mundos, os heróis sempre devem matar monstros, ou é possível salvá-los? Sarai vai descobrir que apenas a mais terrível necessidade pode nos mostrar nossas próprias profundezas – e ela, a Musa dos Pesadelos, ainda não descobriu do que é capaz.
Titulo original: Muse of Nightmares
Autora: Laini Taylor
Editora: Universo dos Livros
Autora: Laini Taylor
Editora: Universo dos Livros
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